O nome: há muito escolhido e fundamentado. O conceito: há muito definido e sempre flexível. A estrutura-família: há muito com dois pilares fundamentais, agora maior e com o sonho de entrar na categoria “Família Numerosa”. A Blue House é a Casa-Conceito de nome Azul na qual entramos, hoje, para dois dedos de conversa com um dos pilares-patriarcas – João (Jorri) Silva. A Casa está em modo festa e, por aqui em mundos Mutantes, estamos sempre prontos para uma fatia de bolo bem afinada.
Jorri Silva junto com o seu comparsa – e o segundo pilar-patriarca da Casa – João Rui, em tempos um pouco mais contemporâneos que os da grafonola, mas não muito, fundou os já aclamados a Jigsaw. Nesse criar de um consolidado projecto musical, que nos é muito estimado ao ouvido, fervilhava a vontade de serem mais do que só e apenas uma banda. Queriam ser uma Casa. Nessa Casa queriam ter uma família. Essa família queriam que fosse de músicos profissionais que, de uma forma ou de outra, contribuíssem para o crescer de mais músicos e da cena musical na cidade onde a Casa existiria – Coimbra. Estava definido, nessa altura, o conceito base daquilo que mais tarde viria a ser um registo oficial e que hoje aqui celebramos: os três anos de uma casa ímpar, que transborda ritmo e emoções, com todos os altos e baixos normais à vivência quotidiana de uma casa, com agudos e graves bem afinados, com todas as válvulas na temperatura certa, com todos os microfones, amplificadores, d.i.’s, p.a.’s, mesas de mistura, interfaces, cabos xlr, speakon… necessários à técnica e que é azul por causa de uma muito bem sucedida sessão fotográfica.
Sem mais floreados, a nossa conversa com Jorri Silva (JS) para vos desvendar uma Casa com a qual temos o prazer e honra de ser, tantas vezes sem hesitar, parceiros.
A Génese e o Registo ou Vice-Versa.
Vamos quebrar algum mistério, que possa ainda existir, para todos os que te seguem e nos lêem.
Comecemos pelo nome que, bem sabemos, já vem quase dos tempos analógicos – (nunca resistimos a uma boa hipérbole).
Porquê o nome Blue House para esta casa feita de música?
JS: Tudo começou numa outra casa, numa aldeia perto de Soure: a Aldeia do Sobral. Foi para essa casa, nessa aldeia que, a dada altura, o “centro de operações” dos a Jigsaw se mudou e foi aí que, durante uns bons anos, tivemos a nossa sala de ensaios, os nossos escritórios; foi aí que, também, nasceram discos como o “Like The Wolf” ou o “Drunken Sailors & Happy Pirates”, sem esquecer o planear das nossas primeiras e inesquecíveis tours Europeias, a realização de telediscos para músicas como a “Red Pony” ou algumas animadas e memoráveis sessões fotográficas. Numa dessas sessões fotográficas, a Sofia Silva – a nossa fotógrafa de sempre, refiro-me aos a Jigsaw, claro -, pintou a casa de Azul e logo se fez luz. Andávamos à procura de um nome para o nosso espaço e, no imediato daquele instante, ficou Blue House, a nossa casa azul. Passados uns anos, a casa – no seu conceito – mudou-se para aqui, para a cidade de Coimbra e, mesmo estando em pleno centro urbano, nunca deixou de ser o sagrado covil dos a Jigsaw e ainda abriu portas a muitos outros artistas, principalmente criativos da cidade de Coimbra. E aqui estamos, a Blue House.
Estúdio de Gravação, Agenciamento, Produtora de Eventos, na cidade da Lusa Atenas.
Não sendo os únicos na cidade, o que vos diferencia e vos torna diferentes?
Alguma coisa te fez sentir que havia, em Coimbra, uma lacuna a ser preenchida especificamente pela Blue House ou absolutamente nada disto?
JS: Creio que temos algumas características que nos poderão diferenciar dos nossos pares: somos uma estrutura profissional formada por músicos – que, assim, enquanto músicos profissionais podem dar continuidade ao seu indispensável e árduo trabalho criativo, mas aliando, desempenhando, aprendendo e desenvolvendo outras competências essenciais a este meio profissional – e somos uma estrutura profissional formada para músicos – principalmente para músicos que, de uma forma ou de outra, têm uma relação com a cidade de Coimbra e a sua região.
Fazemos por ajudar em todo o espectro do que é a criação musical, oferecendo desde espaço para criar, ensaiar, gravar, até à ajuda na marcação de concertos ou na assessoria sobre os mais diversos temas que giram em torno desta actividade e que são necessários para singrar neste meio: direitos de autor, comunicação, promoção, edição, internacionalização, etc.. Hoje, já trabalhamos com mais de 20 projectos musicais de Coimbra que juntos representam mais de 70 músicos.
Respondendo à segunda parte da pergunta, nunca pensei em preencher lacunas que a cidade de Coimbra pudesse ter, mas sim as lacunas que eu, enquanto criador, sentia que havia. Era preciso um espaço – uma casa – habitado por músicos profissionais que ajudam outros músicos a ser músicos, tudo o resto são apenas caminhos para continuar a fazer isto.
Dia oficial do registo? Queremos o dia exacto para nos candidatarmos sempre e atempadamente a uma fatia de bolo azul.
JS: Será sempre Dezembro. Dezembro é o mês em que, por coincidência, foi oficialmente formada a empresa que sustenta legalmente a Blue House e é também o mês que marca o início dos a Jigsaw – lá bem atrás no tempo. Há que ter sempre presente na memória que foram os a Jigsaw que criaram a Blue House e, por tal, são dois projectos que estão intrinsecamente e umbilicalmente ligados, tal como um filho a uma mãe.
Por tal e por isso, não há dia oficial do registro, mas há um mês. Um espaço de tempo que se situa algures entre dia 02 de dezembro – data do primeiríssimo ensaio dos a Jigsaw – e o dia 28 de dezembro, data do registo oficial da Blue House.
Bom, sem esforço, podemos passar esse intervalo de tempo a devorar umas boas fatias de bolo, sonoramente azuis.
A Família e a Ocupação da Casa
Designámos-te um dos Patriarcas da família Blue House e não permitiremos que nos contradigas.
Do matrimónio assumido, registado e consumado com a música, passas – e estamos a falar especificamente desta estrutura Blue House – à adopção de família para, cremos, melhor governares a casa.
No site, vemos o teu nome para o Estúdio de Gravação e o de Ricardo Jerónimo para Agenciamento, Produção e Imprensa. É a família (equipa) que está às vistas.
Comecemos pelo Ricardo Jerónimo. Como nasce este processo de adopção e porque “dás” esta divisão da casa para ele habitar?
JS: A Blue House começou como casa da criação dos a Jigsaw, como já desvendei acima, e na génese da Blue House estava (e está) a premissa de nos ligarmos à criação e gravação de outros artistas da cidade e, no início, era só mesmo esse o objectivo. Todavia, rapidamente percebi que a nossa ligação a esses projectos tinha de ser alargada e continuada, tentando ajudar, dentro das nossas possibilidades, noutras etapas de todo um processo inerente ao meio musical.
A primeira etapa que tentámos colmatar, ou colocar em prática, foi a do Booking/ Agenciamento e o Ricardo Jerónimo aparece naturalmente como o nome certo para esta divisão da casa. Era alguém que eu já desafiava, regularmente, no sentido de juntarmos esforços e remarmos juntos… Pois, olhando bem, estávamos os dois a remar para um mesmo porto – eu a gerir o booking dos a Jigsaw e ele o dos Birds are Indie – por isso, nada melhor que unir esforços e remar num mesmo barco. O Jerónimo passou de gerir o booking de um projecto para gerir 20. Nada mau, creio.
Verdade seja dita, na Blue House, a trabalhar directamente comigo só tenho pessoas com quem me identifique, que admire o seu trabalho e dedicação, mas que, acima de tudo, sejam pessoas a quem sinto que a música é, indubitavelmente, o seu mundo e que não se sentem parte de mais nenhum. As portas da Blue House estão sempre abertas para esta entrega à música.
Num ponto atrás e rematando esta divisão da casa, a do Jerónimo, era mesmo um namoro antigo e a divisão só podia ser o Booking, é a imagem dele. O que não invalida que, porque gostamos muito de o fazer, de vez em quando lá vamos metendo as orelhas e olhos em outras divisões da casa.
Todavia, a tua família/ equipa tem mais adopções registadas. Mas, contudo e porém, quem vos visite no site ou não vos conheça enquanto família estruturada, perguntar-se-á como o Patriarca gere a casa só com uma adopção.
Quem são os outros membros adoptivos, que divisões lhes atribuíste e o porquê dessas adopções (as que se mantêm desde a génese e as que entretanto entraram, há pouco, para a família)?
JS: Neste momento, na Blue House, somos cinco: cinco músicos, cinco trabalhadores. Eu e o João Rui estamos desde que surgiu pela primeira vez a ideia do nome Blue House, desde a origem das origens. Pelas mãos do João têm passado muitos dos discos feitos nesta cidade, e não só. O Ricardo Jerónimo, como já falámos, está no Booking.
Na Produção, temos o Henrique Toscano que está mais ligado à parte do estúdio – seja a gravar, editar ou a misturar – mas também, e porque a nossa produção de eventos tem vindo a crescer, está ligado à produção fora do estúdio/ som ao vivo; afinal os microfones precisam de alguém que os conheça bem e os ampare quando saem de casa. Por fim, temos o nosso benjamim, o Rui Pedro Martins, mais um músico que veio com a missão principal de ocupar o espaço de Design e Comunicação.
Recentemente, estiveram ligados à Blue House o Bernardo Franco e o Francisco Frutuoso, que continuam a ser assíduos frequentadores da Casa Azul.
Os Amigos de Família ou aqueles que chamamos “Tios” não o sendo mesmo.
A cidade no seu todo e as suas diversas estruturas e entidades são, inevitavelmente, familiares alargados que vos permite existir e crescer, isto sintetizando e simplificando muito as relações essenciais.
Porém, aquelas há que são mais chegadas pelo trabalho de maior proximidade e nos parecem os Amigos da Família. Referimo-nos, e.g., à Lux Records/ Lucky Lux Store de Rui Ferreira.
O que queremos agora desvendar é esta relação com a Lux, como se forma esta relação de proximidade e cumplicidade e que outros há, a par da Lux, que estão neste grupo de Família?
Sem qualquer desmerecimento para todos os demais que colaboram com a Blue House, reforçamos o que acima dissemos, todos são inevitavelmente essenciais.
JS: A relação com a Lux Records e com o Rui Ferreira, começou de uma forma muito natural. Nós éramos/ somos um Estúdio e queríamos gravar novos discos, novas bandas e o Rui Ferreira tinha/ tem uma editora – a Lux Records – a que queria dar uma nova vida. Sinceramente, creio que foi o casamento perfeito; nestes últimos anos, graças a esta parceria, a Lux Records e a Blue House estão ligadas a mais de 20 edições.
Entretanto, a parceria foi evoluindo para além da edição de discos e hoje já nos damos ao Lux(o) de fazer produções juntos como o A Date With Lux; e tenho a convicção que de futuro vão surgir mais e diversificados projectos desta parceria.
Na verdade, é uma enorme honra poder ajudar o Rui Ferreira no seu trabalho que não é só de Editor, mas de grande mecenas da música na cidade de Coimbra. Se a nossa contribuição permitir que ele continue a editar discos durante, pelo menos, mais 25 anos – a Lux acabou de celebrar o seu 25.º aniversário -, já fico de coração cheio.
Outra estrutura que me é muito querida, que é uma segunda casa para mim, depois da Blue House e sem hesitar, é o Salão Brazil. Há muitos projectos que só foram possíveis, ou virão a ser possíveis, porque há uma união de esforços e uma visão partilhada sobre o que é o nosso papel enquanto estruturas ligadas à cultura na cidade de Coimbra; um exemplo recente foi o ciclo de concertos solidários com a União Audiovisual, a que chamámos Salão Azul. O futuro muito próximo, e a realização de novos projectos, passa já pelos dias 03 e 04 de dezembro – amanhã e sábado, com duas noites de festa da Blue House.
No todo, num olhar mais global, felizmente colaboramos, cada vez mais assiduamente, com mais estruturas da cidade e essa tal família cresce de dia para dia. São disso exemplo o Teatro da Cerca de São Bernardo/ A Escola da Noite, a Câmara Municipal de Coimbra/ Convento São Francisco, o Centro Cultural Penedo da Saudade, o Liquidambar, o Grémio Operário de Coimbra, o Centro de Artes Visuais, o Teatro Académico de Gil Vicente, o Seminário Maior de Coimbra, a Fila K… Todos futuros membros dessa família.
A Entrada na Escola e o verbo Confinar.
Crias oficialmente-legalmente a Blue House. Começas a adoptar família. Vais equipando, passo-a-passo, a Casa. Re-estruturas a Casa. Esgalhas interiores para obras… E sempre paralelamente e simultaneamente começas a colocar a Casa no mapa da cidade.
Isto de há três anos para cá.
Porém, em três anos de existência, aproximadamente ano e meio e ainda com tudo tão incerto, tu e tantos mais e todos nós, passámos a ter o verbo “confinar” como conjugação da moda e “pandemia” como a palavra que mais nos incomoda.
Vimos, entre confinamentos – pois acedemos sem hesitar ao desafio de sermos Parceiros Media –, a Blue House numa corrida louca de programação de eventos a que chamaram “Três Meses Para O Futuro”.
Estávamos em outubro novembro e dezembro de 2020. Uma programação que, com todo o respeito e sem ofensas, quase nem vos/nos deixava respirar. Agarraram-se com cabos e tripés à abertura que a pandemia vos permitia para, tentarem e bem, fazer a cultura respirar e dar uma bolha de ar à cidade. Foram loucos e incansáveis, permitam que vos seja dito.
Andaram ao sabor da pandemia nos horários, na ocupação de espaços, na dimensão de grupos em palco, etc., sem desistir e sempre a resistir contra um mundo desafinado por um persistente vírus.
Olhando para trás, nesta curta existência da Blue House, e sabendo que a pandemia ainda não é assunto arrumado, qual a maior lição que já tiraste neste ano e meio de escola em casa vs escola nos palcos?
JS: Gosto muito de arriscar e, por isso, fui-me rodeando de pessoas menos aventureiras porque tenho também a consciência que é preciso ter os pés na Terra. Porém, tudo o que consegui de mais marcante na música foi porque a determinada altura não hesitei e arrisquei na tomada de decisões. Decidi viver numa cidade que não foi a cidade onde cresci, larguei tudo para ir atrás de um sonho, decidi que queria tocar fora de Portugal e com os a Jigsaw demos mais de 100 concertos além fronteiras… A Blue House é um sonho em construção que envolveu e envolve muitos riscos e tomada de decisões.
O confinamento, numa primeira fase, foi duríssimo para a Blue House e o Três Meses Para O Futuro nasce daí, de termos estado quatro meses em casa e mais três a ter receio de sair de casa. Achámos que era necessário, para não dizer imperativo, sair; não nos podíamos continuar a esconder, a ter receio de fazer e, realmente, foi uma semi-loucura. Foram cerca de 80 eventos em três meses, mas foram importantíssimos – talvez a decisão, até à data, mais importante enquanto Blue House – pois mostrámos que temos um dever e uma missão de fazer acontecer, de não o fazer sozinhos, de criar ligações e parcerias que permitam que a cultura aconteça; há toda uma camada da sociedade que precisa que coisas aconteçam. Depois, veio o segundo confinamento e (quase) destruiu esse sonho dos três meses para um futuro – íamos ficar todos, de novo, em casa, por mais três meses.
Tudo isto para dizer que a Blue House, que faz agora três anos, tem mais de metade desse seu tempo vivido em pandemia e sobreviveu, resistiu. Sobreviveu porque arriscou, porque não quis ficar parada, porque outros arriscaram connosco e editaram discos em pleno período pandémico, porque houve quem abrisse as portas dos seus espaços e confiasse em nós. Resumindo, a pandemia veio colocar o verbo “arriscar” e “confiar” no topo da minha lista; um não vive sem o outro e esta cidade que tenho como minha precisa muito dos dois.
Em algum momento, neste três anos, houve o receio que as válvulas do amplificador que mantém a Casa/Escola viva não resistissem e tudo virasse um infrassom de 20Hz e o azul deixasse de ser ouvido?
JS: A Blue House irá sempre existir. É a minha casa, a minha vida. Não posso negar que durante os dois confinamentos passei muitas noites em claro a tentar que todas as válvulas do amplificador chegassem ao fim da viagem intactas. Foram inevitáveis, as noites em claro.
E o público que usufruiu do que a Blue House ofereceu/ oferece, crês que aprendeu alguma coisa com a vossa lição de persistência neste ano e meio quase dois de mangas arregaçadas para resistir?
JS: Seguramente alguns sim, outro nem por isso, mas nós fomos só mais uns que arregaçámos as mangas.
Abrindo a porta de Casa e olhando lá para fora, a sociedade que te envolve cresceu e aprendeu a valorizar a cultura ou precisa de escola (que passa também por vós e vossos pares) que a ensine a importância para cultura e a valorização da mesma?
JS: Precisamos todos de ir à Escola e a cultura precisa inquestionavelmente de ir às Escolas, às nossas Escolas. Talvez seja esse o grande desafio nos próximos anos, não só para a Blue House, mas para muitas outras estruturas que trabalham nesta área: saber e descobrir como podemos trabalhar com as Escolas; como é que podemos colaborar com os vários Agrupamentos Escolares; conhecer a sua realidade e, consequentemente, as Escolas abrirem as suas portas para conhecerem a nossa realidade, a realidade dos artistas que vivem na mesma cidade dos seus alunos, funcionários, professores e pais. Há, ainda, demasiadas barreiras entre a (nossa) comunidade e as Escolas, e muitas delas não fazem qualquer sentido existirem. A educação para a Cultura é, seguramente, uma das prioridades para a Blue House.
Continuum crescimento e “2001 Odisseia no Espaço“
Não, não estamos perdidos na noção de tempo. Ainda sabemos que estamos em 2021, a sentir o 2022 ao virar da esquina e tão esperançosos que seja um ano indubitavelmente melhor que 2020 ou 2021.
“2001 Odisseia no Espaço” será sempre uma referência, pelo menos para nós, como futuro, como a capacidade de imaginar sem barreiras e sermos espelho de inovação sem medo de arriscar e/ou falhar.
O vosso continuum crescer, amadurecer e consolidar enquanto família e estrutura base que vem da génese e que andam juntos na escola, é um desejo ou uma prioridade?
JS: As duas. Precisamos de crescer para consolidar e amadurecer, para depois voltar a crescer de novo. A prioridade é consolidar a estrutura que temos para podermos crescer, com o desejo de rapidamente podermos aumentar a estrutura.
Futuro próximo, e dando ênfase a um tópico da questão anterior, quais são as prioridades de uma Casa ainda em construção?
JS: Indo por pontos:
Consolidar a equipa que temos e dar mais e melhores condições de trabalho à família/ equipa.
Acabar as obras de requalificação da Blue House que, por conta da pandemia, pararam; neste momento está a ser construído um Estúdio de Gravação de raiz com três salas e mais zonas de trabalho para complementar as que já existem.
Voltar a colocar o EPICENTRO nas ruas de Coimbra e torná-lo um verdadeiro evento de colaboração entre todos os membros da alargada família Blue House.
Refazer o nosso site e colocar on-line uma loja dedicada à música independente made in Portugal.
“2001 Odisseia no Espaço”. A par do visionário Kubric, que gostarias de almejar no futuro mais distante ou, vá, simplificando e indo ao blasé-cliché como gostarias de ver a Blue House daqui a uns valentes pares de anos no plano de acção da Cultura?
JS: O sonho comanda a vida e a ideia é que a estrutura da Blue House cresça e consiga oferecer cada vez mais e melhores condições para quem queira criar nesta nossa cidade de Coimbra. Quero que a família da Blue House cresça e que as crianças de hoje sejam, daqui a 20 anos, frequentadores desta casa da criação que é a Blue House. Para já e no entretanto, esperamos que 2027 seja um ano importante para a Cultura Nacional, para a Cultura da Região Centro e para a Cultura da Cidade de Coimbra.
A Blue House – a par dos seus pares, claro – é uma das resistentes num cenário tantas vezes ingrato. Resiste, cresce, arregaça mangas, faz das tripas coração com q.b. de suor e algumas lágrimas, mas parar não está nos seus planos. Quer ir sempre em frente, olhar em frente, para todos os meses do futuro. É uma Casa-Conceito, Azul na alma, que tem como premissa valorizar a Cultura musical, fazer crescer a Cultura musical, educar para a Cultura musical. A esta Casa, como prenda de aniversário neste 2021, damos a palavra: Resiliência.
Quanto à festa que acima vos falámos… É amanhã dia 03 de dezembro – com Peixinhos da Horta e Birds are Indie – e sábado dia 04 de dezembro – com Woodgates e a Jigsaw -, e é obrigatória.
A Cultura é segura, não duvide disto. Não deixe de abraçar a Cultura, em todas as suas vertentes.
Saia para jantar, dançar, passear,… mas saia também pela e para a Cultura. •