O estilo vintage define a decoração de um espaço cujo traço é dominado pela traça original. Um espaço onde apetece preguiçar, para melhor ser desfrutado por quem gosta de viajar, de partir à descoberta. Um espaço recuperado e devolvido à cidade. Ao Porto. Falamos do n.º 233 da rua do Rosário, isto é, falamos de Rosa Et Al Towhnouse, de Patrícia e Emanuel de Sousa, uma casa para todos.
Em frente à porta pintada de branco numa típica rua da cidade do Porto, tocamos a campainha e, de imediato, ouvem-se passos em direção à entrada. As boas-vindas são acompanhadas por um sorriso afável e pelo convite para nos sentarmos nos sofás instalados numa geometria rigorosa a par com cadeiras e a estante de linhas retas repleta de objetos, livros e néctares de Baco de cunho português.
Ao fundo do corredor, prolongado desde a entrada, as cadeiras e mesas vintage, aliadas ao design, confirmam, num primeiro olhar, o estilo demarcado desta casa burguesa do início do século XX com nome de flor: Rosa de Rosário, o nome da rua; Et Al, que significa, em latim, e os outros; e Towhnouse, porque é “a casa da cidade”. A explicação é dada, mais tarde, por Patrícia de Sousa, a mentora do projeto que, com o irmão, decidem reabilitar um prédio cuja arquitetura reavivasse a traça tradicional do Porto. Por fora e por dentro. A comprovar permanecem a escada central, onde os patamares têm, hoje, bancos feitos com madeira de riga original da casa, as alcovas – agora transformadas em casas de banho – e os quartos ou salas principais, “portanto não houve alterações na estrutura”. Resultado: A Rosa Et Al Towhnouse foi, há dois anos, um dos projetos selecionados pela secção regional da Ordem dos Arquitetos do norte, no âmbito do projeto Respect for Architectur, Porto 2012.
Para viajantes de charme
A ideia de abrir uma townhouse acontece em 2010. Patrícia de Sousa, economista com formação em gestão hoteleira e formadora de patchwork, e o irmão, Emanuel de Sousa, docente de arquitetura e mentor de um grupo de teatro na cidade do Porto, queriam “adquirir uma casa nesta zona, ligada ao nosso estilo de vida, às artes, a esta veia criativa”, apesar de ambos serem de Espinho, “mas temos uma ligação forte à cidade, estudámos e vivemos cá”, revela a mentora do projeto no início da conversa acompanhada por uma fatia de bolo de chocolate e um chá. Um de muitos comprados em Londres, todos expostos em frascos de vidro colocados sob a enorme mesa de madeira colocada na sala dos repastos, decorada com o mobiliário de uma cafetaria de Berlim, dos anos 1950′, entre o qual está “uma cadeira ou outra da nossa casa”.
“Este prédio foi uma oportunidade”, o ensejo de devolver ao Porto a sua traça original e a concretização do sonho de o transformar numa townhouse, uma casa recheada com o que de melhor encontram noutras cidades. O conceito advém das viagens de ambos numa aliança equilibrada com o estilo vintage que tanto apreciam e dos brunchs que lhes deixam saudades no palato. Eis uma casa de charme, de viajantes para quem gosta de viajar, de portas abertas para o mundo.
Recuperar, reintegrar. É vintage!
Nos quartos, o conceito de reintegrar alinha com a amplitude do espaço decorado a preceito, para quem aprecia um estilo diferenciado em comunhão exemplar com a originalidade do traço e o conforto, sem que não nos esqueçamos das elegantes banheiras vitorianas das casa de banho instaladas, no lugar das alcovas de outrora.
Assim espelham os aposentos o que gostam e o que não gostam Patrícia e Emanuel de Sousa, um exercício feito a dois, que culmina no que faz ou não falta nos quartos. Por isso, os hóspedes dispõem sempre de uma jarra com água e de uma garrafa de vinho do Porto, ao lado dos respetivos copos, nos aposentos, sem televisão – totalmente dispensáveis –, bem como os mimos deixados, à noite, na mesa de cabeceira, antes da hora de deitar. Detalhes que denotam o cuidado na escolha dos objetos decorativos e nas peças de mobiliário que preenchem os espaços, cantos e recantos da casa.
“O conceito foi evoluindo, porque ficamos com gostos mais apurados, mais refinados, porque passa muito pela nossa experiência e conseguimos atrair um público similar, que gostam deste perfil de casa”, justifica Patrícia de Sousa, que refere ainda as diferenças entre os quartos: “Variam as áreas e as camas, as cores e a decoração, para que os hóspedes, cada vez que vêm cá, não viverem sempre a mesma experiência.”
Experiências criadas no momento
“Já fomos escola, já fomos pensão”. E um edifício de escritórios da então Livraria Civilização cuja sinalética encontra-se exposta na sala de repastos, espaço reservado a experiências dedicadas ao palato. A começar pelos pequenos almoços, ou melhor, os brunchs, traduzidos por “momentos de qualidade”, nas palavras da mentora de Rosa Et Al Townhouse, porque “vivo consciente de que o presente é o momento”, daí a aposta na “entrega da parte das pessoas que cá trabalham”.
Mas porquê o brunch? “Tem a ver com o estilo de vida que adquirimos e a refeição que mais gostamos”, e o estilo da casa convida mesmo a preguiçar…
A cozinha é desenvolvida por ambos – Patrícia e Emanuel de Sousa – que, para o efeito, fizeram workshops de culinária, a fim de criarem eventos e jantares surpresa. Mas há um chef, que proporciona experiências no momento, para os hóspedes ou para quem deseje surpreender a família e os amigos. Na sala ou no jardim, decorado com cadeiras brancas e mesas com tampos ornamentados com os azulejos retirados da casa, e uma pequena horta de onde brotam as folhas de menta para o chá. No coração do Porto, o ponto de partida para expandir o projeto a médio prazo, dentro ou fora do país, “em cidade com as quais nos identificamos, como Lisboa, Londres, Madrid”, sempre aliado à marca promovida por ambos, a Bed & Brunch Collection, com a qual “prestamos serviços para quem pretende promover conceitos similares”. O conceito de “uma casa acima de tudo, e não um projeto de hotelaria”. •
+ Rosa Et Al Townhouse
© João Pedro Rato com Canon PowerShot G16