Guimarães Jazz 2020

Os ritmos do jazz voltaram a despertar em Guimarães, ontem, mantendo as vibrações em alta até ao próximo domingo, dia 22 de novembro, com mais uma mão cheia de concertos, até de manhã.

Foram quatro os espetáculos que já honraram esta música nos palcos vimaranenses nesta 29.ª edição do Guimarães Jazz – Andy Sheppard ‘Costa Oeste’; Gabriel Ferrandini, João Barradas e Demian Cabaud (inicialmente na companhia de Peter Evans); César Cardoso Ensemble ‘Dice of Tenors’; Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz ‘Sombras da Imperfeição – Concerto Desenhado’ – e seguem-se mais cinco novos projetos a estrear em Guimarães com formações inéditas, numa edição brindada com novidades com forte ligação à história desta música chamada jazz: Projeto Big Band ESMAE / Guimarães Jazz (que subiu ontem ao palco); Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz; Radiohead Jazz Symphony & Orquestra de Guimarães; Julian Argüelles ‘Aqui e Agora’; Pedro Melo Alves’ Omniae Large Ensemble.  

© Sonoscopia, DR

Esta edição com essência de talento português (com mais de 100 músicos portugueses e alguns estrangeiros a viver em Portugal) apresenta-se às 19h30 nos dias úteis e às 10h30 ao fim de semana com casa principal no palco maior do Centro Cultural Vila Flor e pode ser antecipada em pormenor no link no final desta nota, onde se encontram igualmente disponíveis os ingressos para os concertos que variam entre o gratuito e os valores de 5 a 10 euros. 

Ontem, terça-feira dia 17 de novembro, o Grande Auditório do CCVF recebeu no seu palco a Big Band da ESMAE. Este ano, impossibilitados de realizar este projeto nos moldes habituais, em que os alunos da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo têm a oportunidade de trabalhar in loco e em residência com um compositor ou um grupo de jazz internacional, a parceria do Guimarães Jazz com esta instituição de ensino materializou-se num concerto concebido e dirigido pelos professores Paulo Perfeito e Telmo Marques, da própria instituição.  

Hoje, dia 18 de novembro, pelas 19h30, esta edição do Guimarães Jazz apresenta o projeto Sonoscopia, que aqui propõe um projeto colaborativo de eletrónica/percussão/vídeo com um quarteto multidisciplinar composto pelo duo de eletrónica digital @c (formado por Miguel Carvalhais e Pedro Tudela), o percussionista Gustavo Costa e o designer Rodrigo Carvalho a operar vídeo em tempo real.  

Amanhã, quinta-feira 19 novembro, às 19h30, chega a vez da Radiohead Jazz Symphony atuar em conjunto com a Orquestra de Guimarães sob direção do pianista e arranjador Reinout Douma, fundador da Nordpool Orchestra, interpretando o reportório da influente banda de pop-rock Radiohead, num concerto gratuito. Após várias edições bem-sucedidas nas últimas quatro edições do festival, o Guimarães Jazz volta a colaborar com a Orquestra de Guimarães, desta vez sob direção do já referido Reinout Douma, que virá acompanhado de seis músicos holandeses. No centro desta atuação estará o trabalho de reinterpretação jazzística do reportório da famosa banda pop/rock Radiohead, considerada por muitos como um dos grupos mais influentes da música popular dos últimos trinta anos. Liderados pelo iconoclasta Thom Yorke, os Radiohead são reconhecidos pela sua lírica mas também pela idiossincrasia do seu idioma musical e pela originalidade da sua identidade estética, qualidades que Reinout Douma e o seu ensemble exploram dentro de um vocabulário puramente jazzístico. 

© Radiohead Jazz Symphony, DR

No dia 20, sexta-feira, no mesmo horário, os holofotes iluminam as notas de Julian Argüelles, um cúmplice de longa data do festival, que acompanhou de perto a sua afirmação no circuito jazzístico do mais alto nível e que aqui atuará em septeto, um ensemble de bons músicos portugueses que interpretará as composições de Argüelles naquela que será a estreia absoluta deste ensemble. Julian Argüelles é um músico com uma relação de grande proximidade com Portugal, país onde vive, e em particular com o Guimarães Jazz, em que atuou por diversas ocasiões e em diferentes projetos. Na sua edição de 2020, o festival assistirá à estreia absoluta do projeto ‘Aqui e Agora’. Deste septeto, liderado por Argüelles e composto por um conjunto de nomes importantes do jazz português (entre eles, o saxofonista João Mortágua, o vibrafonista Eduardo Cardinho e o guitarrista André Fernandes) e que será o veículo de interpretação das composições do saxofonista britânico, espera-se uma música na qual pulsa pós-bop que se tornou nos últimos anos o cânone do jazz contemporâneo, mesclado com as influências de outras latitudes musicais que habitualmente associamos a Argüelles. 

A 29.ª edição do festival encerra com uma grande formação em palco (como é habitual) no domingo, 22 de novembro, a partir das 10h30, com o Pedro Melo Alves’ Omniae Large EnsemblePedro Melo Alves é um baterista e compositor que se move preferencialmente pelos territórios mais tangenciais do jazz, incorporando elementos do rock e do experimentalismo na sua música, e apresentará, por proposta do Guimarães Jazz, uma versão alargada do seu Omniae Ensemble, originalmente um septeto reconfigurado numa big band de vinte e três músicos e uma instrumentação invulgar que inclui uma secção de vozes e percussões eletrónicas dirigida pelo percussionista e maestro Pedro Carneiro. Esta atuação, que encerrará a edição de 2020 do festival, marcará assim a estreia absoluta de um projeto musical ambicioso de um músico e compositor heterodoxo, criador de uma música alinhada com as tendências estilisticamente desterritorializadas da música global do século XXI e que, independentemente das considerações acerca das suas caraterísticas formais, sugere a vontade de construir uma identidade musical própria capaz de atingir níveis superiores de ressonância emocional e estética.

Os concertos têm todos lugar no Grande Auditório do CCVF à exceção do concerto do Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz com palco no Pequeno Auditório do mesmo espaço.

A ir, com máscara colocada e cumprindo as demais recomendações da DGS.
Rume ao CCVF e sinta o Jazz com toda a segurança. •

+ CCVF
© Fotografia de destaque: Julian Argüelles, por Miguel Estima.

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