A paleta multiplica as cores, porque a propriedade está maior. A beleza da paisagem preguiça mais além, entre a flora e a fauna imensas, com a Casa das Pedras, a Casa das Artes e Ofícios, a Casa da Ribeira, a Casa do Ancoradouro e a Venda Grande a ampliarem a escolha de quem tanto aprecia este paraíso alentejano, agora com um conceito global chamado Malhadinha Collection.
À história da Herdade da Malhadinha Nova, a família Soares acrescenta, em 2008, uma nova página com a aquisição da Herdade do Ancoradouro, propriedade igualmente localizada a escassos quilómetros de Beja. Aquela converge, numa das extremidades, com a primeira. “A nossa vontade era trazer nova vida às ruínas”, confessa Rita Soares, CEO deste wine hotel de luxo edificado em pleno Alentejo. Abrangida pela Reserva da Biosfera de Castro Verde, a Herdade do Ancoradouro foi objecto de um levantamento exaustivo no campo geográfico, histórico, arquitectónico. “Propúnhamos ampliar o projecto turístico, plantar vinhas em zonas que não iram prejudicar a protecção/preservação das aves”, continua.
Das ruínas se construíram casas. Ou seja, à country house, de portas abertas, desde 2007, no Monte da Peceguina, soma-se o quinteto de novidades. Ainda dentro da herdade, e no mesmo monte, está a Casa das Pedras, visível da piscina que está junto à country house. O nome remete para a sua localização, já que está edificada sob um morro de pedras.
No exterior, a construção, predominada por betão com tratamento de cofragem em madeira, parece “diluir-se” na paisagem devido aos tons terra similares à paisagem que a circunda; enquanto no interior, o amarelo torrado e o cinza dominam na paleta de cores de peças decorativas meticulosamente escolhidos por Rita Soares para as duas amplas suítes.
Cada uma tem terraço privado e uma piscina de pequenas dimensões, para refrescar o corpo e a alma em dias quentes.
Mais além, junto à outrora Ribeira de Teres que, no passado, teve uma enorme importância para os habitantes das redondezas, está a Casa das Artes e Ofícios. Esta é predominada pelo verde concebido por pigmentos que, por meio de uma técnica orgânica aplicada pelo arquitecto Matteo Brioni, nascido em Gonzaga, na Itália, dão cor à grande parte das paredes do seu interior.
Constituído por dois andares – os dois quartos estão no piso superior – este edifício é uma espécie de núcleo expositivo de objectos criados por artesãos locais que remetem para as memórias das artes e dos ofícios de antigamente aliados ao ecossistema deste curso de água. A concretização dessas peças passa pelo cruzamento da abordagem contemporânea e criativa com a actividade artesanal posta em evidência por designers através da missão do Projecto Tasa – natural de terras algarvias –, no âmbito da sua extensão ao Alentejo, desta feita, sob a designação Tasa Alentejo executada em parceira com a Simbiose – associação centrada na promoção e valorização dos recursos naturais e tradicionais – e o apoio do município de Beja.
Os candeeiros Achigã, dispostos no tecto da Casa das Artes e Ofícios, surgem dessa sinergia resultante, por sua vez, de um convite feito pela Herdade da Malhadinha Nova. Ou seja, são inspirados na sabedoria de outrora e desenvolvidos pelo designer produto Hugo da Silva que, por meio da combinação de materiais naturais – como o buinho, planta endógena desta ribeira –, cores e texturas concedeu a forma a este conjunto de três peças interpretativas do achigã, peixe que, em tempos, viveu nas suas águas. No fundo, “foi uma forma de levar a natureza para dentro de casa”, remata Rita Soares.
A Casa da Ribeira é quase perpendicular à Casa das Artes e Ofícios, pois dá a sensação de quese despegou da primeira. Ali, o azul da água é transposto para o interior, predominando nas peças criadas por Marcel Wanders para a portuguesa Vista Alegre com o nome Blue Ming. Além da ampla divisão da entrada que compila as salas de estar e de jantar, e a cozinha, este edifício construído em banda tem três amplas suítes, com terraço privativo cada uma, e piscina com deck, onde preguiçam as chaise-longues.
Acima, no morro, está a Casa do Ancoradouro. A terracota, escolhida por causa da cor da terra, predominam nos pormenores e em objectos escolhidos para o seu interior.
Além do serviço com o mesmo nome, mais rústico, a Vista Alegre marca presença, novamente, com a assinatura de Oscar de la Renta num conjunto de peças da colecção Coralina. Em sintonia com peças de mobiliário restauradas a preceito, entre outras da autoria de conceituados designers conhecidos nos quatro cantos do mundo. Sem esquecer o Heracleum, o candeeiro de Marcel Wonders inspirado nesta mesma flor muito comum no Alentejo.
O conceito de casa de família foi, aqui, instituído e complementado por sete quartos espaçosos, com destaque para a enorme sala e cozinha, com um piano bar, no lado oposto, e para a piscina, no exterior, cuja vista alcança o infinito.
Já dentro da aldeia de Albernôa, a novidade estende-se à Venda Grande by Malhadinha. Esta está instalada numa casa onde, outrora, eram vendidos chapéus, tecidos, especiarias, entre outros produtos do quotidiano. Hoje, a sala remete para uma casa de família complementada por quatro quartos, cada um com cor própria.
Ao toque especial de Rita Soares, junta-se a concepção em papel da arquitecta Joana Raposo nesta propriedade imensa centrada na sustentabilidade. Desde o restaurante, com uma cozinha centrada, substancialmente, nos produtos da terra e na carne dos animais criados na herdade – com os chefs Joachim Koerper (consultor) e Rodrigo Madeira (residente) –, à vinha, de 85 hectares, que terá o certificado do modo biológico ainda este ano. Aqui, o principal foco está direccionado para os microbiowines, projecto implementado nas plantações mais recentes e executado apenas com castas portuguesas – Alvarinho, Arinto, Baga, Tinta Miúda, entre outras.
Toda esta mudança, motivada pelas novas casas – com abertura oficial a ter lugar a 21 de Fevereiro de 2020 – foi motivo para a criação de um conceito global, a Malhadinha Collection, onde se inserem a nova recepção cujo edifício está a ser construído ao lado do picadeiro, no alinhamento do casario que integra, também, a adega e o restaurante.
A nova identidade foi apresentada no Natural Wine Party by Malhadinha Nova, a festa que, este ano, marcou o fim da décima oitava vindima da família Soares e de toda a equipa desta herdade consolidada como unidade hoteleira constituída por um total de seis casas e 30 quartos envolvidos numa tranquilidade ímpar no coração do Alentejo.
[Artigo actualizado a 18 de Fevereiro de 2020]