Já diz o ditado que “Ano novo, vida nova” e para o Fórum Eugénio de Almeida, em Évora, 2018, assim é: novo nome e novo diretor artístico.
Com o objetivo de reforçar a identidade institucional do seu projeto artístico e cultural, a Fundação Eugénio de Almeida renomeou o antigo Fórum Eugénio de Almeida como Centro de Arte e Cultura (CAC), na cidade do emblemático Templo de Diana. Esta alteração surge no início de mandato de José Alberto Ferreira, o seu diretor artístico desde janeiro de 2018, e tem como finalidade situar “o CAC e a sua missão enquanto espaço de investigação, de promoção e de partilha do conhecimento, envolvendo numa relação de participação ativa os públicos, da cidade, da região e do país”.
José Alberto Ferreira, doutorando na Sorbonne (Paris 1), com um projeto em torno da problemática da Documentação e Arquivo nas artes performativas, é docente no Departamento de Artes Cénicas da Escola de Artes da Universidade de Évora, onde leciona disciplinas da área da história e da estética do teatro, e é membro colaborador do Conselho Diretivo do Centro de História de Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora, onde também integra vários grupos de investigação na área do teatro e da curadoria. Para além disso, tem colaboração dispersa em vários jornais e revistas, nacionais e internacionais, publicou Uma discreta invençam (2004), sobre Gil Vicente; Por dar-nos perdão (2006), sobre teatro medieval, Dos autores formygueiros (2013), sobre o teatro pós-vicentino, e Da vida das marionetas. Ensaios sobre os Bonecos de Santo Aleixo (2015); editou e co-editou vários títulos, de que destaca Escrita na paisagem (Porto, Mimesis), a edição dos textos dos Bonecos de Santo Aleixo: Autos, Passos e Bailinhos (2007) e, com Christine Zurbach, Investigação e(m)artes: perspectivas (2014). No currículo consta ainda a colaboração com várias organizações de formação, festivais e instituições na área da programação artística e cultural, a fundação e a direção do Festival Escrita na Paisagem (2004-2012), no âmbito do qual programou inúmeros projetos e criações de artistas nacionais e internacionais, e foi o curador português do projecto INTERsection: intimacy and spectacle, integrado na Quadrienal de Praga 2011, bem como dos Ciclos de São Vicente (2011-2017).
No mandato que agora inicia, José Alberto Ferreira perspetiva o CAC como uma casa de arte e cultura, palco para a diversidade das práticas artísticas contemporâneas, atenta às suas linguagens, preocupações, criadores e protagonistas individuais e institucionais, tendo em conta as possibilidades e as valências resultantes do seu diálogo com as instituições locais, regionais, nacionais e internacionais, bem como com os protagonistas da cena artística contemporânea. Este é também o tempo de aprofundar dinâmicas expositivas coletivas a par da promoção de residências artísticas, bem como de projetos de criação e expositivos individuais. Considera-se, ainda, fundamental a inscrição do CAC nas redes internacionais das quais faz parte o aprofundamento dessas relações explorando, nesse contexto, possibilidades de co-produção, entre outras formas de colaboração.
A programação do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida para 2018 subordina-se tematicamente à problemática dos centros e das periferias, às tensões e dinâmicas que, nessas relações, são geradoras de identidades e diferenças, uma temática a declinar de múltiplas formas no programa expositivo, nas linguagens artísticas e nas formas e materiais a abordar na programação deste ano.
Para o primeiro semestre há a destacar:
• WAH! (We are here!)
Exposição de mulheres artistas a inaugurar a 17 de março, pelas 18h00. Apresenta obras de mulheres criadoras (Clara Menéres, Joana Gancho, Rita Vargas, Susana Pires, Susana Piteira, entre outras) com alguma relação de pertença a este território e que poucas vezes (ou nenhuma) nele estiveram presentes como criadoras, procurando reflectir as questões que presidem ao debate sobre a ausência da criação feminina nos circuitos e instituições da arte.
• Exposição de fotografia moçambicana
Está agendada para Julho e centra-se na expressão artística poderosa que a fotografia tem em Moçambique, sobretudo porque se trata de uma mostra marcada pela produção de fotógrafos emblemáticos, como José Cabral e Ricardo Rangel, pelo trabalho internacionalmente reconhecido de Filipe Branquinho, Mauro Pinto ou Félix Mula, e pela afirmação de uma jovem geração de tendências.