Na Serra do Louro, em Palmela, há 230 hectares de vinha que fazem parte da Quinta do Piloto, uma história protagonizada por Humberto Cardoso de quem se encontram guardadas boas recordações em estado líquido.
As gigantescas janelas da adega e a arquitectura remontam a meados do século XX
É por aqui que começamos, pelo legado vitivinícola de quatro gerações fundado no início do século XX, por um homem visionário e multifacetado: Humberto Cardoso. Graças a este acervo na Península de Setúbal, em particular ao que foi desenhado para consumo da família pelo próprio Humberto Cardoso, na década de 1930, hoje, há o Quinta do Piloto Moscatel Roxo, um vinho raro da Coleção de Família, a repousar em barricas de 50 litros, que vai sendo atestando em alguns anos e que, em 2015 viu uma parte engarrafada.
A sobremesa e o Quinta do Piloto Coleção da Família Moscatel de Setúbal, um dos dois vinhos generosos raros da casa
A informação é dada por Filipe Cardoso, o sobrinho-neto do mentor da Quinta do Piloto e o anfitrião da propriedade vinícola, onde a casta Moscatel de Setúbal possui a importância devida, daí ter ficado guardada, durante anos, em barricas antigas para, agora, entrar no mercado com o nome Quinta do Piloto Coleção da Família Moscatel de Setúbal, uma produção limitada a 25 garrafas. Sobre ambas as castas, é de salientar que são provenientes de quatro hectares de vinha plantada em solos argilo-calcários com orientação a Norte, factores que dão origem a vinhos frescos.
Na listagem de boas novas, Filipe Cardoso fala ainda sobre a Coleção Família, uma gama criada em homenagem à família Cardoso, com a prova a iniciar num branco da colheita de 2014 feito a partir das castas Antão Vaz e Arinto submetidas a um estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês, com battônage de 60 dias, a somar aos seis meses de repouso em garrafa. O resultado confere um vinho da Península de Setúbal perfeito para acompanhar pratos de bacalhau e carnes brancas.
Finda a prova houve direito a repasto ao ar livre, porque o vento e o calor estavam de feição, o que permitiu fazer a harmonização de vinhos da Quinta do Piloto com os pratos do chef Tiago Santos cujos pratos revelaram, uma vez mais, uma boa surpresa ao palato.
O tributo aos Cardoso
O trio da Coleção da Família com o Quinta do Piloto rosé Reserva 2016 no desfile da estação
Porque Verão e rosé são a rima preferida por muitos, Filipe Cardoso apresenta o Quinta do Piloto rosé Reserva 2016, um DOC Palmela composta por Touriga Nacional, Castelão e Sauvignon Blanc, um trio de castas cujas uvas foram fermentadas em barrica e, resultando num vinho mais gastronómico.
Presunto com fava e peixe espada preto foi um dos pratos que o chef Tiago Santos preparou para harmonizar com vinhos da quinta
Na versão Quinta do Piloto Reserva há ainda o branco de 2014, feito a partir de Antão Vaz, Arinto e Síria, castas de uma vinha localizada no Lau e um vinho feito para harmonizar com peixe no forno e bacalhau; e há o tinto do mesmo ano, um Castelão de vinhas velhas, com cerca de 60 anos e plantadas pelo fundador tendo, à mesa, a sugestão de acompanhar queijos gordos e pratos de caça ou carne vermelha.
Por sua vez, a casta Castelão entra em cena a partir do Quinta do Piloto Coleção da Família tinto 2013, tendo a fermentação sido feita em ânforas argelinas, seguindo-se o estágio de 24 meses em barricas de carvalho francês, seguido de dez meses em garrafa. Na harmonização, recomendam-se a carne de caça e as carnes vermelhas.
Monovarietais de edição limitada
Piloto Collection Touriga Nacional 2015 é uma das novidades do produtor da Península de Setúbal
Antes de terminar, façamos a ronda pela gama Piloto Collection, os monovarietais de edição limitada, com Piloto Collection Roxo 2016, protagonizado por Moscatel Galego Roxo, casta que, em tempos, esteve em vias de extinção e aqui é convertida num “blanc de noir” que combina com sushi e ostras, que tão bem sabem nos dias de veraneio… e não só.
Na linha dos vinhos de Verão, há também o Piloto Collection Síria 2016, casta oriunda de uma pequena vinha com cerca de 40 anos e que resultou num vinho para harmonizar com peixes grelhados, massas e pratos vegetarianos.
Já o Piloto Collection Touriga Nacional 2015 é considerado um vinho versátil, pois vai bem com peixe, como o bacalhau, assim como com as carnes brancas e vermelhas. Na roda dos tintos, está também o Piloto Collection Cabernet Sauvignon 2015, para o qual são sugeridas as carnes vermelhas e de caça.
Para o final, deixamos o Quinta do Piloto Moscatel de Setúbal Superior 2011, um vinho generoso cuja mistura é composta por uvas da Serra da Arrábida e de Poceirão, onde ambas as vinhas são demarcadas por solos distintos, o que dá origem a um equilíbrio entre o doce e o ácido. O Quinta do Piloto Moscatel Roxo Superior 2011, em que a casta é proveniente de Agualva, revela generosidade na doçura, mas sem se sobrepor à frescura.
A Quinta do Piloto está de portas abertas de Terça a Domingo, entre as 10 e as 13 horas e das 14 às 19 horas, pelo que a visita à propriedade impõe-se com prova incluída. Tome nota: A “Prova Piloto” inclui quatro vinhos da gama Collection (5€); a “Prova Descobertas” engloba quatro vinhos da gama Collection e dois Reserva (7,50€); e na “Prova Paladares” há seis vinhos acompanhados por iguarias eegionais (15€). Aos apreciadores de moscatel recomenda-se a prova deste vinho generoso (5€), a degustar em separado ou a incluir em qualquer uma das restantes provas. Antes de ir embora, há tempo para entrar na wine shop, para comprar os vinhos da Quinta do Piloto e produtos regionais.
É experimentar para conhecer e namorar, mas não sem antes (re)descobrir a Quinta do Piloto aqui.•