Para abrir o mês de novembro e sua programação, o Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, leva a palco um sucesso da Companhia de Teatro de Almada: “Negócio Fechado”.
O encenador Rodrigo Francisco adapta aquela que será, porventura, a mais aclamada peça do dramaturgo norte-americano David Mamet, que lhe valeu o Prémio Pulitzer em 1984. David Mamet trabalhou numa agência imobiliária nos anos 1960. Vinte anos mais tarde, nos chamados “anos dourados” de Reagan, escreveu “Negócio Fechado” – no original, “Glengarry Glen Ross”. Inspirada no mundo impiedoso dos agentes imobiliários que Mamet observou, de perto, a digladiarem-se por prémios de produtividade – à custa dos seus colegas, inevitavelmente – “Negócio Fechado” é uma crítica à sociedade americana sua contemporânea. Mas aquele que é considerado um dos maiores dramaturgos norte-americanos de todos os tempos soube transcender as idiossincrasias dos vendilhões de Chicago, escrevendo uma obra que assenta bem a qualquer tempo, língua ou lugar, uma obra intemporal. Nesta versão, em que a Chicago de Mamet se transforma em Almada, “os segundos são os primeiros dos últimos” – mostrando ser universal a desilusão escondida no reverso da medalha do sonho americano, que foi também, nos anos 90, o pequeno Sonho Português. Afinal foi o período de ouro não só no universo norte-americano.
David Mamet é um reconhecido dramaturgo e argumentista norte-americano, colecionando no seu currículo várias peças, filmes e livros de sucesso. Além do Pulitzer que conquistou em 1984, já esteve nomeado para vários prémios e já trabalhou com os mais ilustres encenadores, realizadores e atores da sua geração. A peça original, que estreou em 1984, deu origem ao famoso filme de 1992, realizado por James Foley e com um elenco de luxo que contou com Al Pacino, Alec Baldwin, Ed Harris e Kevin Spacey. Também esta adaptação chega ao público com uma mão cheia de grandes atores com Pedro Lima e Marques d’Arede nos papéis principais.
A linguagem de Mamet, um reconhecido construtor de enredos, distingue-se pelo ritmo quase musical obtido através de pausas, de frases interrompidas e de um inconfundível jargão realista, simultaneamente violento e poético. “Negócio Fechado” é, sem dúvida, um dos trabalhos mais reconhecidos do dramaturgo e argumentista que, depois de uma primeira encenação nos anos 80 e da adaptação para cinema, voltou aos palcos na Broadway, em 2005. Agora, um encenador português dá vida a este texto. Rodrigo Francisco explica que “o que está evidente neste espetáculo é a bolha imobiliária americana que levou à falência do banco Lehman Brothers e que os Estados Unidos se encarregaram de exportar para a Europa.”, este trabalho “exige um grande elenco, que não surge de um dia para o outro” e só avançou com o projeto depois de um grande trabalho na adaptação, para “transportar esta realidade para a nossa, portuguesa, abolir as referências americanas e apelar ao público, para pôr em prática um teatro realista.”.
No próximo sábado, às 22h00, em Guimarães, feche negócio com teatro no Grande Auditório do CCVF. A ir! •
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