“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” {Fernando Pessoa}
Subindo, do Miradouro de São Pedro de Alcântara, pela rua D. Pedro V paramos antes de chegar ao eclético Príncipe Real. Estamos em frente à esplanada preenchida de forasteiros do número 44. Lá dentro, o pequeno espaço é invadido pela luz da rua, mas tem um ambiente algo intimista.
Estamos no restaurante Pão à Mesa, com certeza. No espaço, decorado com elementos que nos remetem para a cultura portuguesa, sem entrar na vulgaridade estética, encontramos garrafas e garrafões que viraram candeeiros, no chão mosaicos axadrezados e pelas paredes cruzam-se imagens a negro de Amália e Camões com poemas dos ilustres Florbela Espanca e Fernando Pessoa. O conceito foi criado pela anfitriã Andreia Duarte, sócia gerente do espaço que nos confessa que foi preciso ultrapassar diversos obstáculos para encontrar alguém que produzisse e colocasse em prática algumas destas ideias.
Entrada: Bacalhau confitado com grão, bulgur, quinoa e molho de tomate assado com funcho
Do espaço para o repasto. O conceito gastronómico do Pão à Mesa traduz-se num restaurante de comida típica portuguesa que nasceu da ideia de um diálogo entre o cliente e o empregado de mesa em que o primeiro pergunta “Tem pão?” e o segundo responde com simpatia “Com certeza!”
O pão, propriamente dito, elemento fundamental numa mesa portuguesa, no início tinha uma presença mais acentuada em muitos dos pratos principiais continua a existir, mas mais discretamente.
Entrecosto de porco assado com pimentão fumado e grelos à provinciana com ovo escalfado
À frente da cozinha, como consultor, está António Amorim, chef que já passou por restaurantes distinguidos com estrelas Michelin como o Feitoria do hotel Altis Belém Hotel & Spa ou o Villa Joya, apresenta uma carta para os meses de primavera/verão, baseada em produtos portugueses como o refrescante escabeche de carapau braseado com batata doce (prato de entrada) e o prato de carne entrecosto de porco assado com pimentão fumado e grelos à provinciana com ovo escalfado ou tradicionais na nossa cozinha como o bacalhau confitado com grão, bulgur, quinoa e molho de tomate assado com funcho (neste caso a quinoa poderia talvez ser substituída pelos cuscos de Trás-os-Montes, para levar mais à letra o conceito).
Creme de bolacha com caramelo salgado, amoras, coulis de pêssego e um sorbet de maracujá no topo
Para o pospasto uma chávena de creme de bolacha com caramelo salgado, amoras, coulis de pêssego e um sorbet de maracujá no topo.
Para além destas sugestões existem outras opções para entradas, pratos principais de peixe, carne e vegetarianos e sobremesas. A carta não é muito extensa, mas é diversificada o suficiente para agradar a diferentes paladares.
E como “Numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa…” uma palavra para a garrafeira que abarca uma boa variedade de referências vínicas de Portugal. Sem ficar pelas regiões mais óbvias, tem também vinhos das menos conhecidas como este Casal Faria Reserva da Quinta do Gago, localizada em Sonim, região de Trás-os-Montes. Um DOC transmontano com um lote feito a partir das castas Tinta Amarela, Bastardo e Touriga Franca, e estágio em barricas de carvalho.
Bom apetite! •