Em concerto: o que foi, o que será… / Dead Combo

Continuando fiéis à nossa postura de não sermos de invejas, deixamos uma nota do que vimos ontem: Dead Combo. Só porque não foi o último concerto. Só porque quem avisa, amigo é…

Falar do que já foi sem vos dar a oportunidade de comprovarem, não cremos que seja digno de gentes Mutante(s). Logo, escrevemos umas parcas palavras sobre o que foi um soberbo concerto de um Bunch of Malandros, na Oficina Municipal do Teatro, em Coimbra, e ainda vos relembramos as datas que se avizinham para os verem e ouvirem ao vivo, atestando que as palavras serão sempre parcas no que toca a falar sobre a atuação desta malandragem. Que se revele o que foi, o que será.

Ontem, dia 3 de abril, pelas 21h30 numa sala esgotada – como todas por onde passam, pois tornaram o esgotado uma palavra transversal aos seus concertos – subiram ao palco os imensos Dead Combo, para o que seriam umas horas de olhar colado (com cola que nem líquido volátil remove) a um palco. Um duo que na bagagem trazia o seu último trabalho editado “A Bunch of Meninos” com outras roupas que não passam de moda, de álbuns há mais tempo editados. Mas… que pecado, falar já dá música sem antes focar a encenação, exemplar, para receber dois señores da música portuguesa. Tó Trips (guitarrista) e Pedro Gonçalves (multi-instrumentista) dão-nos arte, numa forma de galeria de pintura que se passeia por temas naturalistas, retratos, paisagens… que tem realismo, renascença, inspiração flamenga,… temperos de períodos áureos das artes plásticas. À galeria junta-se todo um arsenal decorativo, mais guitarras e aparelhagem de som, estando ao centro, no eixo mediano, um altar de artefactos tão sui generis e chamativo; mais ao lado, o contrabaixo do Pedro, mais atrás e ao cimo o que parece um pianinho e…

… Que se soltem as cordas que “Povo Que Cais Descalço” abria as hostes para o Nick que esperava no encalço para nos chegarem as “Miúdas e Motas“. E se três é a conta que Deus fez, só com três músicas este duo tinha já o público a seus pés, figurativamente e literalmente falando. Nos entretantos saía uma “Rodada” do “Quando a Alma Não é Pequena” para depois, num momento cénico-musical mais que perfeito, o Pedro subir para duas músicas no tal pianinho precioso a meia luz, num serenar da velocidade inicial… Que se continuem as vénias. Vem a homenagem à “Dona Emília“, sim da Galeria do Zé dos Bois e amiga, e a “Cachupa Man” que estava de tal maneira boa que Trips, de tanta e boa entrega – repare bem no movimento corporal único dele a tocar – criou uma pausa não prevista numa guitarra que até a alma entregou, levando Pedro a ameaçar contar anedotas, numa conversa solta e animada – factos verídicos. E mais uma ficha, mais uma viagem. As fichas continuam e venha o bom rum em “Rumbero” para aquecer os nossos “Lusitânia Boys” para, mais ao lado e próximos, darem acordes à flor da pele numa irrepreensível “Zoe Llorando” e da bem-vinda Simone. É gente grande em palco, não há cá meninos. Seguindo n’ “Esse Olhar Que Era Só Teu” por entre sonoridades fomos levados para um México com Mezcal e o risco de ai te cortan el pelo (histórias que só quem vai, fica a saber…) era hora de “Dos Rios“. No fim, com mais de uma dezena de musicalidades Combonianas tocadas e num fecho perfeito a música que batiza o álbum “A Bunch of Meninos” seguida de “Malibu Fair” que… obviamente os obrigou a um regresso ao palco.

Ao vivo, toda a sonoridade ganha força, tudo ganha mais forma no cenário kitsch erudito contemporâneo (sim, a mistura de termos é permitida) e são rosas, são rosas meninos! E que se faça silêncio pois Dead Combo vão sentar-se e ele há gente que não brinca, em serviço. Ora resta dizer-vos as datas que se avizinham para se renderem a uns soberbos músicos, compositores e interpretes Dead Combo:
05/04 – Centro de Artes e Espectáculos, Portalegre;
10/05 – Teatro Faialense, Horta/ Açores;
17/05 – Auditório Municipal Augusto Cabrita, Barreiro;
22/05 – Teatro Garcia de Resende, Évora;
23/05 – Teatro Municipal, Faro;
05/06 – Teatro José Lúcio da Silva, Leiria;
07/06 – Theatro Circo, Braga.
14 a 16/ Agosto – Fusing Festival, Figueira da Foz (confirmados).
Ir ver e ouvir Dead Combo é obrigatório, imperdível. Depois não digam que não avisámos. A ir! •

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© Fotografia: Carlos Gomes.