No ano em que comemora 25 anos de atividade, a Casa da Cerca regressa à primeira exposição que realizou, em 1993, neste Dezembro, com desenhos de Amadeo de Souza-Cardoso e apresenta “O Futuro do Passado. Amadeo de Souza-Cardoso, Ana Jotta, Jorge Queiroz, Matilde Campilho”.
A exposição, que não vai querer deixar de visitar, baseia-se nos contos de Gustave Flaubert e, particularmente, no “A Lenda de São Julião Hospitaleiro”, que Amadeo de Souza-Cardoso copiou e ilustrou em 1912. Na presente exposição, estas ilustrações de Amadeo, expostas em grande escala, convidam-nos a navegar entre cada uma das páginas do livro, transformando o exercício individual de leitura numa experiência coletiva.
Colocando a contemporaneidade em diálogo com as obras de Flaubert e de Amadeo, a exposição “O Futuro do Passado” apresenta trabalhos de dois artistas contemporâneos – Ana Jotta e Jorge Queiroz – convidados a trabalhar sobre os outros dois contos do francês: “Um Coração Simples” e “Dança da Morte”, respetivamente. A exposição conta ainda com a poesia de Matilde Campilho que responde tanto ao conto de Flaubert “A Lenda de São Julião Hospitaleiro”, como às ilustrações de Amadeo. Nós dissemos que era a visitar!
A inauguração será marcada com um concerto pelo projeto This Was What Will Be, de Eduardo Raon (harpa e electrónica), João Hasselberg (contrabaixo) Luís Figueiredo (piano e eletrónica); um trio que cruza uma geometria variada e longa. Os três músicos residem, atualmente, em três partes do mundo bem dispares. Das paisagens montanhosas da Eslovénia, da planície dinamarquesa e do interior e centro português, o grupo reúne uma sensibilidade e uma sonoridade particulares. A música é a síntese da sua diversidade, num discurso que resulta, simultaneamente, de uma descoberta individual e coletiva. Luís Figueiredo é conhecido pela sua abordagem inovadora ao piano e pelos arranjos tão ousados quanto familiares. O baixo de João Hasselberg destaca-se como um veículo de uma rara beleza e melodias etéreas. De Eduardo Raon conhecemos a rebeldia face às convenções associadas ao instrumento que pratica. A harpa é, aqui, dissociada da sua tradição ocidental que outras tantas vezes a restringe. Este é um sistema musical que circula organicamente entre a improvisação e a composição original, num diálogo único.
Com inauguração marcada para o próximo dia 15 de Dezembro, pelas 18h00, a exposição ficará patente até ao dia 03 de Março de 2019. Não deixe de passar pela Casa da Cerca, em Almada. •