Árvores, folhas, flores, paisagens. Cavalos. Céu, mar. Pessoas. Eis o que habita os quadros da exposição de Ângelo de Sousa, o artista plástico rendido, por tantos e longos anos, à cidade do Porto, onde semeou uma Árvore, a cooperativa de atividades artísticas que acolhe a sua pintura e os seus desenhos até 15 de março de 2014.
Pintura. Desenho. Escultura. Fotografia. Filme e vídeo. Cenografia. O percurso de Ângelo de Sousa é marcado pelas artes que atravessam as décadas da segunda metade do século XX, no nosso país. Porém, é no desenho e na pintura que se reflete “Ângelo de Sousa 64-FE-66”, a exposição que incorre a uma homenagem ao artista de vanguarda e experimentalista, patente na Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas, do Porto, da qual foi um dos fundadores e na qual mostrou quadros da sua autoria, quer coletiva, quer individualmente. Composta por 36 obras cedidas por colecionadores das três exibições públicas na Árvore, datadas dos meses de dezembro, entre os anos 1964 e 1966, a exposição, comissariada por Laura Soutinho, enfoca no estudo da cor e na perspetiva técnica, uma geometria colorida que embarca na procura incessante da essência das coisas.
Introdutor do Minimalismo em Portugal, Ângelo de Sousa (1938-2011) nasce em Moçambique e, em 1955, chega ao Porto, cidade que testemunha o seu intenso trajeto traçado numa linguagem transversal no universo das artes, com particular ênfase nos filmes, pois “queria ser realizador de cinema”, segundo o filho, Miguel de Sousa. Depois de frequentar e concluir o curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, na qual é convidado como discente e, mais tarde, se torna professor catedrático integra, 1968, o grupo dos Quatro Vintes, ao lado de Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues, denominação que advém do facto de terem terminado a licenciatura com a classificação de 20 valores.
Além da pintura, Ângelo de Sousa, “um artista de referência para os artistas”, diz Miguel de Sousa, reforça o experimentalismo nas áreas da fotografia e do cinema, ambas alvo de uma exposição agendada para 10 de abril de 2014, na galeria da Fundação EDP, do Porto, e cujo curador é Sérgio Mah. Sem esquecer a escultura nem a cenografia, esta no Teatro Experimental do Porto, no seu amplo percurso enaltecido pela participação na XIII Bienal de São Paulo, em 1975, onde foi dinstinguido, e na Bienal de Veneza, de 1978; representa Portugal na XI Mostra Internacional de Arquitetura em Veneza, de 2008, com o arquiteto Eduardo Souto de Moura, e assiste à estreia do documentário “Ângelo de Sousa – Tudo o que sou capaz”, do realizador Jorge da Silva Melo, em 2010. •
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© Fotografia: João Pedro Rato com Canon PowerShot G16