A luz de Lisboa cruza-se com a vista privilegiada para o rio Tejo neste hotel de traça antiga, onde a linguagem contemporânea, no interior, é aprimorada pelos tons suaves, pela madeira e pelo conforto, e os Descobrimentos Portugueses são uma das razões para dar azo à História.
As boas-vindas ao Corpo Santo Lisbon Historical Hotel, de cinco estrelas, são dadas na recepção luminosa localizada em frente à entrada da antiga Igreja do Corpo Santo, no largo baptizado com o mesmo nome, no Cais do Sodré, com água aromatizada e uma peça de fruta. Há jornais e revistas para quem gosta de se manter informado e uma parede com um fresco em tons de azul, alusivo ao Tejo, da autoria de Ana Morgado.
A muralha Fernandina é apenas um dos achados arqueológicos descobertos no interior do edifício
O momento do check-in reserva, ainda, uma surpresa: o convite para visitar o núcleo museológico do hotel, no piso subterrâneo. Aberta a porta para a escada de acesso à sala de conferências avista-se parte da muralha mandada construir por D. Fernando, descoberta aquando das escavações efectuadas durante as obras a que foi submetido o edifício. Para além do paredão que, outrora, protegia a cidade de Lisboa dos piratas, dos corsários e dos espanhóis, em breve estarão algumas das mais de mil peças encontradas nas escavações, as quais, por agora, estão a ser analisadas e inventariadas por arqueólogos. Eis o motivo para o nome: Corpo Santo Lisbon Historical Hotel.
Suite com vista para a Igreja de Corpo Santo, que deu o nome a este hotel de cinco estrelas
Os Descobrimentos Portugueses são, por sua vez, tema de destaque, graças à proximidade com o Tejo, o ponto de partida para as explorações marítimas protagonizadas pelos nossos antepassados. Os pisos reservados aos quartos remetem, deste modo, para uma viagem além-fronteiras, desde o Norte de África à América do Sul, com passagem pela África Central e pela Ásia, e cada um tem um aroma associado. Para descobrir. Já Lisboa está no último andar, onde estão as duas suites do hotel com vista sobre o casario da cidade e o rio.
Resquícios de painéis de azulejos foram reaproveitados para ornamentar alguns espaços
Os interiores, dominados pelos tons pastel, contaram com a assinatura da dupla Branco sobre Branco, que deu primazia à madeira nos quartos e nos espaços comuns, bem como aos azulejos de lastra da empresa centenária Viúva Lamego, na casa-de-banho, os quais comungam com a luz de Lisboa e com pequenos detalhes protagonizados pela azulejaria portuguesa.
Os tons pastel predominam nos quartos e nas suites, onde o conforto é rei
De volta aos quartos deste hotel de cidade, aqui reina o conforto, a decoração trendy, demarcado pelo mobiliário clássico de cor alva, a combinar com os tons da madeira, sem esquecer os detalhes pensados para os mais novos – e para os adultos –, que são muito bem-vindos ao Corpo Santo Lisbon Historical Hotel ou não estivéssemos a viver uma época em que as crianças viajam cada vez mais com os pais. O room-service está, por sua vez, disponível a cada 24 horas, com uma carta elaborada e com múltiplas sugestões para quem procura uma refeição simples, mas saborosa.
Por sua vez, a recuperação do edifício coube ao gabinete de arquitectura Nuno Leónidas, que manteve a traça original dos prédios lisboetas, onde não faltam as águas-furtadas.
Porter, uma cozinha mediterrânica
O espaçoso restaurante Porter é descontraído e confortável, e tem uma cozinha “ao estilo mediterrâneo”, segundo o chef Artur Roldão
A escolha do nome é inspirada no tipo de cerveja inglesa que, no século XVIII, era fabricada no Largo do Corpo Santo, um regresso ao passado testemunho da estreia de produção cervejeira no país. Falamos do Porter, o restaurante do Corpo Santo Lisbon Historical Hotel, de janelas viradas para o Tejo e onde a luz de Lisboa flui, sobretudo nos dias soalheiros, num permanente convite para beber um cocktail preparado no bar de frente para a porta de acesso directo para a rua, aberta das 7 horas à 01h30.
A fruta está presente em qualquer uma das refeições diárias
No mesmo espaço, com peças de mobiliário contemporâneo, do qual se destacam as cadeiras primadas pelo conforto são, todas as manhãs, servidos os pequenos-almoços, com uma oferta variada de produtos que dão resposta a todos os tipos de estilos de vida, desde pães, bolos e pastelaria, a cereais, iogurtes, fruta, queijos, doces e compotas, ovos mexidos, salsichas, saladas, panquecas… Tudo bons motivos para acordar cedo e desfrutar da primeira refeição da manhã enquanto é possível desfrutar da luz do dia.
O mobiliário contemporâneo demarca a linha do Corpo Santo Lisbon Historical Hotel
A cozinha está nas mãos do chef Artur Roldão que a define “ao estilo mediterrâneo, mais quente, mas simples”.
A carta comunga com as suas palavras, desdobrando-se em quatro momentos. “Só para aquecer” é o primeiro e é composto por quatro sugestões – presunto ibérico de bolota com pão de tomate, os croquetes de presunto, o creme de sardinha da nossa costa e o polvo à galega – e três variedade de pão, azeite e gressinis, a cortesia da casa.
“Nada como começar bem!” é o momento seguinte, com destaque para o creme de legumes frescos da época – muito apreciado por quem não dispensa a sopa – e o recomendado carpaccio de novilho com rúcula e lascas de queijo da ilha.
Bacalhau corado com xerém de sames de bacalhau e chouriço
“Com estes fico bem” é o mote para escolher um dos oito pratos, como o risotto de cogumelos e espargos, o deleitoso bacalhau corado com xerém de sames de bacalhau e chouriço ou o suculento lombo de novilho com foie gras, molho de Vinho da Madeira e trufa, e puré de batata.
Lombo de novilho com foie gras, molho de Vinho da Madeira e trufa, e puré de batata
“Se tiver coragem para mais qualquer coisa”, o melhor é escolher a sobremesa. Sugestões? Há gelados e sorbets, há selecção de fruta e de queijos portugueses, bem como a tarte de maçã confeccionada ao momento e acompanhada por gelado de baunilha, o bolo cremoso de chocolate com gelado de morango e o tiramisú Corpo Santo.
“A carta não é muito grande”, afirma o chef, que vai analisar os pratos com mais saída – é de salientar que o hotel abriu a 26 de Setembro –, para desenhar a próxima, sempre com a sazonalidade em primeiro plano, assim como o sabor de cada produto, em nome do profissionalismo de uma profissão exercida há 30 anos.
Uma curiosidade? Cada entrada, prato e sobremesa está acompanhado com uma sugestão vínica complementada com a carta de vinhos nacionais e de fora de portas.
O chef Artur Roldão está ao serviço da cozinha há três décadas
“Foi uma brincadeira levada a sério” que o trouxe até aqui já depois de passar por Pedrógão Grande, de onde é natural, pelo antigo Meridian, em Lisboa, onde permaneceu durante nove anos, seguindo-se o Pestana Atlantic Garden, em Cascais, o antigo Tivoli de Lagos, o Palácio de Seteais, em Sintra, o Altis Grand Hotel, em Lisboa (entre 2004 e 2012), um resort em Cabo Verde, e o Skina, em Lisboa.
Acicatado o apetite, para ir, desfrutar e degustar? É ir! Boa viagem e bom apetite! •
No Comments