A 29 de abril de 2016, um século depois de o Senhor Licor nascer, foi apresentado o galardão que porá à prova a imaginação de quem tem uma visão menos “quadrada” e mostrar, de vez, os Carranca Redondo que há há por ai.
José e Daniel Redondo, pai e filho, e detentores de um legado impulsionado pelo pioneiro da publicidade e do marketing em Portugal
Criatividade Comercial (marketing e vendas, Criatividade Publicitária e Criatividade Relacional (relações públicas e marketing relacional). São estas as três áreas em que José Carranca Redondo se distinguiu em tempos idos, razão pela qual a família resolveu criar, por ocasião do seu centenário, um prémio que desafiasse as mentes brilhantes, sonhadoras, irreverentes e visionárias de hoje e de quem, dos 18 aos cem anos, queira mostrar o quanto vale, em honra ao pioneiro da publicidade e do marketing em Portugal, e o então dono da fábrica do Licor Beirão, na Lousã.
As candidaturas deverão ser feitas, até 29 de julho deste ano, individualmente ou em duplas, no site criado para o efeito, bem como para a divulgação e realização do prémio. Para já, basta deixar o email, pois assim que abrirem as inscrições, os interessados serão informados por meio de um email de aviso.
Por sua vez, a votação será feita em duas fases distintas – a primeira traduzir-se-á na seleção de 15 trabalhos, ao que se seguirá a eleição da ideia mais criativa em cada uma das três categorias supramencionadas, ao que cada vencedor receberá uma recompensa de cinco mil euros. Quem mostrar o potencial similar ao homem que, em 1961 ousou avançar com a campanha “Licor Beirão, Licor de Portugal” terá o grande prémio no valor de dez mil euros.
A apresentação aconteceu no restaurante Pharmacia, em Lisboa, onde estiveram expostas peças publicitárias emblemáticas criadas pelo Senhor Licor e presentes os netos Daniel e Ricardo Carranca, tendo o primeiro – ligado às vendas e ao marketing de mui vetusto licor – feito uma homenagem ao avô e falado sobre a vontade de arriscar, com a criação do caipirão e do morangão “frutos de um sonho” que “como há cem ano, também queremos que façam história nos dias de hoje”.
Quem foi José Carranca Redondo?
Começou a trabalhar na fábrica com 12 anos, tendo o percurso continuado por outros caminhos, mas quis o destino que a primeira fosse parar às suas mãos. Para o efeito, teria de receber a confirmação de que a mulher que tanto amava aceitasse o seu pedido de casamento para, então, avançar com a aquisição da fábrica, o que aconteceu a 11 de março de 1940. Sete meses depois o casamento aconteceu. “Logo no primeiro ano começou a fazer publicidade – na altura, chamava-se de propaganda – ao Licor Beirão e, com um balde de cola, um escadote e um pincel fixava uns cartazes na zona centro. O meu pai foi um pioneiro nessa arte.” As palavras são do filho, José Redondo, empresário e produtor do Licor Beirão, fundador do Rugby Club da Lousã, nos anos 1970’, treinador e presidente da Assembleia Geral do clube. “Era um génio e um homem difícil de acompanhar, porque estava sempre com ideias”, continua enquanto conta momentos partilhados com o pai, para quem “só viajando ia aprendendo e ia descobrindo novos negócios”.
Daqui até à empresa de refrigerantes foi um passo, assim como para a indústria de brinquedos “porque, antigamente, o Licor Beirão era despachado em comboio dentro de caixas de madeira feitas por três ou quatro marceneiros que tínhamos e, quando não tinham nada para fazer, não tinham trabalho, então o meu pai montou uma indústria de brinquedos, a Suzete, que era a segunda maior marca de brinquedos do país – eram brinquedos de madeira. Mais tarde verificou-se que, em vez da madeira, seria melhor a fibra de vidro, por isso montou-se uma indústria de fibra de vidro, a qual passou a fabricar sinais de trânsito carroçaria, lava-loiças… fomos das primeiras empresas do país de fibra de vidro. Ou seja, ele aproveitava os recursos de tinha para não despedir as pessoas! Fosse quem fosse”, continuou José Redondo em conversa para a Mutante.
A fábrica de sinalização rodoviária deu pano para mangas: “Sem saber uma palavra em inglês, viajou até à América, para saber como se fazia material refletor. Portanto, o material refletor dos painéis era feito por nós. O meu pai costumava dizer que a partir do momento em que me fabricou deixou de ter problemas de fabrico porque eu era o homem que executava todas as ideias dele.”
Porém, as memórias não ficam por aqui, pois muito há para contar sobre o Senhor Licor nascido a 29 de abril de 1916, o homem que impulsionou uma outra revolução: A liberdade criativa.
E enquanto aguardamos pelo início do concurso, o que é que se bebe este verão?
+ Licor Beirão
+ Prémio Carranca Redondo
© Fotografia: João Pedro Rato
Legenda da foto de entrada: José Redondo (à esquerda), José Carranca Redondo (ao centro) e Daniel Redondo (à direita)
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