Lugar histórico na cartilha duriense, é reconhecido no mundo inteiro pelos seus vinhos fortificados, especialmente pelo Nacional Vintage, feito a partir de uvas colhidas de uma parcela de vinha prestes a completar cem anos.
A ramada preenchida por vides viçosas, nesta época do ano, acompanham a alameda, que termina junto ao solar da Quinta do Noval, um miradouro privilegiado. A vista abarca o extenso vinhedo cravejado de gigantescos socalcos murados e alcança o vale do Rio Pinhão.
Localizada em Vale de Mendiz, no concelho de Pinhão, na sub-região de Cima Corgo, esta casa histórica investe na longevidade há muito comprovada nos compêndios da cultura da vinha e da produção de Vinho do Porto. Ademais, a sua reputação ganha dimensão em 1933, dentro e fora de portas, com a declaração do Vintage 1931 Quinta do Noval Nacional Porto e Quinta do Noval Porto.
Depois de centralizar as atividades inerentes ao engarrafamento e armazenamento na vizinha Alijó, chega o momento de reestruturar uma centena de hectares de vinha, na década de 1990. Este procedimento, centrado na replantação da casta que se adapta a cada parcela, continua na primeira década do século XXI. Em conta estão a altitude, a exposição solar e eólica, e a composição do solo.
A primazia é dada às castas tintas Touriga Nacional, Touriga Franca (ou Touriga Francesa, como é chamada) e Tinto Cão. A prioridade é reforçar o potencial da vinha e elevar a qualidade dos Vintage. Hoje, a vinha ocupa 145 hectares da propriedade e 75 por cento da produção vínica está reservada ao Vinho do Porto.
Volvidas seis décadas, a quinta integra a empresa multinacional AXA Millésimes, detentora de oito propriedades produtoras de vinho em quatro países (Portugal, França, Hungria e Estados Unidos). Christian Seely, que estreia o seu percurso no nosso país, na categoria de Director-Geral da Quinta do Noval, pela AXA Millésimes – hoje Director-Geral desta multinacional sediada em França –, mantém a sublimidade desta casa de vinhos do Porto.
Paralelamente, estava tudo a postos para produzir os primeiros vinhos não fortificados da Quinta do Noval. A primeira edição destes DOC Douro ostenta o ano de 2004, no rótulo, e tem a assinatura do enólogo António Agrellos, que, agora, se apresenta como enólogo consultor na propriedade. Em 2021, o portefólio vínico desta casa apresenta as referências Maria Mansa (DOC Douro), nas versões branco e tinto, Cedro do Noval – branco (DOC Douro) e tinto (Vinho Regional Duriense) –, Quinta do Noval Touriga Nacional e Quinta do Noval Reserva, ambos DOC Douro, bem como os monocastas Sryah e Petit Verdot, na categoria de Vinho Regional Duriense.
Nacional, a parcela mágica
Esta parcela de 1,6 hectares de vinha da Quinta do Noval, plantada em 1924, tem nas suas uvas a matéria-prima para o Quinta do Noval Nacional Vintage. É constituída por videiras de pé-franco de castas autóctones da Região Demarcada do Douro, sobretudo Touriga Francesa, Touriga Nacional e Tinto Cão, que dão corpo ao Quinta do Noval Nacional Vintage (€820).
A declaração de Vintage acontece quando a votação é unânime face a um ano verdadeiramente excepcional, exigência assumida pela equipa desta propriedade vinhateira duriense. “Estas decisões não são fáceis, mas a importância central é declararmos o Nacional só quando estamos todos convencidos”, afirma Carlos Agrellos, Director Técnico da Quinta do Noval.
Muito apreciado além fronteiras, o Vintage Nacional conta sempre com uma produção muito reduzida – entre 200 a 250 caixas por cada ano de declaração – e que representa cerca de dez por cento da produção total da Quinta do Noval nos anos verdadeiramente excepcionais. “O mais icónico de todos é o de 1931, o primeiro Vintage Porto Nacional e a década de 1960 foi fantástica!” No presente, estamos perante o Quinta do Noval Nacional Vintage 2019, que envelheceu, durante 18 meses, em vetustos tonéis instalados nos armazéns da quinta.
A vindima e a vinificação são feitas no mesmo dia, e as suas uvas têm um lagar próprio, onde é feita a pisa a pé. “Quando não é declarado [Vintage] fica guardado. Só tem expressão quando é feito bem e na altura certa.”
A exclusividade desta parcela é levada tão a sério, que existe um viveiro com vides destinadas apenas à Nacional, com o objetivo de continuar o plantio em pé-franco português. “A ideia é eternizar a vinha do Nacional”, explica o Director Técnico. “Para nós é um grande privilégio ter esta parcela mágica na Quinta do Noval.”
2019, um ano excepcional
Quinta do Noval e Quinta do Passadouro são também declarados Vintage 2019. O Quinta do Noval Vintage 2019 (€90), composto por um lote final feito a partir das uvas de 13 parcelas de vinha diferentes, representa o estilo clássico da Quinta do Noval, através da sua intensidade aromática predominada pelas notas de frutos vermelhos maduros, taninos equilibrados e uma acidez q.b..
O Quinta do Passadouro Vintage 2019 (€60) marca a estreia da produção de um Vintage desta propriedade duriense. Elaborado pela equipa da Quinta do Noval, supervisionada por Carlos Agrellos, pois faz parte do universo da AXA Millésimes desde Agosto de 2019, este vinho do Porto denota uma complexidade aromática muito peculiar e revela-se exuberante, seja no nariz, seja na boca.
A Quinta do Passadouro está situada em Vale Mendiz. Totaliza 55 hectares, dos quais 36 hectares são de vinha, onde estão plantadas as castas brancas Códega de Larinho, Rabigato e Viosinho, e as tintas Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional. É de registar a existência de duas parcelas principais – uma no vale do Pinhão e outra no vale do Roncão, que fazem fronteira com a Quinta do Noval.
Sobre a eventual declaração de Vintage 2020, há que aguardar por 2022.
Brindemos!