Para agitar esta tímida Primavera, na esperança de a aquecer com sonoridades bem ritmadas, saímos para conversar sobre “assuntos locais” com os Birds are Indie que nos brindam, neste Abril, com um novo álbum de originais.
Birds are Indie surgiram lá atrás, em 2010, quando Joana Corker e Ricardo Jerónimo – um par já muito enarmorado na altura e que tão bem enamorado continua(rá) – decidiram que era tempo de juntar três acordes e fazer uma música. Como só dois era pouco e afinal foram três acordes que os fizeram nascer, aos dois Birds juntou-se um amigo de longa data, Henrique Toscano. Estava montado um trio de Birds para definir um plano: ser uma banda. Ora, se três pontos definem um plano, três amigos mais três acordes, definem um distinto plano. Provas para atestar que a geometria apresentada está correcta: no palmarés do trio contam-se já vários EP’s e três álbuns auto-editados – “How music fits our silence” (2012), “Love is not enough” (2014) e “Let’s pretend the world has stopped” (2016).
Com a geometria a não os desiludir, cresceram e amadureceram a ponto da editora Lux Records (de Rui Ferreira) lhes piscar o olho e os desafiar a juntarem-se à família Lux. Desafio aceite, já com o estúdio Blue House garantido para gravar um novo álbum, contando com a preciosa colaboração de João (Jorri) Silva [a Jigsaw, The Parkinsons], que naturalmente se tornou convidado especial nas teclas, no baixo e na produção do disco. E eis “Local Affairs”, o 4.º álbum de longa-duração deste trio de Coimbra que nos traz aqui, a mais uma conversa, usando e abusando da palavra affairs com todo o respeito e na leitura correcta da mesma, palavra que nos faz pensar em concertos idos.
Há sensivelmente um ano, mais mês menos mês, celebraram sete anos de existência com um concerto bem especial (reler aqui) num namoro singular com convidados que, bom, “It’s royalty, kings and queens”, já diz a letra da música que dá nome ao álbum. Blue House e Lux Records, ambos casa de vários nomes que cruzaram, nesse concerto, o palco convosco e de tantos outros que fazem parte da história da cena musical de Coimbra e não só. Juntando ao concerto estas duas casas…
Que influência teve, ou não, esse específico encontro para a construção deste novo trabalho, para o definir deste título? Foi parte da inspiração?
Ricardo Jerónimo (RJ): Sim, em parte sim. Foi por essa altura que o disco começou a ser feito/ idealizado, foi também nessa atura que começámos a ensaiar na Blue House que, consequentemente, também se tornou importante para o nome do disco. Foi nesse momento que, se calhar, nos começámos a cruzar mais frequentemente com malta ligada à Blue House ou à Lux Records.
Henrique Toscano (HT): Esse concerto foi ainda mais que inspiração para nós. Foi partilha de espaço, foi troca de experiências… Foi único.
O modus operandi de dar nome ao trabalho sofreu alterações?
RJ: Por norma, para dar nome aos álbuns, o método era ouvir o disco quando o mesmo já estava basicamente feito, com as músicas definidas. Depois, vinha o exercício de pensar o que as músicas, no seu conjunto enquanto um todo, nos transmitiam, resumindo tudo numa só frase. Daí os nossos discos não terem, normalmente, só uma ou duas palavras, mas uma frase como título; frase que era um verso de uma música do disco e que sintetizava o nosso sentimento pelo novo trabalho criado. Desta vez, foi diferente. Foi “que nome é que vamos arranjar para reflectir o contexto em que este disco foi feito?” É mais por aí, reflectindo as inter-ajudas, os conselhos de parte a parte, o convívio…
Blue House e Lux Records. Indo por partes, vamos à relação com a Blue House.
Jorri Silva. Quando começa o affair com ele na partilha de palco e quando há o voo alado para a sua Blue House para lá ensaiarem e gravarem? Há também alguma relação com o concerto atrás falado?
RJ: A primeira vez que o Jorri tocou connosco, ao vivo, foi precisamente nesse concerto de aniversário dos sete anos; não esquecendo todos os outros convidados, claro, mas ele esteve praticamente sempre em palco. Nós começámos a ensaiar na Blue House para esse concerto específico. Depois desse momento, em que ele ensaiou connosco quase todas as músicas e de ter feito o concerto quase todo connosco, inevitavelmente dissemos a nós próprios que o fixe era ele tocar connosco mais regularmente, já que com os outros convidados não seria tão viável, tal feito.
HT: E também porque o Jorri é um vendido, (risos). Ele toca com uma série de bandas, uma série de instrumentos.
RJ: Sim, de facto. (Risos). O nosso, chamemos-lhe estabelecimento natural na Blue House, aconteceu naturalmente também pela boa vontade do Jorri. Ele não fez isto em especial para nós. Apenas aproveitámos, no bom sentido da palavra, a “casa aberta” que ele disponibiliza para os músicos, para a cena musical que acaba por se criar em torno da Blue House. E nós, felizmente, fomos mais uns desse grupo.
É um luxo, ter o Jorri a alinhar convosco em concertos e como convidado do álbum? É também “royalty” e um “king”?
RJ: Sim. É claramente royalty.
HT e Joana Corker (JC): Sim, sem dúvida.
Do palco para o álbum. Houve no método compositivo, também, uma partilha de ideias e acordes?
HT: O Jorri meteu a mão e mexeu em tudo, aí não há dúvidas.
RJ: Ele deve tocar em quase todas as música à excepção de uma ou duas. Digamos que toca em 90% do álbum. No que respeita a composição, compôs para o instrumento dele.
A base é vossa, música e lírica?
RJ: Sim. A fase de ensaios, composição e preparação das músicas para gravação foi toda nossa; o Jorri entrou já na fase de gravação. Depois, naturalmente, durante a gravação houve uma série de arranjos que estavam pensados e afinal não resultavam, outros pensados e que foram sendo feitos e desenvolvidos. Foi nesta fase, com a liberdade necessária, ligado ao baixo e às teclas, que o Jorri meteu o cunho dele. Como gostávamos sempre do que ele dava à música, foi fácil.
E na parte de edição, mistura, masterização e todos os passos necessários de pós-gravação, que diferença maior houve no processo de produção, com o Jorri a trabalhar convosco?
JC: A presença do baixo é logo a grande diferença que sentes.
HT: Ele faz aquilo todos os dias, está sempre a trabalhar no estúdio, quando não está na estrada, em concertos. Tem uma bagagem enorme e só podia enriquecer-nos o álbum e a banda.
Foi uma nova etapa, uma nova aprendizagem?
HT: Sem dúvida.
JC: Eh pá, sim! Até nos ensaios aprendemos sempre alguma coisa com ele.
HT: Nós gravamos álbuns aproximadamente de dois em dois anos. Ele, repetindo-me, está praticamente todos os dias na Blue House a trabalhar no construir de novos álbuns. O Jorri sabe muito bem o que faz e sabe transmitir o saber.
Amadureceram?
JC: Sim. Na gravação tem havido sempre uma evolução de disco para disco a nível de som, de composição, isso vai-se notando no nosso trabalho, creio. Destes quatros discos, neste último, a evolução ou o salto, como lhe quiseres chamar, foi ainda maior.
RJ: Mesmo antes das músicas começarem a aparecer, nós já sabíamos que este disco tinha de ser obrigatoriamente diferente.
Mais mexido, mais cheio?
RJ: Sabíamos que tinha de ser um bocadinho mais a puxar para o “rock”.
JC: E que tinha, também, de reflectir um pouco aquilo que andamos a tocar ao vivo.
RJ: Sim, era também para isso que as músicas anteriores já estavam a evoluir.
De facto, o que se nota, é que ao vivo as músicas que em álbum estão com um som mais “sereno”, nos concertos tem lhes sido incutido mais ritmo, mais força.
RJ: Esse ponto, muito particular, de sentirmos as músicas mais fortes e mais cheias ao vivo, para mim, são apenas pequenos pormenores. Porém, quando começas a juntar as peças todas do puzzle, isso dá-te uma certa confiança para avançares e evoluíres para algo. Por exemplo, o facto de nós estarmos em palco com os d3ö ou com os The Twist Connection, com a jarda que eles mandam…
JC e HT: (Risos).
JC: … Eu nunca tinha estado num palco a sentir aquele som todo em cima de mim e a sensação é “Eh pá, isto é porreiro!”
HT: Se é! É excelente!
RJ: Estás a perceber? (Risos). Bem, retomando a resposta… Também adoro estar num ambiente bem calmo, a fazer um concerto bem mais sereno, em que as pessoas estão a ouvir-nos e a ver-nos muito sossegadas e atentas; gostamos imenso, enquadramo-nos muito bem nesse registo. Mas quando fizemos aqueles concertos, aquelas colaborações com aquela malta, ou mesmo o tal concerto dos sete anos que foi num registo mais forte, com o gabarito daqueles convidados…
… Vocês deram-se ao luxo de ter uns quantos Tédio Boys em palco.
HT: Sim!
RJ: Pois, e a reacção a tudo foi “eu também quero sentir isto com as minhas músicas”. Resumindo, são pequenos pormenores que depois de tudo somado, dá nestes “Local Affairs”.
Experiências que vos vão transformando?
RJ: Sim. Depois, falando do som especifico do disco, o facto de nós percebermos que íamos gravar na Blue House, fez-nos igualmente ter um disco mais forte, mais cheio. O disco não podia, lá está, ter só duas ou três participações especiais do Jorri. Ficaria, provavelmente, desequilibrado com essas músicas a estarem muito fortes e as demais num registo mais calmo.
JC: Convém dizer que nem sempre vamos tocar com ele ao vivo, mas sempre que possível. O natural quando tens uma base, neste caso nós o trio, e depois temos o Jorri, sempre que puder, irá acompanhar-nos.
“(…) tem havido sempre uma evolução de disco para disco a nível de som, de composição, (…). Destes quatros discos, neste último, a evolução ou o salto, como lhe quiseres chamar, foi ainda maior.“
Não desdenhando do vosso profissionalismo nos trabalhos anteriores, é ouvir para crer, haverá agora algum tipo de responsabilidade acrescida por estarem ligados a um estúdio e a uma editora? Qual é a maior diferença que sentem, como banda?
JC: O que sentimos, talvez seja a estranheza de anteriormente sermos responsáveis por todo o processo, de uma ponta à outra, para criar e lançar um disco. Embora ainda tenhamos sido responsáveis, neste disco e ainda, por uma grande parte do processo.
HT: No fundo, tirou-nos um pouco do peso que tínhamos sobre nós, creio.
RJ: Sim, é isso. Nós conseguimos – sem perdermos o controlo do que realmente queremos enquanto banda a criar um disco – meter pessoas que tão sabem o que estão a fazer, a fazer parte do trabalho por nós, acabando por nos aliviar um pouco. No que respeita a responsabilidade, sinto-a mais nesta fase de lançamento dos discos, neste mundo das entrevistas, de ir a rádios, dos concertos, do público a vir falar connosco a dar a sua crítica. É nessa altura que sinto um maior peso da responsabilidade, no sentido de “pronto, estamos a fazer algo que realmente desperta o interesse das pessoas” e temos de fazer isto tudo bem, temos de estar disponíveis, temos de assumir compromissos com várias entidades, com as pessoas, somos profissionais nesse sentido, do respeito.
Agora, vamos ao Rui Ferreira, cabecilha da Lux Records.
Como acabam na casa dele em romance assumido e disco no dedo? Mais um affair a que não dava para fugir mais?
HT: Imagina os clubes de futebol, o Rui é o olheiro de Coimbra. Só espero é que nunca nos revelemos o Mantorras da Lux, para o bem dele e nosso. (Risos).
JC: (Risos) Grande frase, Toscano!
RJ: Muito bem! E temos de ter cuidado redobrado com os nossos meniscos e ligamentos.
Vá, agora a verdade…
HT: Está tudo dito!
RJ: (Risos) Bom, um dia fomos comprar um disco à Lucky Lux [Loja de Rui Ferreira] – eu e a Joana – e, no final, o Rui pergunta-nos “então o próximo disco, como é que é?” Dissemos que estávamos a compor umas músicas e que íamos começar a gravar; não posso precisar, mas creio que já tínhamos combinado com o Jorri gravar o disco na Blue House, mesmo antes da conversa com a Lux. Daí, talvez por o Rui saber que íamos gravar na Blue House, começou a perguntar e a querer saber como estavam a correr as gravações, dissemos-lhe que o disco deveria estar pronto daqui a uns meses, e ele sai-se com um “isso devia era sair pela Lux Records!”
Ele diz aquilo e nós só nos ocorreu dizer “pois devia, claro que devia!” (Risos).
Foram contratados pelo olheiro.
RJ: Sim e portanto, voltando à linguística da bola, nós somos uma equipa B, mas temos muito potencial.
HT e JC: (Risos). Sim!
São da Segunda Liga, mas com a Primeira Liga no horizonte.
RJ: Ele ainda nos vai vender para uma editora inglesa, num passe com muitos zeros.
HT: Vai ser histórico.
Como é ter o Rui a ajudar-vos a cozinhar este álbum?
RJ: É saberes que há alguém que confia no teu talento, no teu potencial.
HT: A nível do investimento é óptimo.
RJ: Sim. Até agora éramos nós que investíamos o dinheiro necessário para fazer uma série de coisas relacionadas com o criar de um disco, e digo investir porque sempre recuperámos o dinheiro, não é gastar. Agora, uma grande parte do investimento está no lado da editora.
É uma troca de serviços. A Lux ganha mais uma banda e vós uma editora.
RJ: E a Lux, modéstias à parte, ganha uma banda que toca muito ao vivo, que vende e vai vendendo discos e é mais um registo musical para a casa Lux. Alarga o leque.
“(…) Não fomos para uma editora que nos desvirtuou o trabalho, mantivemos a nossa liberdade criativa.”
Se perguntasse por histórias às escadas da Blue House e aos degraus da Lux Records, chegar-me-iam 15 faixas para tudo contar dos affairs que neles acontecem ou estou a ser optimista? Alguma que já esteja, para sempre, gravada?
RJ: Teria de ser um álbum triplo. Melhor, uma Box, Special Edition.
JC: E note-se que há muita coisa que se passa que nós nem sabemos.
HT: Há histórias, muitas, mas é melhor não contar. (Risos).
RJ: Convém também dizer que há uma vantagem na casa que nos acolhe: é que aquilo não pode ser um antro, pois é também uma casa de família com malta miúda, no sentido literal. Portanto, também há o lado familiar da coisa. O que é engraçado, mas também deva ser um pouco chato para quem lá vive. (Risos). Não é um sitio isolado que dê azo a que as coisas dêem para o torto. Até é bom haver um timoneiro, aquilo ser uma casa e a malta andar direita. (Risos).
Em suma, o que já mudou, inevitavelmente e naturalmente, nos Birds enquanto banda neste voo migratório, para este novo ninho?
HT: Guitarras eléctricas, este rapazola já comprou uma!
RJ: Agora tenho duas.
HT: Ah! E o volume subiu.
JC: A mudança tem sido progressiva, não foi agora. Tenho receio que as pessoas pensem que a mudança se deu por causa da ida para a Lux Records.
É só mais um passo no voo dos pássaros indie?
JC: Sim. Se não houvesse a Lux o som seria exactamente igual.
RJ: Um passo na direcção que nós queríamos. Não fomos para uma editora que nos desvirtuou o trabalho, mantivemos a nossa liberdade criativa.
Deixando estas casas arrumadas por agora, vamos às músicas que integram o álbum, usando as mesmas, sem pedir perdão e sem pudor, para vos meter a falar de imaginários “assuntos locais” com músicos locais, com quem se cruzam nestas casas locais.
Trabalhar/ cruzar caminhos/ conviver/ tocar/ com veteranos como, e.g., Victor Torpedo ou Carlos Mendes é trabalhar ao lado de “reis”? São os affairs que tornam tudo mais apetitoso na vivência da música, na vossa cidade?
RJ: É por aí, sim.
HT: Para nós e para eles. A Blue House, a brincar a brincar, conseguiu juntar a malta quase toda de Coimbra. Andava tudo disperso, cada um sabia de si só e a Blue House e a Lux Records conseguiram juntar todos, o que é mais que óptimo. Porque há mais partilha de experiências, mais affairs.
RJ: Até para o público é melhor. Passa a haver mais motivos de interesse, passando a conhecer uma banda através de outra que está nesta mesma casa.
Intervalo para uma dúvida que não é tão local.
Que vem a ser isto de super diversão na Galiza? Também já há affairs por lá?
RJ: Conchitas!
HT: Sim, Conchitas! (risos).
JC: (Risos).
RJ: Essa música surgiu por um motivo simples. Quando tocávamos/ tocamos na Galiza e noutros sítios a música “One Thousand Kisses In Cardiff”, do álbum “Love Is Not Enough”, eu apresentava a música falando da nossa ida a Cardiff e, normalmente, não dizendo sempre as mesmas coisas, fazia e faço uma espécie de ligação do viajar até Cardiff e o viajar até ao sítio onde estamos a tocar, chegando a dizer que a música se passaria a chamar, por exemplo, “One Thousand Kisses In Pontevedra”. Fazia e faço isto também em Portugal, mas muitas vezes, na Galiza, no final dos concertos, o público vinha ter connosco e dizia que tínhamos era de fazer uma música sobre a Galiza. “Nós queremos uma música sobre a Galiza”. Fomos respondendo que sim, um dia e tal, e pronto. Ei-la!
JC: E tem toda a lógica haver uma música sobre a Galiza. A primeira vez que tocámos fora de Portugal, foi na Galiza.
HT: Já tínhamos uma música sobre Cardiff, o Loreto, Berlim… tinha de ser a Galiza.
RJ: E porque nas músicas falamos muito do ir, do viajar, de vivências. Em suma, foi um agradecimento à Galiza por tão bem nos receber, sempre.

© Sara Quaresma Capitão
Dúvida esclarecida, vamos então tirar, ou não, já que continuamos num universo de relações locais, as vossas músicas do contexto. Cada um por si ou em uníssono…
A quem davam uma boleia gritando “Get In” para ir convosco dar um giro, sem trajecto definido?
RJ: Para destino incerto, escolho o Samuel Silva [The Twist Connection, The Jack Shits]. Pois é um rapaz bem parecido.
JC: Mau…
RJ: É para destino incerto, Joana! Dá sempre jeito gente bem parecida, uma pessoa não sabe ao que vai e o Samuel é muito bom moço. Eu sei lá para onde é que vou… Se souber que vou para uma ilha, posso escolher um. Se souber que vou para uma discoteca, posso escolher outro. O Samuel tem boa figura para parte incerta, para ninguém se assustar connosco.
JC: Eu repetia a boleia que já dei ao Kaló [Carlos Mendes – Tédio Boys, Bunnyranch, The Twist Connection]. É uma excelente companhia, sendo um dos melhores contadores de histórias que há.
HT: O João Rui [a Jigsaw], desde que levasse uma marmita feita pela mãe. E porque ele percebe de tudo, até sabe coser botões!!
Com quem se deitavam, lá fora, a ponderar sobre a vida nuns “Endless Summer Days”, admirando um “Pitch Black Infinite Sky“?
Uníssono: Kaló! (Risos).
RJ: Carlos “O Filósofo” Mendes.
HT: Grande!
JC: Não há volta a dar, Kaló.
A quem perguntariam o que fazer quando estivessem mesmo em baixo num pedido de make it “Work It Out”?
RJ: Victor Torpedo [Tédio Boys, Tiguana Bibles, The Parkinsons]. Com o Vitinho é para fazer, não é para pensar sobre o assunto e eu gosto disso. Além de ter um sorriso sempre contagiante.
JC: Subscrevo.
HT: Escolhia estes meus dois compinchas.
Quem convidavam para uma pratada de gambas agridoce numa onda de “sweet and sour” e sem autorização para dizerem “I Never Wanted That”?
Uníssono: Tracy Vandal [Tiguana Bibles, a Jigsaw]!
RJ: Porque gostamos de Scottish Breakfast.
HT: E porque a nossa Tracy também é sweet and sour.
Quem levariam a dar umas braçadas – em jeito de “Come Into The Water” – e que algo irritante lhe fariam, na praia ou na piscina?
RJ: Pedro Serra [Tiguana Bibles, Portuguese Pedro] porque como ele está sempre muito bem apessoado, na praia com camisas havaianas, enquadrava-se bem. Para o irritar metia Techno a passar numa boombox.
JC: (risos). O Calhau [Pedro Antunes – Wipeout Beat, Bunnyranch, a Jigsaw], na praia parece-me bem.
HT: Joana, diz-me como é que conseguias irritar o Calhau?
JC: (Risos) Tens razão. É impossível chatear o Calhau.
HT: Eu escolhia o Kaló e obrigava-o a levar chinelos!
“Andava tudo disperso, cada um sabia de si só e a Blue House e a Lux Records conseguiram juntar todos, o que é mais que óptimo. Porque há mais partilha de experiências, mais affairs.“
Em que cabeça gostariam de mergulhar, esmiuçar e decifrar até ao fim, já que dizem “I Won’t Go Down Without A Fight”?
RJ: Escolhia o Jorri! Para perceber como é que ele consegue meter ali, dentro daquela cabeça, tanta música, de tantas bandas tão díspares, tocando tantos instrumentos diferentes. Queria entender como é que aquela livraria se organiza ali, naquela cabeça.
HT: O Samuel Silva e descobrir como é que ele consegue manter-se uma pessoa do mais puro que há. Pois ele não bebe, não fuma, não come doces, nada, nada, nada. Não tem vícios, pai de família, saudável, sempre impecável e toca em duas bandas que… Aquilo é rock pesado (em tronco nu, numa) e não se abandalha, nunca. Como é que aquela cabeça consegue gerir tudo?!
Joana, não te surge ninguém?
JC: É difícil…
HT: Na cabeça do Jerónimo!
RJ: Não vale a pena gastar ficha comigo, sou transparente (risos).
JC: Repito o Kaló, para aprender a tocar bateria. Entrava na cabeça para decifrá-la no ponto de vista rítmico, apenas e só! (Risos). Que aquela cabeça é todo um universo imenso.
Com quem se torna quase impossível não encostar o ouvido para ouvir novas músicas, ainda por editar, pois “We hear them right next door” em “Local Affairs”?
JC: Já aconteceu.
RJ: E é daí que vem a letra. Estou curioso para ouvir o que quer que venha dos a Jigsaw. De todas as bandas daqui, são os que estão há mais tempo, creio, sem editarem um novo trabalho.
HT: Eu não sou cusco! Bom, acabamos sempre por ir ouvindo alguma coisa já que o estúdio de gravação está ali ao lado da sala de ensaios. Depois o computador está ligado, alguém está a trabalhar num álbum e acabamos por ouvir. Mas eu não sou cusco, note-se!
A quem metiam um vestido só pelo gozo de depois lhe dedicarem a música “Let’s Get On With Taking Off Your Dress”?
HT: O Calhau! Espera, não…
JC: Eu gostava de ver João Rui!
HT e RJ: Sim! Uníssono!
RJ: O João Rui, em palco, assume sempre aquela postura mais séria, mais dramática, mais carregada. Assim, no sentido do contraste, o vestido era perfeito.
Por fim, e não se tivessem metido a jeito para o cliché, “What Happens Next?”, “Across The Woods Of How” no grande mundo Birdiano? Isto já que as últimas perguntas foram “Messing With Your Mind”.
RJ: Essa pergunta foi “Close But No Cigar”. (Risos). Em boa verdade, não faço ideia. Grande volta para perguntares planos para o futuro.
Exacto. Meteram-se a jeito…
RJ: Quero mais affairs, mais concertos, mais Galizas desta vida, mais tudo, mais discos, mais público… mais.
HT: O único menos que eu quero é tempo livre.
RJ: Exacto, mais tempo ocupado.
JC: Subscrevo tudo.
Resta-me terminar com “It’s All Over (But You’re So Beautiful)”!
E assim se mostra que a geometria no início falada já não é tão simples. Às melodias com a viciante simplicidade – e travo indie-pop – que lhes reconhecemos, os Birds juntam agora mais pontos e mais planos. Ganham corpo. É impossível não sentir a pulsão ritmada do baixo, o impulso mais forte da bateria e arranjos mais elaborados que, juntos, dão toda uma nova dimensão à música ao trio de Coimbra, que, aqui e ali, nos aparece em forma de quarteto.
É ouvir o álbum. É ir aos concertos já confirmados:
19/04 – Sociedade Harmonia Eborense, Évora.
20/04 – Teatro do Bairro, Lisboa.
27/04 – Festival Por Estas Bandas, Cem Soldos.
17/05 – Gretua, Aveiro.
18/05 – Maus Hábitos, Porto.
25/07 – Green Week, Guimarães.
10/06, 18h30 – Rádio Faneca [radio showcase], Ílhavo.
15/06, 21h30 – FNAC Colombo, Lisboa.
16/06, 17h00 – FNAC Vasco da Gama, Lisboa.
16/06, 21h00 – FNAC Oeiras Parque, Oeiras.
23/06, 21h45 – Teatro da Cerca de São Bernardo, Coimbra.
06/07 – TBA, Ponte de Lima.
07/07 – Casa do Povo, Ovar.
19/07 – Zaragoza, Espanha.
20/07 – TBA, Espanha.
21/07 – Barcelona, Espanha.
22/07 – Montgat, Espanha.
23/08 – TBA, Vila Real.
19/10 – Casa da Cultura, Setúbal.•