Cruzeiro Seixas, o nome maior do Surrealismo Português, que continua em atividade aos 98 anos, juntou-se a um nome importante da cena artística nacional, Alfredo Luz, para apresentar uma exposição inédita: 25 obras originais, idealizadas e pintadas em conjunto, batizadas de “cadáveres escondidos”.
Para Carlos Gonçalves, responsável pela galeria Artview, “esta exposição é única e, provavelmente, nunca mais se irá repetir. Cruzeiro Seixas e Alfredo Luz trabalharam durante meses neste projeto, entusiasmaram-se e pintaram 25 trabalhos lindíssimos!”. “Cruzeiro Seixas admira a obra de Alfredo Luz e quis realizar uma «espécie de passagem de testemunho»”, refere Carlos Gonçalves. “Cruzeiro Seixas, ao longo dos seus 77 anos de carreira, realizou ocasionalmente «Cadavres-Exquis» com os maiores artistas nacionais, desde a Paula Rego, Mário Cesariny, Mário Botas, Raul Perez, Carlos Calvet, António Areal, etc. Agora, elaborar 25 trabalhos em conjunto com um artista como o Alfredo Luz é inédito. É, sem dúvida, uma exposição imperdível, e seria um disparate não ter muitos visitantes!”, refere o mesmo responsável da galeria Artview.
Em 1925, os Surrealistas Franceses criaram um jogo coletivo intitulado “Cadavre-exquis”: o desenho é dobrado em tantas partes quantos os participantes que, sem verem o que o outro desenhou, tinham de lhe dar continuidade realizando um desenho totalmente livre de qualquer constrangimento autoral, racional ou estético. Os “Cadáveres Escondidos” de Alfredo Luz e Cruzeiro Seixas são falsos “cadavre-exquis”: os artistas vêem o trabalho um do outro, inspiram-se mutuamente, completam-se… Mas mantém-se o domínio do acaso, do inconsciente, do onírico, da liberdade absoluta.
Artur Cruzeiro Seixas é um dos precursores do movimento Surrealista Português, ao lado de Mário Cesariny, Carlos Calvet ou António Maria Lisboa. É autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia e nos objetos artísticos. O artista está representado nas coleções do Museu do Chiado (Lisboa), Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Biblioteca Nacional, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda (Vila Nova de Famalicão), Museu Machado de Castro (Coimbra), Museu Tavares Proença Júnior (Castelo Branco), entre outros.
Alfredo Luz nasceu em Riomeão, Santa Maria da Feira, a 31 de Outubro de 1951. Já expos nas melhores galerias de arte nacionais e diversos autores escreveram sobre a sua arte: Carlos Lança, António Campos, Eurico Gonçalves, Fernando Pamplona, Lima de Carvalho, Manuela de Azevedo, Porfírio Alves Pires, Rodrigues Vaz, Eunice Lopes, Baptista Bastos, Aliette Martins, Pedro Barroso, Inês Serra Lopes, Edgardo Xavier, Celestino Portela, Nuno Rebocho, Jorge Listopad, Egídio Álvaro e M. Raquel Costa. Alfredo Luz detém diversos prémios de Pintura e Desenho e a sua pintura foi objeto de dissertação de mestrado “A Fortuna Crítica do Surrealismo em Portugal: Dos Pioneiros a Alfredo Luz”, Universidade Nova de Lisboa, em 2011, por M. Raquel Costa.
A exposição “Impossivelmente Real” será inaugurada no próximo dia 11 de maio, pelas 18h00, e contará com a presença dos dois artistas. A exposição estará patente até ao próximo dia 15 de junho. A Galeria Artview situa-se na Rua Pinheiro Chagas 44, 1050-179, Lisboa; e pode ser visitada nos seguinte horário, das 10h00 às 19h00.
Não deixe de dar um mergulho no surrealismo português, através desta exposição exquisite. •