Espaços Improváveis / OITOEMPONTO

O exercício criativo demarca o trabalho da OITOEMPONTO. A marca de luxo de cunho português, distinguida pela assinatura total concept. Desde a idealização do interior à harmonia do exterior de cada casa. Na criação de espaços com alma, onde o improvável e o inesperado encontram o equilíbrio perfeito. Histórias retratadas num livro apresentado, em Paris e em Lisboa, sob o título “OITOEMPONTO – Architecture & intérieurs”, as quais atravessam duas décadas de tendências revistadas por Artur Miranda e Jacques Bec, dois apaixonados pela arquitetura, pelo design de interiores e pelo Porto.

Casa Massacar

E é pelo Porto que embarcamos nesta viagem repleta de histórias contadas a duas vozes. A cidade que acolhe Artur Miranda e Jacques Bec após mais uma das muitas incursões fora de portas. Até porque, “um globe trotter gosta sempre de chegar ao seu cocoon.” Mesmo ao fim de duas décadas de carreira, a continuar por muitos anos, de uma marca que casa luxo com pragmatismo. Mas qual é a razão para a escolha do nome OITOEMPONTO? “Oito” é o número associado à sorte; “em ponto” traduz a filosofia de ambos, a qual assenta na precisão, no profissionalismo. “O nosso trabalho é o motor de criatividade”, que assenta num “entendimento pessoal” intensificado pela boa disposição. Desde o dia em que se conheceram em Paris. E embora manifestem vontades distintas dentro do mesmo trabalho, a estética é, em muito, semelhante: “Temos uma capacidade incrível de mudarmos uma peça de sítios diferentes para o mesmo lugar. É essa promiscuidade de movimentos de ideias que faz com que a OITOEMPONTO seja muito rica visualmente.”

Adega da Quinta do Pessegeiro, Douro
“Trabalhar a história para chegarmos ao melhor produto.”

No início de cada história, criada após o primeiro contacto com o cliente, a vasta equipa com que trabalham participa no brainstorming, porque o valor é atribuído ao conhecimento do representante de cada ofício. “Temos ideias muito vincadas, mas estamos sempre muito abertos ao que o fornecedor ou o artesão nos tem para dizer, devido à sua experiência.” O objetivo consiste em “trabalhar a história para chegarmos ao melhor produto” através de um “métier técnico, meticuloso que muito pouco tem a ver com gosto”, pois o gosto é tratado com pragmatismo. Uma contraposição que confere importância à qualidade e à funcionalidade em detrimento da ostentação. “Tentamos que as casas não sejam fúteis, mas sim super úteis”, daí que se assumam como “gestores de futilidades”.

Casa Corso, Porto
“Tudo o que existe dentro das casas é fruto do nosso trabalho.”

Sem o glamour associado à figura criada pela cinematografia das décadas de 1950’ e 1960’, Artur Miranda e Jacques Bec definem-se como arquitetos de interiores. “Tudo o que existe dentro das casas é fruto do nosso trabalho.” Desde a criação de um espaço concebido de raiz até ao apartamento que se quer ver “arrumado”. E “todas as cores são válidas”, desde que utilizadas na dose certa, para que haja harmonia no interior de um espaço concebido com a assinatura da OITOEMPONTO, quer seja em Angola ou no Brasil, no Reino Unido, em França ou em Itália. Ou quase todas, porque as menos apreciadas pelos clientes são suprimidas da paleta da decoração.

Casa Ócean, Porto
“As pessoas querem uma casa para viver.”

Por isso, os livros, os objetos pessoais, as lembranças trazidas de lugares improváveis fazem parte de toda uma composição complementada por peças de mobiliário e objetos pertencentes a outras épocas, porque “os olhos têm de viajar”. Mas fica sempre um lugar reservado para outro móvel, outra peça… Cerca de três semanas antes da casa estar pronta, a entrada do cliente é interdita com cortesia, pois “o backstage não se pode ver”. Chegado o dia: “Sentamos as pessoas numa cadeira e abrimos a cortina. O encanto está no resultado final.” •

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