Fast Fusing com Dead Combo

O “Hawai em Chelas” mudou-se para a Figueira da Foz, no dia 16 de agosto, dia em que os Dead Combo eram parte integrante do cartaz Fusing Culture Experience 2014. A Mutante sentou-se com eles para um compasso tête-à-tête simples, a oito tempos.

Quando se vos é dada uma janela temporal para entrevistar os Dead Combo, não recusem. Mesmo que a janela seja apenas basculante, a de abertura mínima como bem conheceis, acreditem… este “Bunch of Meninos” consegue dar-vos uma Fast Fusing Interview, não entre “Dos Rios”, mas entre uma marginal e um mar salgado, que é uma “B.Leza”. E tudo isto, que se segue, não é triste, nem é Fado, é sim o resultado de uns mui concentrados sete minutos e alguns segundos com o Pedro Gonçalves (que deu corpo às respostas) e o Tó Trips no recinto do Fusing Culture Experience – menos de dez minutos, tempo decretado pela organização do Fusing. Hesitámos em aceitar fazer esta entrevista em velocidade Flash Gordon. Todavia, não havia Ming no horizonte e decidimos arriscar no que batizamos de Fast Fusing com Dead Combo; afinal estávamos com os Dead Combo, no Fusing e íamos falar com eles Fast(emente).

Não resistindo… “Lusitânia Playboys” posso dizer que sois vós música de fusão, no Fusing?
Sim, podes. É de fusão porque a malta faz uns cozinhados assim um bocado estranhos que, de alguma maneira, acabam por resultar. É uma designação que funcionaria.

E se houvesse fusão com gastronomia, qual o prato ou ingrediente que não poderia faltar no menu Dead Combo?
(Risos). Tinha de ser qualquer coisa boa, mas do povo… Tipo a bifana ou o prego. Tinha de ser mesmo muito boa. É isso, a bifana e uma imperial!

Na arte, qual o pintor ou movimento que poderia ser vosso?
Isso já é mais difícil! Estou a lembrar-me de vários, mas nenhum específico. É mais vasto…

Por fim, no desporto, o que seriam ou fariam? Vale tudo, até o o tiro ao alvo ou o sofá.
Eh pá… seríamos o quarto árbitro, num campo futebol e estaríamos sentados sem perceber nada daquilo, que o desporto não é connosco.

Ainda no hipotético, se fossem que nem “Putos a Roubar Maçãs”, e lembrando que já tiveram um Kid Congo e um Johannes Krieger, nos levaram a universo de Tom Waits, chamaram um Serginho para a bateria…, que estilo ou músico roubariam para uma próxima fusão?
Ui! Roubávamos uma data deles. Como o Tom Waits, que tu disseste, o Nick Cave que convidámos para este último álbum, mas ele mandou-nos dar uma volta ao bilhar grande (risos)… há imensa gente que gostaríamos de roubar para nós.

Fusing, entre outros. Proximidade com o público, sonoridade mais límpida e uma carga cénica única, é o que nos dão em teatros e salas de escala controlada. Como é que tudo isto se adapta a um festival?
Não acho que sejamos a banda indicada ou perfeita para um festival, de todo, isso creio que não somos. Há uma coisa nos festivais que é o facto de tu não puderes usar o silêncio, não há silêncios e a nossa música vive muito disso, do espaço que o silêncio cria. Por outro lado, o fixe nos festivais é fazermos o oposto, estarmos sempre a fazer barulho… é outra faceta nossa. Assim, hoje vamos ter o Alexandre Frazão, como convidado, na bateria.

Inevitável pergunta, como vêem esta (não) fusão de tantos festivais, em diversos locais, simultaneamente (quatro, num só fim-de-semana): uma demasia ou uma mais valia?
Desde que as pessoas vão, apareçam… está-se bem, é porreiro. Creio que seria mais sensato serem mais espaçados no tempo. Tens um concentrado de música num pequeno espaço de tempo e o resto do ano vazio, sem nada. Distribuir mais pelo ano… Eu sei que o verão é mais apetecível, para este tipo de coisas, mas quem sabe, arranjar algo que funcione fora deste período.

Por fim, a provocação que bem vos assenta. Não há duas sem três. Vol. 1, editado em 2004; “Quando a alma não é pequena – Vol. 2”, editado em 2006. Quando é que vamos ouvir o Vol. 3?
Por acaso houve uma altura em que este último disco esteve para se chamar Vol. 3. Não sabíamos que nome lhe havíamos de dar e “oh pá! Vol. 3, está bom, siga!” (risos), mas depois lá nos saiu um nome. Não está fora de questão, de todo, num futuro.

Após este bom e fast momento com Pedro Gonçalves e Tó Trips (quase) só para nós, foi ouvir, à noite, mais um concerto deste Bunch of [Malandros]”, que o cabeça de cartaz The Legendary Tigerman desafiou para subirem, de novo, ao palco, para tocar com ele, Paulo Furtado, mais uma música num momento a não esquecer, numa noite com um som alto, muito alto.

Dead Combo: música portuguesa obrigatória.  •

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© Fotografia: Carlos Gomes .