“10 bandas, 10 histórias, 10 anos de música portuguesa“. O Festival Bons Sons há uma década nos bons caminhos da cultura nacional, há uma década a confirmar que fora dos grandes centros urbanos é possível existir e ser cultura.
Sempre a primar por cartazes com alinhamento bem calibrado, da música com selo português, para a edição de 2016 – que será ainda mais festiva, naturalmente – a organização do Festival convida, e bem, dez sonoridades que foram presença em edições anteriores e cujo percurso os torna, na atualidade, nomes de referência. São dez nomes que vão voltar a subir aos desejados palcos da Aldeia de Cem Soldos, em Tomar, para reviverem experiências, vivências e todos eles, claramente, com uma evolução sentida no seu percurso musical. Cresceram e o Bons Sons também. Assim, o Festival bem português de verão levará a Cem Soldos, no próximo agosto, os seguintes nomes:
De 2006, recuperam-se os sete Desbundixie – uma das vertentes mais animadas do jazz, num concerto que se espera ser de diversão assegurada.
Viajando até 2008, a estreia dos bem sucedidos Deolinda, a jovem promessa da altura que se fazia ouvir com o êxito “Canção ao Lado”, e que hoje, com o seu quarto álbum de originais – editado este 2016 (aqui) -, são uma presença obrigatória na história da música portuguesa. Ainda no mesmo ano, os Kumpania Algazarra tomaram de assalto as ruas de Cem Soldos com uma genuína e singular arruada, tricotada através do seu rendilhado de culturas; com eles regressam ao Bons Sons os ritmos africanos, árabes e dos balcãs misturados com ska, funk e hiphop.
Avançando para 2010, a eleita é a voz de Lula Pena que continua, sem esmorecer, a ter o seu fiel público nos seus raros concertos. Na sua ida passagem por Cem Soldos, o espaço mostrou-se ser curto para o número de público que quis ouvir Lula Pena, mas eis uma nova oportunidade de sentir e viver, bem de perto, suas notas musicais. O ano de 2010 foi também tempo de Danças Ocultas que, desta feita, levam ao Festival os seus sons encorpados com a Orquestra Filarmonia das Beiras numa vontade de partilhar a “Amplitude” com um novo e maior público.
Assentando arraiais em 2012, temos de trazer à tona Joana Sá, que na altura apresentou peças de John Cage e que, agora, volta a ultrapassar os limites (se houver limites para músicos de mão cheia) de uma pianista clássica com o “Elogio da Desordem”, peça onde procura um discurso musical inusitado no qual irrompe, ocasionalmente, a palavra com textos do grande Gonçalo M. Tavares. Este mesmo ano de 2012 marcou também o início da parceria de programação com a Musica Portuguesa A Gostar Dela Própria (MPAGDP) de Tiago Pereira – que tem feito um trabalho curiosíssimo de recolha das nossas sonoridades, por todo o nosso Portugal – e, no âmbito desta colaboração, os conimbricences Birds are Indie foram uma das bandas que foram chamados a “rezar”, ao seu estilo de reza, na igreja de São Sebastião – este 2016 levam na bagagem o novo trabalho de originais (aqui) a ser editado no próximo dia 10 de março.
Parando para saborear o ano de 2014, A Sopa de Pedra foi generosamente servida pelas vozes à capella deste grupo feminino de canções de raiz tradicional; depois de um concerto inesquecível e carregado de simbologia há dois anos, as vozes harmoniosas destas mulheres voltam a Cem Soldos e voltam, também, os Lavoisier aliando a voz e a guitarra eléctrica à reinterpretação da música tradicional portuguesa, trazendo-a até nós com uma curiosa e nova linguagem musical.
E 2015 foi o momento que, a bem de todos, o Bom Sons passou a ter edições anuais iniciou-se e por lá passaram nomes como D’Alva numa memorável atuação e que regressa este 2016 para continuar a consolidar caminhos. “São duas mãos cheias de história, de música portuguesa fervilhante e de experiências únicas que partilhamos todos – aldeia, músicos e público“. Pela vivência, pelo cenário, pela organização, pelo elogio à música portuguesa, pela música, este é o Festival que deve ter na sua agenda.
https://www.youtube.com/watch?v=1LMN0X6Q5k4
“Propositadamente repetidos, são estes os primeiros nomes do BONS SONS 2016” e eis todos alinhados, numa suma esquemática:
Desbundixie (2006).
Deolinda (2008).
Kumpania Algazarra (2008).
Lula Pena (2010).
Danças Ocultas (2010) + Orquestra Filarmonia das Beiras.
Joana Sá (2012).
Birds Are Indie (2012).
Sopa de Pedra (2014).
Lavoisier (2014).
D’Alva (2015).
O Bons Sons’16 decorrerá de 12 a 15 de agosto em Cem Soldos, Tomar e é não perder. •
+ Bons Sons
© Fotografia: Carlos Manuel Martins.
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