A essência da Vidigueira no copo e a dupla de projectos para 2022 / Quinta do Paral

Volvidos cinco anos após a descoberta do Alentejo, Dieter Morszeck aumenta a fasquia para uma produção vínica assente na qualidade nos vinhos, com uma boa nova no portefólio. Paralelamente, o Boutique Wine Hotel e o restaurante ganham forma, para abrir portas em finais do próximo ano. 


Chef José Júlio Vintém, consultor do futuro espaço de restauração da propriedade, e Luís Leão, enólogo da Quinta do Paral

Apaixonado por vinhos, Dieter Morszeck, empresário alemão e piloto de aviação, descobriu o Alentejo numa viagem feita pelo mundo, em 2016, na companhia do seu filho, Thomas, engenheiro agrónomo. Pesou a decisão de investir no sector vitivinícola e criar um negócio de família. Encantado com aquela região localizada além do Tejo e que divide Portugal a meio, encontrou, na Internet, uma propriedade à venda na Vidigueira. Em Agosto de 2017, comprava 85 hectares da Quinta do Paral.

Adquiridas as vinhas velhas, com mais de meio século, investimento que reúne 12 hectares, além dos restantes 40 hectares de vinha, e ampliada a adega, com a construção, em 2020, de um novo edifício projectado pelo atelier lisboeta Saraiva & Arquitectos, destinado à produção de vinho tinto – o já existente está reservado à vinificação das castas brancas, tendo, no piso superior, a sala de provas e a loja –, Dieter Morszeck soma e segue na sua propriedade vinhateira da Vidigueira. 

Fundamentada na sua história vitivinícola, caracterizada por madrugada e manhã frescas, cuja concentração de orvalho na vinha se deve à proximidade da Serra do Mendro, o qual é dissipado pelos ventos marítimos, a Vidigueira é próspera em vinhas velhas. As da Quinta do Paral, estão no meio do olival da variedade de azeitona Galega, em Vila de Frades, no concelho da Vidigueira, de onde Dieter Morszeck destaca outra tradição, as talhas, utilizadas na feitura do vinho, bem como a Vila Romana de São Cucufate, um museu a céu aberto, que merece a visita.

As vinhas velhas da Vidigueira e a boa nova da adega


Vinhos à prova, com destaque para o Quinta do Paral Grande Reserva tinto 2018

“O desafio foi grande. Foi assente principalmente nas vinhas velhas, para mostrar ao mundo a Perrum, a Tinta Grossa, a Antão Vaz e a Aragonez”, afirma Luís Leão, enólogo da Quinta do Paral, destacando variedades de uva típicas do Alentejo. “Estamos num projecto de identificação das castas nesta coluna de vinhas velhas”, submetida à recolha do material genético para análise. 

Quanto à área total de vinha, esta está em produção integrada desde 2017, “dentro do plano de sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo”, continua e enólogo, sustentabilidade essa que abrange as vertentes ambiental, social e energética. Dieter Morszeck acrescenta uma estratégia fundamentada na responsabilidade social e na formação de uma “equipa excepcional”, bem como na produção de vinhos de qualidade. “Tudo o que fiz, sempre tem de ser qualidade. Acho a qualidade melhor do que a quantidade”, esclarece o nosso anfitrião, referindo-se ao vinho e à ampliação da oferta de enoturismo na Quinta do Paral.

“Os vinhos só são lançados para o mercado, quando estiverem preparados”, garante Luís Leão aquando da apresentação dos vinhos da colheita de 2018. A começar pela boa nova, o Quinta do Paral Grande Reserva tinto 2018 (€75,50). Trata-se de um DOC Alentejo feito a partir das uvas Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, edição limitada a 500 garrafas numeradas somadas às 50 garrafas magnuns, que combina na perfeição com doces conventuais. 

No alinhamento dos vinhos feitos a partir de castas tintas, constam o Quinta do Paral Reserva tinto 2018 (€23,60), com Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Malbec e Marselan, e o Quinta do Paral Colheita Selecionada tinto 2018 (€17), com Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Syrah.

O discurso vitivinícola inclui, ainda, o Quinta do Paral branco 2018, feito a partir das castas Antão Vaz, Verdelho, Vermentino e Viognier, perfeito para acompanhar as entradas, numa refeição demorada, e o Quinta do Paral Reserva branco 2018 (€23,60), elaborado com as variedades de uva Chardonnay e Sauvignon Blanc. Já o Quinta do Paral Colheita Selecionada branco 2018 (€17) é feito a partir de Arinto e Vermentino, enquanto o Quinta do Paral Vinhas Velhas branco 2018 (€30) é constituído pelas castas Antão Vaz e Perrum.

Boutique Wine Hotel e o restaurante para 2022

O ano de 2021 é determinante no avanço de dois projectos, com abertura prevista para finais de 2022: o Boutique Wine Hotel e o restaurante. Ambos seguem o traço do atelier lisboeta Saraiva & Arquitectos e são primados pelo luxo, “com bom ambiente, estilo moderno”, nas palavras do nosso anfitrião, para quem a traça das casas da região merece respeito.

Constituído por 23 quartos, o Boutique Wine Hotel será rodeado de jardins, para proporcionar momentos de grande tranquilidade, ao gosto de quem tanto gosta de pôr a leitura em dia e de descansar longe da azáfama das grandes cidades. O descanso é extensível ao interior dos edifícios, onde o conforto é primado pelas peças de mobiliário moderno, desenhadas exclusivamente para este empreendimento turístico “cinco estrelas”, segundo o proprietário. 

O restaurante, com uma carta desenhada por José Júlio Vintém –  chef portalegrense e proprietário do célebre Tombalobos, localizado no centro histórico daquela cidade situada no Alto Alentejo –, estará centrado na cozinha tipicamente alentejana. A horta e o pomar, que representam a recuperação da essência desta propriedade, outrora, uma quinta agrícola, irão complementar a filosofia culinária baseada na sazonalidade dos produtos regionais. A sua localização privilegiada a poente, possibilitará que os hóspedes e os demais turistas, contemplem o pôr-do-sol, de copo na mão, e observem tranquilamente as estrelas.

Segundo Dieter Morszeck, “acho que vai ser um sucesso, no futuro (…) vai ser muito romântico”! Brindemos!


+ Quinta do Paral
© Fotografia: João Pedro Rato

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