As vinhas velhas desta sub-região, localizada no sudoeste da Região de Trás-os-Montes, reúnem um património vitivinícola, que António Boal quer preservar, para mostrar ao mundo o potencial das castas portuguesas.
As Arribas do Douro, em Sendim, a freguesia mais a sul do concelho de Miranda do Douro, são o berço das vinhas velhas da Costa Boal. Este património vitivinícola tem no Rio Douro a influência profunda na cultura vinhateira a par com os afloramentos graníticos e as grandes amplitudes térmicas, com destaque para o calor avassalador no Verão, que, somados à acção do Homem, resultam no terroir característico desta terra longínqua do mapa de Portugal Continental, onde prevalecem os usos e costumes.
É precisamente este respeito pela tradição, que António Boal, responsável pela empresa familiar Costa Boal, quer perpetuar, arriscando em perfis diferentes, apresentados no restaurante Eleven (1 estrela Michelin), em Lisboa, que tem Joachim Koerper como chef desde o primeiro dia.
Alinhado com esta vontade de fazer diferente, Paulo Nunes, enólogo da Costa Boal, decidiu produzir um monovarietal feito a partir de Tinta Gorda, casta típica da sub-região do Planalto Mirandês, pela atenção que despertou aquando dos estudos feitos em 2019 e 2020, na vinha.
Preservada pelo isolamento a que este território foi submetido, esta variedade de uva foi vindimada, para dar corpo ao Palácio dos Távoras Tinta Gorda 2020 (€37). “É uma estreia absoluta para a Costa Boal no Planalto Mirandês”, afirma o enólogo deste projeto, que refere ainda a heterogeneidade desta casta pouco tintureira, ou seja, que atribui ao vinho uma intensidade de cor baixa. Às notas de fruta vermelha, acresce a delicadeza e a persistência. “São vinhos descomplicados” e feitos “pelo prazer de beber um vinho”, declara Paulo Nunes.
O Planalto Mirandês e as tradições vitícolas que lhes estão associadas assumem novamente protagonismo com Palácio dos Távoras Bago a Bago tinto 2020 (€45). Este field blend (significa que as castas estão distribuídas pela vinha) é feito a partir de uvas típicas desta sub-região da Região de Trás-os-Montes, colhidas bago a bago, em vinha centenária sem armação, revela o potencial de tão peculiar território.
O facto da fermentação dos bagos inteiros ter ocorrido de forma espontânea em barricas de 500 litros, com remontagem manual das massas, privilegiou a matéria-prima, convertendo a fruta a um desafio maior, por forma a mostrar todo o seu potencial. O resultado confere um vinho igualmente “descomplicado”, mas mais elegante.
Pelo meio desta lista de boas novas desta empresa vitivinícola familiar, eis o Palácio dos Távoras Grande Reserva branco 2020 (€25) feito a partir de de um lote de castas brancas típicas da região colhidas em vinhas velhas, “já com um simbolismo intrínseco no trabalho da Costa Boal”.
Palácio dos Távoras Gold Edition tinto 2018 (€70) é feito a partir de um field blend de uvas vindimadas em vinha velha de 60 anos localizada em Mirandela, Trás-os-Montes, e pertencente à Costa Boal. A diversidade de castas atribui as notas singulares a este vinho, que assenta na Alicante Bouschet, a Baga e a Touriga Nacional, mas também em outras variedades, como a Bastardo ou a Tinta Amarela, muito comuns neste território vitivinícola.
Já o Palácio dos Távoras Alicante Bouschet 2018 (€35), produzido a partir da matriz principal das vinhas velhas de Mirandela, denota as suas características organoléticas, sendo um vinho que precisa de tempo para evoluir em garrafa.
O universo da Costa Boal reúne as regiões vitivinícolas de Trás-os-Montes, Douro e Alentejo, onde estão instalados, respetivamente, o centro e vinificação construído em 2012, a antiga adega da família requalificada em 2012 e a adega adquirida no início de 2021. A aposta nas castas tradicionais e nas vinhas velhas é assumida nesta empresa familiar, que tem Paulo Nunes a desempenhar a função de enólogo.
Brindemos!