Chefs ao Palco / Hotel Teatro

Arnaldo Azevedo e Arnaldo Azevedo, Leonel Pereira, Alexandre Silva, Renato e Dalila da Cunha e Francisco Gomes declamaram o melhor da cozinha, com sabores da terra e do mar, em Palco. Na cidade do Porto.

O Hotel Teatro, no centro histórico da Invicta foi, na noite de 6 de dezembro, e pela terceira vez, palco de um repasto singular apresentado, desta vez, em formato buffet, descontraído e animado, onde sete chefs mostraram a confeção dos pratos perante o olhar atento de gourmets e gourmands.

Levanta-se o pano. Eis que surge um naipe de produtos que protagonizam os amuse bouche e os pratos dos chefs. Começamos pela ostra e pelo caviar beluga de Arnaldo Azevedo (filho), o chef do restaurante do Hotel Teatro habituado, desde cedo, a escolher o melhor do mar e da terra, para presentear o palato dos comensais com experiências à mesa. O lavagante, acompanhado pela trufa negra e pela couve-flor, foi o eleito para o prato principal, a sopa.

Pelo norte continuamos, desta vez com a salada de búzios com molho de vinagrete do chef Arnaldo Azevedo (pai), do restaurante Toca da Formiga, em Ermesinde, de portas abertas há mais de três décadas e com uma cozinha tipicamente portuguesa, servida com apreço no prato composto pelo pargo e pelo lingueirão.

Em terra abasteceram-se a dupla Dalila e Renato Cunha, do mui trendy Ferrugem, em Vila Nova de Famalicão, a qual apresentou uma combinação inusitada de orelha de porco com carabineiro e um molho aioli de alho assado, lima e pimenta sichuan. No prato fizeram as honras a lebre, a feijoca e os cogumelos.

Do mar saíram também os ingredientes que compuseram o amuse bouche de Alexandre Silva, o chef do Alexandre Silva no Mercado e do Bica do Sapato, ambos em Lisboa, elaborou um carpaccio com camarão, fígado de tamboril e cebola, para começar, e o pargo com a vieira, que traduziram o melhor da sua cozinha.

Do sul, Leonel Pereira, o chef do São Gabriel (1 estrela Michelin), em Almancil, acompanhado pelo seu braço direito, João Pedro Veiga, levou a cavala e a beterraba para compor o amuse bouche, seguido de um prato representado por wagyu (carne de vaca japonesa) e foie gras, com puré de maçã e uma iguaria feita com batata-doce, uma combinação de sabores memorável.

Por fim, a sobremesa que tão bem poderia ter iniciado o repasto da noite, no Palco da Invicta: Sopa do dia, ovo a cavalo e o pudim Abade de Priscos. Que tal?

As iguarias de açúcar de Francisco Gomes, o chef de A Colonial, uma das confeitarias fundadas nos anos 1960’ por Joaquim Pereira Gomes, o seu avô, em Barcelos. e Algo… by Colonial, no Mercado do Bom Sucesso, no Porto, são de “fazer crescer água na água”, pela criatividade e pela combinação de sabores, dois pontos fortes que marcaram presença em todas as criações dos chefs da 3.ª edição do Chef’s ao Palco. Mas as travessuras de Francisco Gomes não ficaram por aqui, até porque falta a explicação ou não fosse a sopa do dia composta por frutos e uma calda de fruta que poderia – ou não – ser seguida pelo ovo a cavalo composto pela “batata frita”, o “ovo estrelado” e o “bife”, sendo este um bolo de chocolate.

Por sua vez, do mil folhas resta a descontrução acompanhada por um gelado de morango “de comer e chorar por mais”, assim como doa tarte de limão ou do pudim de Abade de Priscos, com framboesas, “a minha visão de como deve ser feito”, diz-nos Francisco Gomes, que apresenta ainda a sua volta ao mundo, com macarrons de várias cores e sabores, um deleite que aprendeu a fazer há 15 anos, em Paris, o telhado de sua casa e outra sobremesa criada a duas mãos.

“Todas as ruas vão dar ao mar”…

… já diz o velho ditado que, por breves instantes, interrompe o repasto, pois foi “à beira” da praia de Angeiras, no mercado local que, na manhã de sábado, se aviaram os chefs para o repasto da noite, no qual o mar foi o prato forte para deleite dos comensais.

Búzios, camarão da costa e fígados de tamboril – o “foie gras do mar”, como lhe chama o chefe do Palco, Arnaldo Azevedo – foi o resultado das compras nesta aldeia piscatória de Matosinhos, onde a sabedoria dos protagonistas da noite – de cinco, pelo menos – foi posta à prova.

E a prova traduziu-se na mestria de sete chefs – e sub-chefs – e no quão aprazível é a alta gastronomia.

No fim, todos foram ao Palco, para agradecer a presença de felizes comensais e brindar à troca de experiências e à partilha de saberes. No cénico Hotel Teatro. Brindemos!

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© Fotografia: João Pedro Rato