“The Wolf and the Rose” / a Jigsaw & Marionetas da Feira

“The Wolf and the Rose”. Dugan é Lobo. Francisca é amada. A Rosa é… amor. Depois há a Cobra e um Pássaro. Personagens que habitam no mundo criado por a Jigsaw e Marionetas da Feira. Um mundo de lendas que mergulha lá longe na história onde magos e santos eram senhores de histórias contadas e que se enxuga em todas as influências que preenchem o pensamento.

Para desmontar, um pouco apenas, esta peça criada de forma única e superlativa, sentámo-nos à conversa com dois maestros enquanto outros dois iam avançando com as artes para os dias próximos.

No Lobo medieval, o de Gúbio, há o Lobo e há São Francisco. Há a aldeia que se sente ameaçada. Há a conversa de São Francisco com o Lobo. Há a paz conseguida entre um Lobo, uma aldeia e seus homens. Depois, há algo que vem de um Spies, de um Marlowe e que bebe em Goethe. Há a doce tentação de vender a alma ao diabo para conseguir algo mais, do homem que luta entre uma religiosidade medieval e o progresso do humanismo quinhentista, em “Fausto”. E há tanto mais, tanto que faz parte da construção do existir de cada um que constrói este mundo imaginário, no tempo.

Porquê, especificamente, esta lenda de São Francisco para inspirar quatro criativos? É uma paixão, assumida, pela figura do Lobo? 
João Rui (JR): Tudo começa pelo principio, (risos), pela altura em que conhecemos o Rui. Estávamos nuns bastidores e preparávamo-nos para dar uma entrevista a um canal de televisão. Na altura, eu e o Jorri estávamos a apresentar o “Like the Wolf” e o Rui um espectáculo de marionetas chamado… Ajuda-me…
Rui Sousa (RS): …“Fios de música”…
JR: (Risos). Próxima entrevista já sei isso de cor. Nessa altura, achei muito engraçado a ideia das marionetas e falámos de um dia usar esse tipo de linguagem, com as marionetas, num trabalho conjunto com o Rui, para um vídeo ou algo do género. Logo ali, o Rui também gostou da intenção e começámos, assim, a falar e a trocar ideias de uma peça com um lobo. Foi um “olha, fica aqui prometido!”, mas uma promessa…
RS: E porque a capa do “Like the Wolf” tinha umas raízes que eram pessoas, que tinham fios, que manipulavam bonecos.
JR: (Risos). Bem visto, bem lembrado! Mais tarde, aquando do “Drunken Sailors and Happy Pirates”, e sempre com esta ideia de fazer alguma coisa com o Rui, quisemos criar um vídeo com as marionetas, em particular com o Dom Roberto, já que, numa música, estávamos a falar do nosso Zé do Telhado – “Rooftop Joe”. Foi nesse momento que se concretizou, pela primeira vez, esta nossa associação, que começou naquele dia, naqueles bastidores. Fomos sempre falando de uma peça e isso, talvez por esse facto, de termos estado ali a trabalhar, mais em conjunto e para um objectivo comum – já não ser só o vago – tornou-se cada vez mais premente a necessidade de começarmos a colocar no papel uma história original.
Depois, foi através de um cem número de conversas que chegámos a esta história, que passou por várias fazes, e uma delas, com o entrar de uma das lendas medievais que nos chega ainda bastante presente, a lenda d’”O Lobo de Gúbio” na qual decidimos, então, assentar parte da ideia, ou tomar por ai a construção das ideias. Todavia, nossa história acaba por fugir bastante da história d’”O Lobo de Gúbio”, claro.
RS: Só foi mesmo inspiração, nada mais. O assunto maior, retirado da lenda, foi a particularidade de um homem conseguir domar um lobo, o amor de um homem por um animal – no nosso caso é uma mulher que ama um lobo – é o embalar do lobo. São Francisco o que faz é domar o lobo através da palavra, não o agrediu, nada lhe deu em troca. É o amor, sem saber quem é o Lobo, nesta história.

Depois da transpiração e da inspiração, vem o original. Francisca por ser o feminino de Francisco, procurando ser a memória da lenda que está na origem? 
JR: Nem mais. A Francisca é a ligação a São Francisco.

Dugan é um nome gaélico que deriva de Dubhagáin e que significa “escuro” ou “negro”, tendo as suas origens no século XII. Há relação com a raiz do nome, ela justifica a escolha?
RS: Tentando desmontar o que dizes e justificando o sim. Com novas as tecnologias podemos gerar nomes para personagens, que é algo fantástico. Desenvolvi uma pesquisa e o interessante das pesquisas hoje é que emitem um lista de nomes dos quais tu, posteriormente, é que tens de tirar as conclusões e o que representa esse nome. Aqui, não podia chamar John a este personagem e então surgiu esse nome aquando da procura por nomes ingleses antigos, não os correntes, e tinha tudo a ver, o seu significado.
Coincidência, ser também medieval?
JR: Sem dúvida. Apesar de termos esta génese, ou ideia, a ser baseada numa lenda medieval, tentámos criar e manter a peça num tempo sem tempo, Não queríamos estar presos a nenhum período específico, embora este nome remeta também para o período da lenda. Está num tempo do nosso imaginário.

A Rosa. Não querendo, mas já o fazendo, esticando a corda nas associações e inspirações, podemos justificar a flor pelo que ela representa quando o sentimento é puro e bom?
JR: A Rosa, neste caso e em boa verdade, quando começámos a trabalhar na peça, não era uma rosa…
RS: … Era só uma flor que ele, Dugan, deixará para a sua amada. Ainda não tínhamos definido a flor. Depois, a Telma – colaboradora das Marionetas da Feira – deu o mote, apelando que era o ideal, porque se tinha falado da flor que se transformaria num manto e, no manto, éramos confrontados com a dificuldade de transformar um pequeno volume num grande volume. Ela deu a ideia de ser a rosa a transformar-se, enviou-nos uns tutoriais de como poderia ser a transformação e optou-se pela rosa, flor antiga na história, e na altura falámos, sim, do que ela simbolizava, era a flor do amor, da paixão.
JR: A rosa é universalmente aceite nesses termos, creio.

Continuando com personagens, a Cobra. Pecado original, é o demónio representado, o Mefistófeles inimigo da luz, alusivo ao que sussurram da vossa inspiração no quinhentista “Fausto”?
RS: É verdade, também chegámos lá, ao “Fausto”.
JR: Sim. Poderá não ser directamente ele, mas quando pensamos num pacto com o diabo, a cobra permite a associação e é com ela, com o diabo, que Dugan faz o pacto. Representa-o e o mais próximo será o Mefistófeles, representando o acordo.

Pela peça anda um pássaro. Que nos traz ele no seu voo?
JR: À medida que a peça ia sendo escrita, com o Rui a ir lançando as sinopses de cada acto, de como é que eles iam fazer os movimentos, eu tinha de ler através desses movimentos e pensar como é que íamos contar o que eles estavam a fazer com os movimentos. E o pássaro aparece nesse processo, do como contar com a lírica. Dugan está ferido, longe e perdido na batalha e ela quer saber notícias dele. A ideia era que o pássaro, que na altura ainda não era um melro, lhe pudesse emprestar algumas de suas penas para que ela pudesse voar com as suas palavras e saber notícias do amado. Mais tarde, foi escolhido o melro por toda a imagética que tem em termos de lenda.

Em Gúbio, terra onde habitou São Francisco, relata a lenda que é a palavra de Cristo que acalma o Lobo. Em Fausto, nem Margarida salva o homem do pacto com o diabo. Há, quase sempre, mensagens que estão nas entrelinhas das histórias. Que mensagem poderá passar esta história aqui contada?
RS: Há várias intenções. Primeiro, uma forma de desmitificar a perda, o sofrimento, a dor e a morte, embora ele vença a morte, mas é um desmitificar de tudo isto. Segundo, o desmitificar do lobisomem, (risos), mostrando que é apenas uma maldição. Quisemos trabalhar os medos e as maldições e o porquê dos mesmos. É o contar de histórias sem ter de ser tudo colorido, com fundo azul, com nuvenzinhas, um cãozinho e papagaio… Nós contamos uma história para a família em tons castanhos e pretos, e a mensagem talvez seja a de estarmos a levar-vos para um mundo mais negro com um final feliz, que não com confettis, mas um passeio dos amados por todos os seus espaços em paz. Não queríamos ser, só e apenas, um comum conto de fadas.
JR: E nesse negro, há recursos bíblicos, através das canções onde é, inclusive, aflorado o apocalipse, na parte da grande tormenta, mas, como disse o Rui, no final, o bem triunfa sobre o mal, o amor impossível perdura. A mensagem, nestes moldes, é tudo o que as pessoas podem experienciar durante a peça.
RS: É o entender que podemos ter outras linguagens que não as mais vistas, conhecidas e comercializadas, mas onde tudo se percebe, da música ao movimentos dos bonecos.

Enredo. Música. Cenários. Duas equipas ou uma equipa? Como se constrói um projecto assim, multidisciplinar, de músicos e marionetistas?
JR: É uma equipa. Nunca duas. Somos apenas uma equipa a trabalhar para o mesmo e isso facilitou todo o processo. Obviamente, o arquiteto não tem de ir colocar o tijolo no sítio, quando muito tem de estar lá e dizer “isso não era exactamente assim”. Nós fizemos esse tipo de trabalho, em grupo, onde cada um ia revelando parte, acrescentando algo, tirando outro, sugerindo ideias. Foi assim que se chegou ao trabalho final. Claro que uma equipa é feita pelo esforço individual de cada um que resulta, no todo, num trabalho global.
RS: Tentando ser sucinto, na distribuição de taferas. Existe o João Rui que compõe e que dá voz aos personagens, e através do que ele ia contando eu ia reformulando movimentos, por exemplo. Eu dei as faces, os ambientes. O Jorri orquestrou tudo. É ele que a dado momento diz, por exemplo, que a Francisca podia tocar harpa. Respondi que não tinha harpa e só lhe saiu “então faz uma”. (Risos). O Alberto, nos cenários. Há dois anos, eu tinha uns cenários que todos achávamos maravilhosos e dos quais apenas restam alguns pormenores, metade já ardeu na lareira porque o Alberto disse que tínhamos de fazer umas consolas especiais, com luz incorporada e inclinação para o público ver melhor. Somos duas equipas diferentes a trabalhar, o ano inteiro, nos seus projetos individuais – uns em concertos, outros nas marionetas. Mas aqui, quando nos juntamos, deixamos de ser duas equipas e passamos a ser uma só, onde ninguém é maestro e todos somos argumentistas com diferentes funções em palco. Trabalhamos os quatro para um único fim.
Todos constroem a peça, mas cada um desempenha o seu papel nela…
JR: É isso, não dá para ser mais simples.

Primeiro, uma forma de desmitificar a perda, o sofrimento, a dor e a morte, (…). É o contar de histórias sem ter de ser tudo colorido, (…) contamos uma história para a família em tons castanhos e pretos, e a mensagem talvez seja a de estarmos a levar-vos para um mundo mais negro com um final feliz, (…). Não queríamos ser, só e apenas, um comum conto de fadas. É o entender que podemos ter outras linguagens que não as mais vistas, (…), mas onde tudo se percebe, da música ao movimentos dos bonecos.”

Há, na cenografia vs figuras uma distinção, se bem me recordo do que vi, no ensaio. Cenário mais monocromático, figuras com texturas e alguma cor, a rosa, que sobressai e a preocupação com a luz. Quais as preocupações no cenário e nas marionetas?
RS: Colocando as ideias em três prateleiras diferentes. Primeiro, os bonecos. O Lobo é lobo, é algo escuro, mas se vires de perto é preto, cinzento, castanho. É pardo com tachas metálicas nos olhos para parecer que ele está a olhar para todo o lado, para apanhar qualquer reflexo e, quando se transforma no homem, em Dugan, aparece envolvido num manto que torna o corpo humano por baixo, mas com o rosto muito claro, uma cor que lhe chamaria calcária. Não podia ser branco pelas luzes, tinha de ser este branco escurecido porque neutralizando a cor e a face, ele não tem muitas feições; isto porque as crianças, a partir de uma certa idade e até outra certa idade conseguem ver o rosto que querem nesse rosto neutro. A Francisca é exactamente a mesma coisa para que quando ele chegue ao ponto de olhar para ela ou ela para ele, quando está a olhar a pensar nele ao longe, permitir a quem tiver uma imaginação mais fértil, poder, se calhar, rever-se… por episódios de perda, de paixão. O pássaro é escuro, sendo o melro, mas não o poderíamos fazer preto, porque estamos, nas marionetas, vestidos de preto e não se iria ver. Então fizemos um pássaro castanho brilhante para que, qualquer mão que o manuseasse, se reflectisse um pouco nele e qualquer sombra que ele tenha é preta, qualquer abertura de luz é preta, no peito há alguns tons de bordeaux e verde dando cor ao ambiente da natureza.
JR: Falta a cobra…
RS: A cobra assemelha-se muito ao cenário pelo material que é a cor do papel, só tem alguns apontamentos verde numa alusão ao ser réptil. O corpo tinha de ter a cor do papel porque, muitas vezes, ela aparece sorrateira sobre o cenário, é o camuflado, ela confunde-se se não estivermos atentos. Os cenários são da cor do papel craft e da madeira pinho que permite as aberturas de luz ao craft usado, criando as texturas e linhas. Por exemplo, no castelo, os frisos das janelas, das ameias e esta escolha de materiais é para que facilmente nos desliguemos dos cenários e nos concentremos nos bonecos. Se o castelo fosse a valer, era uma sobrecarga visual. Se vires o chão das três consolas é em terracota, a lembrar o chão como ele é, de terra. Depois a própria luz construída, toda em halogéneo, quente, com as intensidades que são criadas nas consolas, é que vais tendo mais castanho, menos, dão a cor ao cenário.

Houve a preocupação do Jorri e do João Rui serem parte integrante do cenário?
JR: No início, estávamos dentro da peça, literalmente. Os bonecos passavam por nós, nos movimentos entre cenários e até chegámos a pensar em nós, músicos, a fazer algum movimento com as marionetas, mas rapidamente compreendemos que ia ser complicado e demasiada informação para quem via. Chegámos a esta organização final por tentativas, por experiências que fomos fazendo.
RS: A ideia era criar três cenários, nos quais eu e o Alberto transitaríamos de uns para outros, e eles os dois estarem entre esses cenários, numa mesma linha e patamar. Depois chegámos a pensar nas marionetas atrás e eles na frente. Algo que era impossível, pois eles não veriam o que nós estávamos a fazer, é mais fácil nós ouvirmos a música e desenhar o movimento que o contrário. No final, foi mesmo o elevá-los, com controlo da luz.
JR: É o que mais sentido faz, como contadores da história, para fazermos o acompanhamento com a música. Isto acaba por ser a nossa “ópera da marioneta”, o sermos parte do cenário desta forma e não estarmos numa lateral. Não dava para sermos um sideshow, como o piano no caso do cinema antigo. Nós, ligeiramente atrás e acima, permite que o público caminhe pelos cenários e nos acompanhe, nos momentos certos.
RS: O intuito maior era a simbiose. Queríamos uma imagem completa, uma imagem só, para quem assiste.

Embora possamos associar marionetas a miúdos, na verdade esta está bem apelativa aos graúdos. Há dois alvos ou há claramente só um, que é uno?
RS: O público é um só, a família. Não queremos estar aqui a dividir entre crianças e adultos porque é transversal. Um adulto tira as suas conclusões do espectáculo e sente mais o que se está a tocar e a cantar, uma criança sentirá de maneira diferente, certamente, e estará sempre à espera que a cobra “se lixe”. Provavelmente, a criança com um pai a ajudar, a explicar, entenderá de uma forma ou até a criança a dizer ao pai, na sua pureza, que a história afinal não é tão negra como parece. Lá está, de novo a simbiose, desta feita com público.
JR: Nos preâmbulos eles podem explicar entre si.

É uma equipa. Nunca duas. (…) a trabalhar para o mesmo e isso facilitou todo o processo. Claro que uma equipa é feita pelo esforço individual de cada um que resulta, no todo, num trabalho global. (…).
Somos duas equipas diferentes a trabalhar, o ano inteiro, nos seus projectos individuais – uns em concertos, outros nas marionetas. Mas aqui, quando nos juntamos, (…) passamos a ser uma só, onde ninguém é maestro e todos somos argumentistas com diferentes funções em palco. Trabalhamos os quatro para um único fim.

A história versus lírica. Quem é quem na sua construção?
JR: A história somos todos.
RS: Mas na história cantada, as palavras são dele. A história, como vai ser publicada em livro, fomos todos onde eu ia debitando enquadramentos, mas tudo ia sempre a concílio e era aprovado. Claro que a história foi sofrendo alterações neste tempo todo de preparação, em que foi tomando vários caminhos, até ser como está hoje. Se fosse a história como estava há dois anos… não era tão boa.
JR: A lírica enquanto história, somos mesmo todos, íamos sempre falando, em conjunto. Na parte da música, à medida que o Rui ia criando sinopses do que ia acontecer e quanto tempo previa que durassem os movimentos, em função disso tinha de pensar quanto tempo é que a música podia durar. Ele dava os movimentos, eu dava a razão às personagens nesses movimentos, como a rosa foi ali parar, por exemplo. É o dar voz aos movimentos. E sim, a história não era mesmo tão boa, sem tudo o que trouxemos para o que está agora. Não tinha o amadurecimento necessário.
RS: Não tínhamos tanto lirismo, faltava a maturidade, a base mais segura. Até como te disse dos cenários.

Na música, são a vossa identidade, a vossa assinatura. Todavia, com tanta inspiração literária quer de Gúbio, de Fausto e tanto mais que vos preenche, alguma nota veio, subtilmente, desses mundos para preencher a vossa música? Ou nada, continuam a Jigsaw em estado puro?
JR: Nada, nada. Sim, ficámos só nós, a nossa identidade musicalmente. Na narrativa, a letra serve com estímulo, na parte musical, por acaso não. Bebemos para lírica enquanto inspiração, são influências que temos presentes. Estudámos a lenda d’”O Lobo de Gúbio”, mas depois foi necessário o esquecer e fazer algo nosso. Porém, temos sempre com o conhecimento adquirido dessas peças, histórias, livros, que nos dão o horizonte a partir do qual nós começámos a construir a nossa história, estão lá como pilares do mundo que criámos.

Falaram, na altura do irrecusável convite para o ensaio geral, de um livro e de um álbum que o acompanharia. Promessas a cumprir ou falas mansas de Mefistófeles?
JR: Sim. Está a ser construído um livro, com a narração da história acompanhada de ilustrações e de um álbum com as músicas. Não é para sair já, nesta primeira estreia aqui, pois não este o momento da abertura da temporada de “The Wolf and the Rose”, essa está pensada para os inícios de outubro. Aí, nessa altura, para essa temporada, está programado o sair do livro com a música, com tudo.
RS: Isto é um espetáculo para o outono, pede as cores e luz de outra estação que não a do momento.

Para fechar com clichés, que é tudo o que os quatro não são, pelo amor às artes até se faz um acordozito com a vizinhança lá debaixo?
JR: (Pausa…) Depende dos termos.
RS: … Não. Quando fazes pacto com o diabo estás a vender a alma ao diabo. Era o mesmo que eu pegar na minha arte e fazer um espetáculo medíocre só porque um senhor qualquer gosta…
JR: Ah!… (risos) estás a encarar dessa forma…
Ele está no real, tu estás no literário. Continuem que estão no bom caminho, lá em baixo já esfregam as mãos.
RS: Sim, no literário conforme os termos. Eu faria o que o Lobo – o Dugan -fez, nem que fosse para ver…
JR: … aquela série de televisão que já não passa…
RS: O “Gente fina é outra coisa”!! (Risos).
JR: Na realidade, não. Não somos vendidos, se assim fosse não estaríamos a fazer este espectáculo.
Vêem… os dois gostam do diabo no literário, Mefistófeles fica satisfeito.

De uma forma breve, e sem tudo vos desvendar para a imaginação não vos toldar, é um pouco disto que poderá ver amanhã – 14 de abril, sexta-feira – 15 de abril – e sábado -16 de abril, pelas 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo, casa d’A Escola da Noite que tão bem recebe. Há sessões especiais para escolas dia 14 e dia 15, amanhã e sexta-feira, pelas 11h00 e 15h00.
Um espetáculo único e absolutamente imperdível para ir com a família. Uma viagem a um mundo num tempo sem tempo, num mundo onde no escuro somos felizes. Como diz A Escola… “Faça-nos companhia!”. Vá ao teatro. •

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© Fotografia: Bruno Teixeira Pires / B.Mag.

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