Eis que Serralves se prepara para receber a primeira exposição do ano com Wolfgang Tillmans “No Limiar da Visibilidade”. A fotografia como arte para ser visitada.
O Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta, a partir de 30 de janeiro, a exposição de Wolfgang Tillmans – 1968, Remscheid, Alemanha -, um dos mais reputados fotógrafos contemporâneos, nome obrigatório. Em 2000, Tillmans tornou-se o primeiro fotógrafo e artista não britânico a receber o Turner Prize, um dos títulos mais prestigiados e desejados da arte atual.

© Wolfgang Tillmans, Fire Island, 2015
Para a sua estreia em Portugal, Wolfgang Tillmans presta especial atenção ao que descreve como as suas “Paisagens Verticais” – fotografias dos fenómenos naturais da luz quando o dia encontra a noite, o céu encontra a terra, a nuvem encontra o céu. Momentos únicos do que nos envolve, retratados de forma singular. Datadas de 1995 ao presente e impressas em escalas que vão das dimensões fotográficas mais estandardizadas à expansão panorâmica de quatro metros, as fotografias são o espelho do “potencial expressivo do apurado formalismo visual de Tillmans e o compromisso do artista com a fotografia tão inerentemente físico quanto imaterial. Na sua beleza perturbadora, produzida em parte pelos avanços técnicos dos fabricantes de câmaras, em parte pela insistência dos fotógrafos em permitir que esses avanços se vejam, criam um desafio aos cânones do “cool”, dominante na cultura visual dos nossos dias“.
A exposição será site-specific, respondendo ao contexto arquitetónico particular da sua apresentação no Museu de Serralves e à inclusão de novo material fotográfico.”Aludirá também a noções de ‘universal’ através da omnipresença do céu e da água, em que emergem vislumbres do corpo humano e de determinadas situações e lugares sociais, naturais e arquitetónicas de todo o mundo“. Assumindo a forma de intervenção visual e arquitetónica em 1000 metros quadrados de galerias no Museu de Serralves, juntamente com uma sequência de instalações de obras em vídeo recentemente produzidas, a exposição promete ser um ambiente imersivo de estados liminares, um mergulho no olhar e na imagem de Tillmans que não vai querer perder.

© Wolfgang Tillmans, Sea of Japan, 2015
Desde que estabeleceu a sua reputação entre a juventude e a cultura dos clubes da Londres dos idos anos 1990, Tillmans tornou-se um dos artistas mais influentes e reconhecidos do nosso tempo. A sua exploração contínua da fotografia enquanto meio para comunicar a realidade inspira e emociona, inevitavelmente, no seu assombro e na sua inteligência. “Para Tillmans, a realidade não é apenas visual, social, económica e política, é também orgânica, corporal e fenomenal, dos corpos de amigos e familiares às constelações de cidades e plantas, às galáxias celestiais de céus noturnos e às abstrações sublimes criadas a partir do impacto da luz no próprio processo fotográfico“. E tudo isto se sente, se tem a cada fotografia observada. Se o meio fotográfico e os seus processos constituem a base da obra de Tillmans, o compromisso do artista com o lugar e o uso coreográfico do espaço e da escala constituem um mundo no qual imagens de pessoas ou lugares e registos de luz de cariz objetual são parte de um todo físico e cósmico.

© Wolfgang Tillmans, La Palma, 2014
Breve suma sobre o artista: Wolfgang Tillmans completou os seus estudos de Belas-Artes no Bournemouth and Poole College of Art and Design em Bournemouth, RU. Exposições do seu trabalho estiveram patentes no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque (2015), na Beyeler Foundation, Basileia (2014), na Kunsthalle Zürich, Zurique (2012) e no MoMA PS1, Nova Iorque (2006). Retrospetivas da sua obra foram organizadas pelo Moderna Museet, Estocolmo (2012), pelo Museum of Contemporary Art of Chicago (2006) e pela Tate Britain, Londres (2003). Em 2014, Tillmans participou na Bienal de Arquitetura de Veneza, comissariada por Rem Koolhaas, com a sua obra Book for Architects. A partir de 2006 organiza o espaço sem fins lucrativos Between Bridges, primeiro em Londres e desde 2013 em Berlim. Tillmans foi distinguido com o Ars Viva Prize, Alemanha (1995). Em 2000 tornou-se o primeiro fotógrafo e artista não britânico a receber o Turner Prize. Em 2015 foi galardoado com o Hasselblad Foundation International Award de fotografia, Göteborg Museum of Art, Suécia (2015). Vive e trabalha entre Berlim e Londres, onde é membro simultaneamente da Akademie der Künste e da Royal Academy of Arts.
A exposição tem inauguração marcada para dia 29 de janeiro pelas 22h00 e estará patente de 30 de janeiro a 25 de abril de 2016. A não perder, em Serralves. •
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