As novidades, as castas e o Atlântico / 10 anos de AdegaMãe

Vinhos diferenciadores, com identidade própria e fiéis à região vitivinícola de Lisboa. Eis a premissa estabelecida por Bernardo Alves, com a dupla de enólogos Diogo Lopes e Anselmo Mendes, para, em conjunto, embarcarem, agora, numa nova era.


O percurso da AdegaMãe começa em 2009. Bernardo Alves, CEO desta empresa, refere a restruturação gradual da vinha na Quinta da Archeira, propriedade localizada na freguesia da Ventosa, concelho de Torres Vedras, e a simultânea preocupação em criar marcas e formar equipa. Dois anos depois, chega a vez da inauguração do edifício da adega, com a apresentação do Dory tinto, o vinho que assinala a estreia das vindimas da AdegaMãe.

Desde então, este produtor da região dos Vinhos de Lisboa tem definido o seu caminho através de mudanças constantes no que às castas diz respeito, bem como face à produção vínica. A aposta inicial nos tintos tem vindo, com o tempo, a dissipar-se. “Quando nasce a Adega Mãe, a adega foi dimensionada para fazer tintos. Ao olharmos para os resultados, verificámos que os brancos tinham maior potencial, por isso tivemos de alterar o layout da adega, de modo a ir de encontro ao potencial inato da região”, explica Diogo Lopes, enólogo da AdegaMãe, a par com Anselmo Mendes, seu mentor e enólogo consultor desta cas.

A conclusão adveio do trabalho efectuado na vinha experimental, implementada em 2011, com o intuito de perceber quais as variedades de uva que . “Quando entramos num projecto numa região, já sabemos o histórico dessa região. Infelizmente, na nossa região, estava muita coisa ainda por fazer. Por isso, tivemos de nos preocupar em criar esse histórico, ou seja, fizemos um campo experimental, onde fomos experimentando variedades diferentes de castas e tirar as nossas conclusões. Se amanhã quisermos adquirir uma quinta ao lado e plantar vinha lá, já sabemos que variedades temos de plantar”, continua Diogo Lopes.


A casta branca Viosinho é tida como a mais especial do portefólio varietal da AdegaMãe


Arinto, Alvarinho, Chrdonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, Viognier são as castas brancas plantadas na Quinta da Archeira, a par com a Viosinho, a variedade de uva mais que tem ganho especial atenção por parte de toda a equipa da AdegaMãe. É a casta que ocupa a maior área de encepamento, na propriedade e a “que se adapta extraordinariamente bem na região atlântica de Lisboa”, reforça o enólogo. A Pinot Noir é, por sua vez, a única variedade de uva tinta plantada na propriedade da AdegaMãe.

O reforço da identidade Atlântica


Dory é a referência mais querida para este produtor da região dos Vinhos de Lisboa

Nova imagem, novos rótulos e novos vinhos assinalam a nova era da AdegaMãe, que se define como produtor de “vinhos de inspiração Atlântica”. A justificação prende-se com a proximidade do mar, que dista cerca de 40 quilómetros, em linha reta, da Quinta da Archeira, situada no lado poente da Serra de Montejunto, o que motiva a influência da brisa marítima na vinha e do rocio, fenómeno climático muito comum na região dos Vinhos de Lisboa. 

“O rebranding é mais forte na marca Dory”, afirma Bernardo Alves, aquele que considera ser “o vinho que chega a mais clientes”, além de que é a marca que tem uma maior ligação à Riberalves – empresa do negócio do bacalhau pertencente à família Alves, cujo administrador é Ricardo Alves, irmãos de Bernardo Alves – e “uma prioridade no crescimento da AdegaMãe.”


A colheita de 2017 “apresenta” a estreia a solo da Castelão para a AdegaMãe


Dentro das novidades, é de salientar a estreia do Dory rosé da colheita de 2020 e da passagem do Reserva branco e tinto para AdegaMãe, a nova marca deste produtor da região dos Vinhos de Lisboa, que inclui 13 monocastas – seis brancos, seis tintos e um rosé – e está inserida na gama Monocastas. A esta gama pertencem, ainda, duas estreias absolutas: AdegaMãe Castelão 2017 e AdegaMãe Vinha Experimental branco 2019, composta por sete variedades de uva. Para degustar este vinhos, impera a ida recomendada à Loja AdegaMãe, contígua ao restaurante Sal na Adega – que abriu portas em outubro de 2020 –, no edifício da adega, na Ventosa.


A casta branca Vital, vindimada numa vinha com cerca de 50 anos, é outro dos marcos importantes


No alinhamento das boas novas, é também digno de destaque AdegaMãe Vinhas Velhas Vital 2018, que resultou de uma parceria com o proprietário de uma vinha velha, com cerca de 50 anos, localizada na Serra de Montejunto, e o AdegaMãe Parcela Amarela branco 2019. “É um Viosinho especial. A ideia é lançá-lo ainda este ano e dentro do universo ‘Parcelas’”, declara Diogo Lopes.

Agora, há que continuar a impulsionar o percurso inovador da AdegaMãe, no sentido de reforçar a expressão dos Vinhos de Lisboa no mercado nacional. “Tem de haver uma aposta na restauração. Tem de haver um trabalho conjunto entre restauração, produtores e a própria cidade de Lisboa”, enaltece Bernardo Alves.

Brindemos!

+ AdegaMãe

© Fotografia: João Pedro Rato

[Legenda da foto de entrada: Diogo Lopes, enólogo, e Bernardo Alves, CEO da AdegaMãe]

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