Vire-se a página da histórica Casa da Tapada

O potencial da Região Demarcada dos Vinhos Verdes foi a principal razão da aquisição desta quinta emblemática de Amares pelos proprietários da Herdade das Servas, no Alentejo. Os irmãos Serrano Mira têm, agora, todos os trunfos nas mãos para marcar uma nova era neste terroir minhoto.


O casario reúne a casa principal, a capela, a Casa do Guarda, a Casa da Eira e a Casa da Confraria
©Savage

Ao chegar à quinta da Casa da Tapada as tonalidades de verde sobrepõem-se a qualquer outra cor. Mesmo assim, o granito dos muros e do casario centenário fazem valer o peso da história, acrescentando valor a esta propriedade frondosa localizada em Amares, vila do distrito de Braga, adquirida, em 2018, pela família Serrano Mira, os produtores da Herdade das Servas, propriedade vinhateira situada a dois passos de Estremoz, no Alentejo. 

Mandada construir, em 1540, pelo poeta e humanista conimbricence Francisco de Sá de Miranda – e reedificada no século XVII e acrescentada no século XIX –, a casa principal desfruta de uma vista privilegiada sobre o vinhedo que se estende na paisagem idílica da envolvente. 

No patamar intermédio do casario está a capela de Nossa Senhora da Guia datada de meados do século XVII, prova da importância deste solar ornamentado com o brasão de armas da família Sottomayor, bem como a Casa do Guarda edificada no século XX. Mais acima estão a Casa da Eira e a Casa da Confraria. Todas destacam-se pelo estilo arquitectónico da época, com a predominância da rusticidade muito comum nesta área geográfica.

O que faz um alentejano na Região dos Vinhos Verdes?


Vista da frondosa mata para a vinha plantada em socalcos

“Faz vinho (risos). É uma questão emocional que vem de trás; diz respeito à nossa infância. Sempre houve Vinho Verde em casa dos nossos avós pela proximidade que existia com um produtor de Vila Nova de Famalicão”, revela Luís Serrano Mira, co-proprietário da Herdade das Servas, situada a dois passos de Estremoz, a “Cidade Branca” do distrito de Évora, sobre a aquisição da quinta da Casa da Tapada, de 24 hectares, em Amares, no coração do Minho e na sub-região do Cávado. É, simultaneamente, uma estratégia da família Serrano Mira: “A Herdade das Servas quem crescer, quer ter outras marcas.” 

Por isso procuravam, há mais de uma década, a oportunidade de investir neste terroir do extremo Norte de Portugal Continental. A ocasião tornou-se favorável já em 2017, ano em que iniciaram a compra desta propriedade. “Entendemos internamente que seria um bom desafio para todos e cá estamos a fazer alguns sacrifícios, porque sem eles é difícil fazer vinho fora que é a outra região”, conclui o nosso anfitrião.

Os primeiros passos desta nova era dos vinhos Casa da Tapada estão a ser dados na vinha de 12 hectares. O declive do terreno obriga a que seja efectuada uma reestruturação, daí que os patamares venham a ficar mais altos e largos. O objectivo é facilitar a mecanização na vinha, “devido à falta de mão-de-obra”, justifica Luís Serrano Mira. A replantação das castas brancas autóctones desta região – Loureiro e Alvarinho – são, também, uma prioridade estabelecida pela família e estão a ser trabalhados, na adega, pelo enólogo Ricardo Constantino, também ele o responsável por esta área na Herdade das Servas. 


O enólogo Ricardo Constantino reparte, agora, os seus conhecimentos com esta “nova” casa da Região Demarcada dos Vinhos Verdes
©Savage

A próxima aposta – fala-se – será a casta Arinto ou Pedernã, designação oficial para esta variedade de uva utilizada na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, a qual dará, eventualmente, corpo ao espumante da Casa da Tapada.

O jardim, com piscina e court de ténis, está igualmente a ser objecto de reorganização. Por essa razão, a curto prazo, não hão-de faltar razões para conhecer esta quinta. A poética mata, de dez hectares, é outro dos cartões de visita desta propriedade vinhateira, graças à sua beleza e densidade de verde a comprovar a designação desta região demarcada.

A dimensão da adega será aumentada em 2020, para dar resposta ao aumento de produção previsto para esse mesmo ano, tal como irá acontecer em 2019 comparativamente a 2018, quando foram produzidos cerca de 80 mil litros.


As colheitas de 2018 são as primeiras referências vínicas desenhadas pela equipa de enologia dos novos proprietários da emblemática Casa da Tapada

Desta colheita foram desenhadas duas referências de brancos de Denominação de Origem Controlada, as quais, de acordo com o perfil de ambas, estão recomendadas para o Verão. CT Grande Escolha Loureiro 2018 é feito a partir da casta homónima e está pronto a ser consumido. 

Casa da Tapada Superior Alvarinho e Loureiro 2018 é um vinho mais elaborado e tem, na sua composição, as duas variedades de uva branca típicas da Região dos Vinhos Verdes. A sua produção permite que tenha uma longevidade entre os três e os dez anos, pelo que pode ponderar se o vai abrir agora ou aguardar. Entrementes fica a sugestão de harmonizar os dois vinhos com saladas, mariscos, peixes, sushi e carnes brancas.

Fica ainda a sugestão de incluir a Casa da Tapada no roteiro de enoturismo de (re)descobrir, pois é possível visitar a quinta com um guia e fazer a prova vínica. Mais novidades virão em breve.

Brindemos! 


+ Herdade das Servas

Legenda da foto de entrada © Savage: Luís Serrano Mira, co-proprietário da Casa da Tapada e da Herdade das Servas

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