Neste continuum pandémico difícil de ter um fim – requerendo o nosso esforço colectivo de ficarmos por casa – os espaços culturais, na medida do possível, procuram alternativas para que a cultura continue a chegar até si. Em Coimbra, o Centro Cultural Penedo da Saudade (CCPS) – Instituto Politécnico de Coimbra – é um desses espaços que arregaça as mangas, une esforços com programadores vários da cidade, e procura levar até si momentos culturais através das suas plataformas online.
Com uma programação que vão afinando e detalhando sempre que lhes é possível, dentro do que é gerir o CCPS durante um confinamento obrigatório, fizeram chegar até nós um alinhamento para o mês de fevereiro e já um a espreitar em março, que o desafiamos a conhecer.
Nos destaques colocaríamos Senhor Doutor, já no próximo dia 13/02 – já o temos da casa, aqui na Mutante (reler aqui). Senhor Doutor é nome próprio de uma força maior musical que se apoderou de um ser com nome de baptismo Jorge Ferreira (Senhor Doutor, Pinto Ferreira, The Guys From The Caravan). Nascido e criado no meio da sobrevivência questionável, este Senhor Doutor (que se diz vestido por Jorge Ferreira, mas cremos que o Ferreira já pouco opina quando abduzido pelo excelentíssimo Senhor Doutor) vive no sentimento fantasma de pertencer sempre a outro lugar, que por fatalidade nunca irá ocupar. A Mutantes, que já se cruzou com ilustre figura da sociedade portuguesa por algumas vezes em palcos por aí, quase que diríamos que é Senhor Doutor de Filoxeras e demais Maleitas. Ver e ouvi-lo é terapêutico, e ajuda a afastar pandemias.
Seguimos para Madressilva, no dia 27/02, para um Concerto de Inverno. Aqui, vamos assistir ao encontro de uma guitarra oriunda do jazz com instrumentos do universo tradicional português – cavaquinho, bandolim, flauta, concertina. No concerto é-nos proposta uma viagem por Portugal e pelo Mundo através de um esperanto: a música. Madressilva é um projecto formado em 2020 por Guilherme Pinto (Susana China) e Pedro Damasceno (Diabo a Sete).
Por fim, já em março, as atenções estão todas em Leonel Mendrix, perdão, no Rapaz Improvisado. Na sua identidade está o instrumental mergulhado num registo de banda-sonora, a saber a noir-jazz-surf-blues, com nuances de sci-fi rock experimental, sem perder o ambiental e de, claro, o seu improviso. Uma espécie de alter-ego cujo o nome nos leva, sem falhar um dedilhar, para o caminho estético que percorre nas suas guitarras. Com três álbuns editados, por detrás deste Rapaz Improvisado está Leonel Mendrix, também compositor e ligado a projectos como: Sinestetas Albinos, Miss Cat, Rapaz Cão e, presentemente, Fio-Manta. Já tendo marcado presença em concertos deste Rapaz, atestamos vale a pena conhecer.
Sem mais demoras, o alinhamento completo que nos chegou à Mutante:
13/02, 16h30 – Concerto com Senhor Doutor; (Colaboração BLUE HOUSE).
19/02, 18h00 – Concerto de Inverno com João Nuno Teixeira; (Colaboração Coletivo CAiS).
20/02, 16h30 – Descobrir Pessoa II com Signa Poesis.
24/02, 18h00 – Conversa de Viajantes «Argélia: a descoberta de um tesouro do Magreb!», com Teresa Nascimento.
27/02, 16h30 – Concerto de Inverno com Madressilva; (Colaboração Coletivo CAiS).
04/03, (Horário a definir) – Música ao Centro com Rapaz Improvisado, uma colaboração com a Blue House (ver anexo a apresentação); (Colaboração BLUE HOUSE).
A tomar nota. A ver e ouvir, através do Facebook do Centro Cultural Penedo da Saudade, no seu sofá de eleição, o de sua casa. •
