A Quinta de la Rosa, histórica produtora de vinhos do Porto e do Douro, decide apostar na produção de cerveja artesanal na mais antiga antiga região demarcada do mundo. As primeiras edições da La Rosa IPA e da La Rosa Lager já estão no mercado.
Kit Weaver (filho de Sophia Bergqvist); Rita Agrellos (responsável de marketing) e Pedro Pimenta (dono) da DCN Beers, distribuidora das cervejas; Sophia Bergqvist (gestora da Quinta de la Rosa) e Jorge Moreira (enólogo)
Na apresentação e prova das duas cervejas que decorreu na Cantina 32, no Porto, e contou com os principais protagonistas desta história, Sophia Bergqvist começa por contar como tudo começou: “Tenho um amigo que é mestre cervejeiro em Cambridge. Chama-se Richard Naisby e todos os anos vem ao Porto jogar cricket e segue, depois, para uns dias de descanso na Quinta de la Rosa. Num desses momentos ‘em família’ na quinta começamos a falar de cerveja e no facto de alguns produtores de espumante, em Inglaterra, estarem a estender o negócio à cerveja. Então, pensei em aproveitar as cubas de inox que usamos no vinho para a cerveja. O meu irmão [Philip Bergqvist também proprietário da Quinta de la Rosa] e o meu filho ficaram de imediato muito interessados em avançar com o projeto e o Jorge Moreira também”.
Da ideia à prática foi um passo e Jorge Moreira foi até Cambridge onde aprendeu o processo da produção cervejeira com Richard Naisby especialista em cervejas que vem utilizando o Vinho do Porto da Quinta de la Rosa na sua Stout Marcus Aurelius. Mas o caminho não foi fácil. Sophia Bergqvist conta-nos que gosta de desafios. Porém, “os primeiros passos foram muito complicados, houve muita troca de e-mails. Fazer cerveja em casa pode ser fácil, mas de forma séria é complicado”. Ou seja, entraram nesta aventura pensando que o equipamento que tinham para fazer vinho e que passa a maior parte do ano inutilizado dava para produzir cerveja. No final, deram conta que tiveram de comprar praticamente tudo.
Voltando à questão inicial, perguntamos ao enólogo Jorge Moreira quais as semelhanças e diferenças na produção de vinho e de cerveja. Para começar ambas fazem parte da história do desenvolvimento do homem, nomeadamente da agricultura: o vinho com a viticultura e a cerveja com a cultivo dos cereais. Ambas passam pelo processo de fermentação durante o fabrico, onde também são utilizados conceitos, como aromas, perfis e equilíbrio. Quanto às diferenças a base do vinho é a uva, só se faz fermentação uma vez por ano e o tempo melhora. Por sua vez, na cerveja a base é o lúpulo, é possível fazer inúmeras fermentações por ano e quanto mais jovem e fresca se beber, melhor.
Tanto uma como outra são bebidas bastante apreciadas e penso que ambas podem ter o seu espaço à mesa. Sem medos.
Para começar, uma Lager e uma IPA, s.f.f.!
La Rosa Lager (5,5%; €3,50) harmonizou com uma caldeirada de lulas e camarão 32
A La Rosa Lager é de cor dourada e tem paladar fresco e prolongado com acidez q.b.. Na produção feita em pequenos lotes de cerca de 1000 litros cada, foi utilizada a cevada Maris Otter com variedades de lúpulos e fermentos. Alguns lúpulos foram adicionados durante o processo de produção. A fermentação ocorreu em cubas de inox por dez dias, durante os quais permaneceram a uma temperatura de 10°C.
La Rosa IPA (7,0%; €3,50) acompanhou vitela na brasa à Lafões com batata a murro e salada básica
La Rosa IPA (Indian Pale Ale) apresenta também uma cor dourada mas mais escura. Na boca predominam notas de frutos cítricos e nuances florais, características provenientes dos lúpulos utilizados e das barricas onde esta cerveja estagia. É encorpada, com um pronunciado amargor, o que a torna fresca e fácil de beber. Produzida em pequenos lotes de cerca de 1000 litros cada, a La Rosa IPA é feita a partir de cevada maltada Maris Otter adicionada a uma variedade de lúpulos e fermentos, alguns dos quais são acrescentados ao longo das várias fases de produção. A fermentação decorreu em cubas de inox a uma temperatura controlada de 10.° C durante cerca de dez dias. Depois de estabilizada, metade da cerveja foi guardada em barricas de carvalho usadas durante o estágio dos brancos que dão origem aos La Rosa Reserva.
Resta acrescentar que lá para o verão estas duas referências terão a companhia de uma Stout.
A experimentar! Procure-as no Porto, Lisboa, Algarve, Madeira e claro, no Restaurante Cozinha da Clara, da Quinta de la Rosa, no Pinhão, onde poderá também experimentar todos os vinhos do Douro e do Porto produzidos na casa. •
+ Quinta de la Rosa
© Fotografia: João Pedro Rato
Partilhe com os amigos: