Diário de bordo: Casa Mãe

É uma revista que acolhe uma viagem pelo país e, em julho, será o virar de uma nova página: Um boutique hotel dentro do centro histórico de Lagos.

Christian Kraus e Veronique Polaert, da Casa Mãe, e Martin Blanchard, o autor de peças de mobiliário do boutique hotel

Falemos da revista. Falemos do início de um roteiro de norte a sul de Portugal, de destinos demarcados, para dar conhecer os protagonistas desta história que, graças às profissões por eles desempenhadas, estão a contribuir para a criação do boutique hotel Casa Mãe, um projeto que é uma vila idealizado por Veronique Polaert, francesa, ao qual se juntou o alemão Christian Kraus, e localizado no coração da cidade de Lagos, em terras algarvias, onde a qualidade dos produtos usados na cozinha está nas mãos de Júlio Machado, o produtor e, por conseguinte, o responsável pela horta orgânica, enquanto as cartas dos dois restaurantes, onde a comida portuguesa, em particular a algarvia, terá o mui merecido protagonismo, serão desenvolvidos pelo chef Pedro Limão. Assim, teremos a Casa Mãe by Pedro Limão, onde o menu é mutante, pois será feito em consonância com a sazonalidade dos alimentos; e Jogo da Bola, espaço dedicado a refeições mais informais sob o conceito da partilha e com uma cozinha aberta, e uma zona ao ar livre com barbecue e forno a lenha.

Pedro Limão, o chef da Casa Mãe

Voltando à revista Casa Mãe, e para além de Pedro Limão e de Júlio Machado, são abordadas as respectivas histórias e retratos de quem colabora com o boutique hotel de Lagos, como os têxteis de José Miguel e André Bastos Teixeira; ou os tapetes que combinam a tecelagem tradicional nacional com um twist de humor, da designer Célia Esteves; ou óleos extraídos de frutos secos e sementes e, a posteriori, usados para fins cosméticos, de Dasha Maximova; ou as telas das cadeiras, as sacolas ou sacos de praia da Casa Mãe concebidas pelo designer Joaquim Pinto.

No centro dos país concentra-se uma mão cheia de designers que colaboram com o projeto

No alinhamento do itinerário da revista, deixemos o norte e passemos para o centro do país, onde os designers estão em destaque, como é o caso de alunos do primeiro ano de mestrado em design de produto da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, os quais desenharam os protótipos das bancadas do mercado e de assentos para a Casa Mãe; ou de Vítor Agostinho, de Peniche, desenhou o que chamou de moldes mutantes; de Samuel Reis, natural de Lagos, cujas mãos dão corpo a formas por si criadas; ou de Teresa Gameiro prolonga a vida a peças de roupa e trabalha com as tecedeiras dos arredores de Leiria.

Com paragem em Lisboa, falemos de O Apartamento, a quem pertence a curadoria deste projeto e, por essa razão, o ponto de partida deste projeto dicotómico do qual faz parte o boutique hotel e a revista, e de Vasco Águas (aka Barbudo Aborrecido), que de aborrecido nada tem, pelo contrário, um criativo cujas mãos têm a graciosidade de dar formas ao macramé, peças essas que estarão também na loja de produtos e marcas portuguesas da Casa Mãe, em Lagos. Ainda pela capital importa sublinhar a cooperação de Ana Ponte e de Filipe Carvalho, com os seus cadernos artesanais; a de uma papelaria centenária com fábrica do Prior Velho; e a da designer Dê Duarte Osório, que desenhou os aventais feitos à mão com tiras de pele cravadas, para todos os que irão trabalhar na Casa Mãe, enquanto as peças de cerâmica moldadas à mão que estarão no boutique hotel a sul são da autoria de Margarida, a fundadora do Círculo Ceramics, e os chás que farão parte da carta são do sommelier do chá Sebastián Filgueiras.

Pelo traço do roteiro da revista, fazemos uma segunda paragem, desta vez pelo Alentejo, mais concretamente em Reguengos de Monsaraz, na fábrica de lanifícios de Lizette Nielsen, que contribuiu para este projeto com os tapetes tradicionais manufaturados com o padrão predefinido da Casa Mãe, onde também veremos os mosaicos hidráulicos o Mestre Lúcio Zagalo.

Já nas últimas páginas da revista, estão os ladrilhos da empresa familiar de Alberto e Elisabete Rocha, pai e filha, que estão a pavimentar o boutique hotel com terracota artesanal, bem como os potes para colocar o champô e o gel, os quais são da autoria do oleiro e ceramista, a viver em Lagos, Ricardo Lopes, e o designer Martin Blanchard, que desenhou peças de mobiliário da Casa Mãe que, aqui, termina esta viagem com um conjunto de 24 colaboradores que cruzam ideias e partilham experiências num espaço só.

Para já, fica a introdução sobre a revista “Casa Mãe – The journey. A viagem”, uma publicação bilingue, em português e inglês, impressa numa das mais antigas gráficas de Portugal, a Emílio Braga, e que se encontra à venda n’ O Apartamento, Under the Cover, Companhia Portugueza do Chá, +351 Design, MAG Kiosk, em Lisboa, por 12 euros. Fora de portas, a revista está disponível para venda em Londres (The Grocery, MagCulture, Artworks), Paris (Ofr) e Lausanne (Serendipitie), por 15 euros.

Como boutique hotel, a abertura de portas da Casa Mãe está prevista para o próximo mês de julho, com 30 quartos, os dois restaurantes acima mencionados, um juice bar, o jardim orgânico, cinema ao ar livre – entre outras ações, como workshops de ioga e sessões de bem estar –, um mercado agrícola e a loja de produtos e marcas portuguesas.

Até lá ficaremos a aguardar. •

+ Casa Mãe

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