Há JP Simões e há BLOOM. O timbre é-lhes igual, claro. Mas a identidade é-lhes díspar e isso torna-os, a ambos, duas identidades musicais independentes no estilo, revelando um JP heterogéneo e camaleónico (e, para nós, um continuum cativante, neste seu alter-ego, agora, tão Bowieano).
Hoje, na algibeira, trazemos o primeiro vídeo a ser feito para o bem aclamado “Drafty Moon”, o último disco do mais recente alter-ego de JP Simões: “Pull Yourself Together“, o tema escolhido.
A estreia desta nova encarnação do carismático cantautor deu-se com “Tremble Like a Flower” (2016) ao qual se seguiu “Drafty Moon”, no final do ano passado (2021).
Disco belo, mas radical e tão fora daquele JP Simões a que já tinha os seus ouvidos habituados, “Drafty Moon” é uma viagem sem remorsos pela energia, elegância, inteligência cultural-musical e drama que tão bem caracterizam JP Simões enquanto criativo.
Eclético, electrizante e livre, este conjunto de 8 canções assenta numa dicotomia constante entre sombra e luz, levando-nos numa viagem cuja tensão está firmemente ancorada nas letras e na voz, mas cujo alívio é tecido na fina arquitectura dos arranjos – casamento exemplar entre elementos acústicos e electrónicos – e na guitarra exuberante do companheiro Miguel Nicolau (Memória de Peixe).
Editado em conjunto pela Omnichord e a Lux Records, “Drafty Moon” foi incluído em diversas listas de melhores discos de 2021, entre elas da Altamont, da Antena 3 e da Blitz, três referências na crítica especializada.
Depois do single de avanço “Bad For Business”, esta é a nova note to self de Bloom – “Pull Yourself Together” – para ouvir e reouvir, sem cansar… Principalmente se gostar de uma estética Bowie que aqui, em Bloom, é sentida, presente, original e nunca copiada.
Um álbum, de 35 minutos, que não deve deixar de ouvir que começa com a música que lhe dá o nome “Drafty Moon“, ruma a “Bad For Business“, passando a “Pull Yourself Together” porque depois não podemos esquecer que “There’s Something About Tomorrow“. “Bleending All Over” que pode tornar-se em “Public Affairs“, ou não, na “Shinjuku Station” onde podemos questionar se é saudável “People That Never Dance“.
“Drafty Moon” já roda em loop na Mutante e é obrigatório num rasgar estético de JP na sua criatividade. •