No mês de Maio que começa amanhã, a Gulbenkian Música apresenta “Guerra ou Paz”, a terceira e última temática da atual temporada, composta por sete concertos e dois filmes que retratam não só os momentos mais trágicos da história da humanidade, como também os momentos de reconciliação, de harmonia e de paz entre os povos.
“Guerra ou Paz” começa com o “War Requiem” de Britten, uma obra criada em homenagem às vítimas da II Guerra Mundial, simbolicamente estreada na renovada catedral de Conventry (praticamente toda destruída nos bombardeamentos da II Guerra Mundial), em Inglaterra, em 1962. O maestro Graeme Jenkins dirige o concerto que contará com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos no próximo dia 04, pelas 21h00. Seguimos para “Abertura 1812” de Tchaikovsky que é o título do segundo concerto da temática “Guerra ou Paz”, que integra a programação dos Concertos de Domingo de dia 06, às 12h00 e às 17h00. Neste concerto, a Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Pedro Neves, interpreta a obra composta por Tchaikovsky para comemorar a derrota das tropas de Napoleão na Rússia antecedida pelo “Adagio para Cordas” de Barber, celebrizado no filme Platoon, de Oliver Stone e a Suite da Guerra das Estrelas, de John Williams.
Num programa dedicado à memória trágica que a II Guerra Mundial deixou em todo o mundo, “7.ª Sinfonia” de Chostakovitch é um concerto que reúne a obra criada pelo compositor russo durante o cerco das tropas nazis a Leninegrado em 1942, as “Metamorfoses” de Richard Strauss, composta em reação ao bombardeamento da ópera de Viena de maio de 1945 e “Trenos à Memória das vítimas de Hiroxima” de Penderecki, o lamento do compositor pelas vítimas da devastadora bomba atómica lançada em Agosto de 1945. O concerto, dirigido pelo maestro Hannu Lintu, conta com duas apresentações: nos dias 11 de maio, pelas 21h00 e 12 maio, pelas 19h00.
Ainda no dia 12 de maio serão exibidos dois filmes no Auditório 3: “O Cerco de Leninegrado”, de Sergei Loznitsa (“Blokada”, 2006, versão original com legendas em português), e “Leninegrado e a Orquestra que desafiou Hitler”, de Tim Kirby (“Leningrad and the Orchestra that Defied Hitler”, 2016, versão original com legendas em inglês).
Os multifacetados artistas Jordi Savall (nome que lhe deve ser conhecido, por exemplo, pelas interpretações impares de Bach em viola da gamba) e Joyce DiDonato vêm mudar a tónica da temática “Guerra ou Paz” com as suas mensagens de reconciliação e esperança na humanidade. Jordi Savall apresenta no domingo 20 de maio, às 18h00, “O Milénio de Granada”, com os seus agrupamentos La Capella Reial de Catalunya e Hespèrion XXI, um espetáculo focado na ascensão e queda da mais notável das cidades da Espanha muçulmana. Por sua vez, a aclamada meio-soprano Joyce DiDonato apresenta “Em Guerra e Paz” no dia 22 de maio, às 21h00, um projeto partilhado com a orquestra Il pomo d’oro. A obra “Em Guerra e Paz” consiste numa recolha de árias barrocas de Händel, Purcell e outros compositores, que transmitem uma mensagem de otimismo e crença no poder redentor da música. O período barroco é também abordado pelo Ludovice Ensemble que interpreta obras de Lully e Charpentier em que a paz tem o poder de fazer florescer as artes e a civilização, no dia 15 de maio, pelas 21h00.
“Guerra ou Paz” encerra com o concerto “Os Planetas”, de Gustav Holst com a projeção de imagens do espaço cedidas pela NASA. Do programa deste concerto fazem também parte as peças “Assim falava Zaratustra” de Richard Strauss e “Short Ride in a Fast Machine” de John Adams (18 de maio às 21h00 e 19 de maio, às 19h00).
Tudo a não perder, na Gulbenkian, em Lisboa. A tomar nota. A ir. •