So Far, So Close / Museu do Oriente

Douro vinhateiro inspira uma artista macaense e reinventa-se num estilo que pode ser visto e apreciado numa exposição no Museu do Oriente: “So Far, So Close”.

Uma residência artística no Douro inspirou a artista macaense Cindy Ng a experimentar a combinação de vinhos do Douro (Porto e DOC, bem visitado pela Patrícia Serrado) e vinhos verdes, com tintas convencionais para criar trabalhos onde se fundem técnicas pictóricas, mas também, influências culturais e tradições estéticas, entre Oriente e Ocidente. O resultado está à vista, no Museu do Oriente, desde 24 de setembro a 23 de outubro.

A inauguração da exposição “So Far, So Close” foi marcada por uma performance multimédia, durante a qual Cindy Ng pintou com diferentes materiais, incluindo vinho, ao som de música ao vivo, pelos também macaenses Folga Gaang Project. Esta performance está integrada na exposição, em formato vídeo. A mostra engloba 22 pinturas e uma fotografia em grande formato, um documentário sobre a residência da artista no Douro, o vídeo da performance inaugural e uma aplicação interativa, sugerindo uma “abordagem transcultural que utiliza a tinta como meio de excelência para a expressão, mas libertando-a da subordinação ao pincel e ao imperativo da representatividade“.

A peça interativa, sob o título “Spirit”, permite que cada visitante transforme uma imagem estática da exposição em vídeo – ideia original a ter de ser experimentada por si. Para tal, basta fazer o download da app (aplicação) Magic Camera, abrir a app que detecta automaticamente a câmara do dispositivo móvel e focar uma imagem na parede. O programa faz upload de um vídeo da imagem, através do reconhecimento da mesma e, após o upload, o vídeo aparece no ecrã do dispositivo móvel. Curioso, concorda?

Os mais de cinco séculos de contatos entre a China e Portugal constituem um legado cultural ao qual a artista abstracta Cindy Ng é particularmente e naturalmente sensível. Na exposição “So Far, So Close”, Cindy Ng partilha registos desta longa história de relações e intercâmbios, inspirada num olhar sobre o território português. Convidada pela empresa Greengrape e pelo produtor de vinhos Lima Smith para uma residência artística no Douro, em 2013, nas quintas da Covela e da Boavista, a artista macaense experimentou combinar vinhos do Douro, Porto, DOC e vinhos verdes com tintas convencionais. Ao longo da sua residência, foi a paisagem que mais a marcou (a quem não marca tal natureza que é arte em estado puro?). Ao observar o dissipar do nevoeiro ao longo das montanhas, junto ao rio, identificou o movimento fluido do pincel saturado de tinta. Para Cindy Ng, na paisagem, tal como na pintura, tudo é matéria pictórica. Do caos aparente das suas composições emerge uma tranquila sucessão de imagens, num jogo de oposições e complementaridades entre luz e sombra, densidade e leveza, definição e difusão.

Cindy Ng Sio Leng nasceu em Macau em 1966, viveu em Taiwan entre 1997 e 2006 e trabalha, desde 2007, em Pequim. É presidente da Macau Visual Arts Industry Association, desde 2010, e artista residente do Taiwan Grass Mountain Chateau. Para além de Taiwan, já viu o seu trabalho exposto na China, no Japão, nos EUA e Alemanha.

A visitar, no Museu do Oriente, em Lisboa. •

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© Imagem: “So far, so close”, Cindy Ng.

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