Está de regresso o Open House Porto – evento internacional de promoção da arquitetura e património edificado, criado em Londres por Victoria Thornton. A arquitetura das cidades do Porto, Gaia e Matosinhos volta a mostrar-se ainda neste Junho.
Com mais de 20 anos de história, o Open House estende-se atualmente a mais de 40 cidades em todo o mundo, tendo como objetivo dar a conhecer e estimular o interesse de todos pela arquitetura de excelência através de visitas gratuitas a edifícios das mais variadas épocas e tipologias, cuidadosamente selecionados pela sua relevância arquitectónica e histórica. Com certeza um evento que já faz parte da sua agenda cultural se na arquitectura tem uma curiosidade ou amor maior.
Depois do enorme sucesso das três primeiras edições, com 11 000 visitas realizadas em 2015, 30 000 em 2016 e 25 000 no ano passado, a quarta edição do Open House Porto tem data marcada para os dias 30 de Junho e 1 de Julho (este fim-de-semana). No horizonte, um vasto conjunto de espaços do Porto, Gaia e Matosinhos vão abrir as suas portas, mostrando a excelência do património arquitectónico das três cidades. Para esta edição está prevista uma consolidação do roteiro com 65 espaços, mais cinco do que na edição anterior. De notar ainda que 70 por cento dos espaços são inéditos nesta edição, apenas 30 por cento se repetem de edições anteriores.
Organizada e produzida em exclusivo pela CASA DA ARQUITECTURA (CA) – Centro Português de Arquitectura, a edição 2018 do Open House é comissariada pelos arquitetos Inês Moreira e João Paulo Rapagão, cujo roteiro “oferece uma oportunidade única para se descobrir e usufruir de locais singulares, novos ou antigos, prostrados no tempo, recuperados ou reconstruídos”.
Segundo Nuno Sampaio, diretor-executivo da Casa da Arquitectura, o Open House Porto é “o único em todo o mundo a ser feito em três cidades”. Este ano, vinca, é ainda mais “especial” por ser “o primeiro com a Casa da Arquitectura construída“, sendo que esta acabou por servir de matriz ao Open House deste ano, “porque encaixa no mote do Porto industrial e do trabalho”.
Contando com a parceria estratégica das Câmaras Municipais do Porto, Gaia e Matosinhos, o Open House Porto pretende continuar a afirmar-se como um dos momentos culturais mais significativos do ano. Para que cada edição possa ser original e irrepetível, o foco curatorial desta edição “centra-se em arquiteturas de utilização industrial e naquelas de sustentação das suas atividades”, “numa demonstração clara de que as cidades que herdámos souberam assimilar e conciliar a indústria com os diversos usos que as estimulam e mobilizam”, referem os comissários. Segundo Inês Moreira e João Paulo Rapagão, “a indústria gerou e operou mutações profundas” nas três cidades “em terrenos diversos associados ao rio e aos transportes, à energia e às infraestruturas civis, gerando também os vazios que se transformaram em novas oportunidades urbanas”. Nestes dois dias, “convidam-se TODOS a utilizar e explorar esta grande engrenagem que é a cidade, máquina considerada por muitos o maior invento produzido pelo Homem e pelo Tempo”.
Apresentando, agora, os curadores.
Inês Moreira é arquiteta e uma ativa curadora, editora e organizadora cultural. Investigadora de Pós-Doutoramento no Instituto de História da Arte [FCSH, NOVA] e Professora Auxiliar convidada na FBAUP. Atual coeditora do Jornal Arquitectos. Doutora em Curatorial Knowledge pelo Goldsmiths College [University of London, 2014], Mestre em Architecture and Urban Culture pelo Metropolis [UPC/CCCB, Barcelona, 2003], licenciada em Arquitetura [FAUP, Porto, 2001]. Curadora principal da exposição permanente da Casa da Memória de Guimarães [2014-2016], programadora de Arquitetura na Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura [2010-12], coordenadora de gabinete no Instituto das Artes do Ministério da Cultura [2003-2005]. Desde 2001, foi curadora e cenógrafa de exposições em diversos países.
João Rapagão termina em 1992 o Doutoramento Arquitetura Moderna y Restauracion na Escola Técnica Superior de Arquitetura da Universidade de Valladolid, onde desenvolve atualmente a dissertação para Doutoramento em Arquitetura. Licenciado em Arquitetura [FAUL, Lisboa, 1988], é Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada desde 1997, e do Departamento Autónomo de Arquitetura da Universidade do Minho (2002/08). É Bolseiro da FCT (1996) e da Fundação Calouste Gulbenkian (1994). Preside ao Conselho Diretivo Regional do Norte da Associação dos Arquitetos Portugueses e da Ordem dos Arquitetos (1996/98). Integra o Conselho de Administração da Fundação para o Desenvolvimento da Zona Histórica do Porto (2000/02). É editor científico e autor do Guia de Arquitetura do Porto 1942|2017, recentemente editado pela A+A Books.
Nas palavras de Inês Moreira e João Paulo Rapagão, as linhas que os conduziram: “Open House Porto 2018 é um acontecimento que, desde 2015, move as cidades de Matosinhos, Porto e Gaia ao revelar arquiteturas de qualidade excecional e original habitualmente vedadas ao grande público. Desde 1992 que o Open House abre as portas da arquitetura a TODOS em mais de 40 cidades de todo o mundo e, em Portugal, também em Lisboa. O programa oferece uma oportunidade única para se descobrir e usufruir de locais singulares, novos ou antigos, prostrados no tempo, recuperados ou reconstruídos.
Este ano, o foco curatorial centra-se em arquiteturas de utilização industrial e naquelas de sustentação das suas atividades, sejam de produção ou de habitação, mas também de vocação institucional, seja social ou cultural, numa demonstração clara de que as cidades que herdamos souberam assimilar e conciliar a indústria com os diversos usos que as estimulam e mobilizam. Abrem-se arquiteturas abandonadas, revelam-se outras renovadas ou revalidadas por usos compatíveis e úteis para o futuro, respeitando a memória e a história, tanto na sua dimensão simbólica como enquanto matéria-prima para as novas intervenções. Entre estes dois limites de atuação dos arquitetos, ora preservando ora transformando, oferece-se a visita a obras com abordagens diferenciadas, propondo alargar os debates que hoje decorrem sobre a transformação das cidades, crescentemente assediadas pelo turismo.
Open House 2018 procura ainda desmontar tabus sobre a presença da indústria nas três cidades. Os cerca de 60 edifícios selecionados procuram desmistificar a conotação pejorativa da indústria. Tantas vezes, foi dela o salto de modernidade e urbanidade, de afirmação e de promoção de cidade, a razão de introdução e atualização de infraestruturas e, também, de mobilidade, de vitalidade identitária ou de crescimento demográfico. Hoje, as indústrias atuais são de novo estimulantes para as cidades, atraindo variados usos habitacionais, comerciais, sociais e culturais, e outras formas de revitalização que interessam perceber e promover para garantir a diversidade e a qualidade da urbe.
A indústria gerou e operou mutações profundas nas cidades de Matosinhos, Gaia e Porto em terrenos diversos associados ao rio e aos transportes, à energia e às infraestruturas civis, gerando também os vazios que se transformaram em novas oportunidades urbanas. Interessa por isso, hoje, visitar e enquadrar esta vocação ancestral e, perante a perspetiva de um desaparecimento dos vestígios industriais, importa visitar os exemplos que, cada vez mais, recorrem às novas tendências tecnológicas e informáticas capazes, também elas, hoje, de legitimar e exortar a cidade.
As visitas decorrem a 30 de junho e 1 de julho e são orientadas pelos autores das obras, por especialistas convidados e por voluntários qualificados para enquadrar os aspetos mais distintivos dos imóveis selecionados. Nestes dois dias, convidam-se TODOS a utilizar e explorar esta grande engrenagem que é a cidade, máquina considerada por muitos o maior invento produzido pelo Homem e pelo Tempo.”
No Open House Porto o público é convidado a criar um itinerário de visitas durante o fim-de-semana. Os espaços têm diferentes horários de abertura e existem três tipos de visita: livre, acompanhada por voluntários e comentada por especialistas.
A maioria dos espaços não exige reserva pelo que as visitas são organizadas por ordem de chegada. Contudo, pelas suas características, alguns locais exigem pré-marcação. O evento conta com uma vasta equipa de voluntários presente em cada local para informar, aconselhar e acompanhar as visitas. Em cada espaço serão entregues o guia e o mapa do Open House Porto.
À semelhança da edição anterior, decorrerá também em alguns espaços do roteiro um conjunto de ações paralelas denominadas “Programa Caleidoscópio”. Este programa tem por objetivo apresentar outras perspetivas de exploração e ocupação dos espaços, voltando a apostar na dinamização de atividades e visitas que pretendem valorizar a acessibilidade, a inclusão, as crianças e famílias, assim como os cruzamentos interdisciplinares com outras artes.
Pela extensão do Mapa de espaços a poder visitar, convidamos a seguir o link no final desta nota para que nada lhe falhe e melhor possa organizar o seu mapa de espaços eleitos do Open House, deste fim-de-semana.
Um programa a não perder, neste próximo fim-de-semana. Rumamos ao Porto, Gaia e Matosinhos para descobrir uma “novas” cidades? •