DATA space / Espace Louis Vuitton

O Espace Louis Vuitton Paris continua o seu caminho na experimentação e estudo da arte e da linha/fio. Para tal, a Louis Vuitton convidou a artista plástica Alice Anderson a inspirar-se no próprio Espace para criar uma exposição única: “DATA space”.

Nesta era digital global onde as nossas memórias são, quase sempre, armazenadas externamente, ou desligadas do nosso corpo, Alice Anderson acredita que é absolutamente vital desenvolver um processo adicional de memorização. A intuição de Anderson, que a revolução digital irá revelar-se tão fundamental para a memória humana, como foi o advento da escrita, levou-a a criar um conceito de “gravar o presente” usando fios de cobre. Com este material, ela cria uma nova relação física com objetos e espaço.

Alice-Anderson “Elevator and cables”.

Fio de cobre está imbuído de um forte simbolismo. A sua condutividade facilita conexões, à semelhança dos neurotransmissores no cérebro humano. A sua luminosidade é hipnotizante e uma reminiscência do poder fascinante que tem o fogo. A sua musicalidade nasce do desenrolar do fio nas bobinas, que ocorre durante as performances de “tecelagem”, convidando para uma dança com o invisível. O cobre, aqui, chama naturalmente para a preservação de objetos, mantendo-os na memória.

Alice Anderson desenvolveu sua própria técnica “tecelagem” do cobre, o que implica o enrolamento do fio de cobre, indefinidamente, em torno de objetos selecionados durante uma performance onde se assiste a um “ritual”/ método semelhante. Anderson trabalha descalça, isoladamente ou em grupo, repetindo a ação, que nunca é a mesma. O fio de cobre torna-se uma extensão do seu corpo. Como num ritual primitivo, em torno de fogo, esta performance é uma experiência compartilhada onde todos estão convidados a tecer a sua própria identidade dentro deste movimento universal. No final da apresentação, o agora “objeto mumificado” revela-se como uma escultura. As micro-tensões, imprevisíveis dentro do fio, por vezes, continuam a distorcer e o movimento espalha-se ao redor da forma, modificando-a.

Alice Anderson “Floorboard diagrams”.

Para “DATA space”, Alice Anderson quis gravar dados relacionados com o Espace Louis Vuitton Paris medindo determinadas dimensões da sua arquitetura. Tábuas de madeira foram rearranjadas para formar novas formas geométricas, arredondadas, como se diagramas fossem das dimensões físicas, gravadas em 3D pelo fio de cobre. As clarabóias da Rotunda foram remodeladas em aço e, posteriormente, tecidas com fios de cobre; combinadas, formam uma dança, única que é dada pelo cobre e o modo como foi tecido, nas pressões que exerce. O elevador foi transformado num paralelepípedo simples e, pela primeira vez, os visitantes poderão ver os cabos do elevador, o seu esqueleto, o esqueleto de uma arquitetura… em tantos mais momentos expostos do Espace Louis Vuitton. Ao longo da exposição, os visitantes são convidados a descobrir as performances durante as quais estas obras de arte únicas, cristalizados no tempo, foram feitas. Uma exposição imperdível.

Alice Anderson “Skylights”.

Não há nenhuma espécie de nostalgia na abordagem de Anderson, mas sim um desejo de criar novas cápsulas do tempo e o movimento constante. É o reflexo de uma busca incessante por novos pontos de referência. Se estiver por Paris, é uma exposição a visitar desde 5 de Junho até 20 de Setembro. A ir. •

+ Espace Louis Vuitton (60, Rue de Bassano 101, Avenue des Champs-Élysées, Paris)
© Fotografias: Pauline Guyon ( Fotografia de destaque “Lighting tracks”).

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