A Escola da Noite estreia um novo espetáculo em Coimbra esta quinta-feira, dia 25 de setembro, com o “Auto dos Físicos”.
Esta peça marca o regresso da companhia de teatro de Coimbra, A Escola da Noite, às comédias de Gil Vicente e cumprirá uma curta temporada de apenas 4 sessões para o público em geral. A partir de Outubro, o espectáculo estará disponível para escolas, mediante marcação prévia.
O “Auto dos Físicos” foi escrito e representado pela primeira vez num ido século XVI, entre 1519 e 1524. Um padre “morre” de um amor não correspondido e quatro médicos (os “físicos”) visitam-no à vez, sugerindo estranhos remédios. Brásia Dias, a comadre que primeiro o tenta ajudar, um moço transformado em (fraco) alcoviteiro e um padre confessor que compreende “bem demais” o sofrimento do seu colega completam o leque de personagens desta divertida farsa, que termina com uma “ensalada” poética e musical, com referências a outras peças do autor e a elementos do cancioneiro tradicional. A peça apresenta caricaturas de pessoas concretas – os quatro “físicos” correspondem a pessoas que realmente existiam e que o público facilmente reconhecia – mas é também, como quase toda a obra de Vicente, um retrato da corte, da Igreja e da sociedade portuguesas do século XVI, em Portugal. Se nunca viu esta companhia a representar Gil Vicente, está na hora pois fazem-no de forma ímpar.
Esta peça e o seu trazer ao palco do Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB), em Coimbra, é co-produzida com a Ordem dos Médicos, resultando do convite lançado pela Ordem para que a companhia se associasse às comemorações dos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde, que decorreram ao longo da passada semana e no âmbito das quais foi apresentada a ante-estreia do espectáculo. A Escola da Noite aceitou, e bem, com um grande sentido da responsabilidade. Ao propor a estreia de “Auto dos Físicos” para integrar estas comemorações, A Escola da Noite valoriza simultaneamente a importância intemporal da saúde e dos seus profissionais na vida das pessoas e o papel do humor e da arte na resistência às afrontas e na luta por um mundo melhor.
Como sempre, nas suas incursões vicentinas, A Escola da Noite conjuga uma abordagem cénica contemporânea (do Arquiteto João Mendes Ribeiro) com o respeito incondicional pelo texto original, sem concessões nem actualizações forçadas. Cabe às restantes linguagens postas em cena (a gestualidade, a cenografia, os figurinos, os adereços, a música) o papel de ajudar a esclarecer os sentidos de algumas palavras que, ao longo dos 500 anos que nos separam de Gil Vicente, foram caindo em desuso. Para os casos mais dificeis, existe um glossário, distribuído gratuitamente aos espectadores, que inclui também, neste caso, algumas notas sobre o contexto histórico em que o texto foi escrito e sobre as pessoas reais que Vicente imortalizou. Porque além de representar a Escola nunca deixa de ser escola e sempre nos ensina, algo novo, a cada peça.
Assim, de 25 a 28 de setembro, quinta-feira a sábado às 21h30 e domingo às 16h00, para o público geral e para o público escolar de 30 de setembro até 13 de Novembro, em espetáculos a realizar em horário diurno, mediante marcação prévia. Não deixe de ir ao TCSB e assistir ao “Auto dos Físicos”. •
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© Fotografia: A Escola da Noite.
