Dupla Grande Reserva confere o prelúdio da qualidade vínica da Menin

A preservação do património ampelográfico do Douro e a aposta na produção de vinhos de alto gabarito são dois dos predicados associados à dupla de novas colheitas do projecto vitivinícola de Cristiano Gomes e Rubens Menin.

Menin Grande Reserva Arinto 2020 e Menin Grande Reserva tinto 2019


“Vinhos da mais alta qualidade.” A frase de Cristiano Gomes, co-proprietário da Menin Douro Estates, reflecte a filosofia que a referida empresa duriense tem vindo a implementar na mais antiga região demarcada do mundo. Com o enólogo João Rosa Alves, “que está connosco desde o dia zero”, e Tiago Alves de Sousa, profundo conhecedor daquele território vinhateiro localizado no Norte do país, a exercer a função de enólogo consultor, este recente projecto vitivinícola, que também tem Rubens Menin como sócio, apresenta duas boas novas apresentadas no JNcQUOI Ásia, em Lisboa: Menin Grande Reserva Arinto 2020 (€50) e Menin Grande Reserva tinto 2019 (€50).

Ambas fazem parte da gama mais alta até agora desenhada pelos dois homens que têm tomado conta da adega – e da vinha, a par com a equipa de viticultura, já que a apreciação das castas requer conhecimento no que à vinha diz respeito. E ambas estão lado a lado, com Douros’s New Legacy, da colheita de 2018, e Menin Reserva tinto 2019. 

A primeira novidade é feita a partir da variedade de uva branca Arinto. “É uma das grandes castas não apenas nacionais, mas uma das grandes castas internacionais”, para Tiago Alves de Sousa. Graças à longevidade que confere aos vinhos, a Arinto precisa “de um pouco mais de tempo, para se revelar”, isto é, requer tempo, para ser apreciada no seu todo, embora a frescura e a acidez que lhe são características estejam bem presentes neste Menin Grande Reserva Arinto 2020. O importante é que seja servido à temperatura certa, ou seja, 12° C, para que se consiga tirar partido dos atributos desta variedade de uva branca. Sobre este vinho, João Rosa Alves evidencia o contributo das barricas usadas durante o estágio, apesar da madeira ser considerada apenas “uma ferramenta” no que à vinificação diz respeito.

O Menin Grande Reserva tinto 2019 é, por sua vez, a outra boa nova deste projecto vitivinícola de Cristiano Gomes e Rubens Menin. É feito a partir de uvas vindimadas em vinhas velhas, de onze hectares – dos quais 9,5 ha estão expostos a Norte e 1,5 ha a Oeste –, da Quinta da Costa de Cima. Tiago Alves de Sousa destaca a Tinta Amarela, que aqui “assume um papel muito importante”, bem como a Tinta da Barca e a Touriga Franca, que considera “a grande coluna dorsal do Douro”. Nesta parcela, com mais de 130 anos, estão identificadas 54 castas, de acordo com o registo ampelográfico realizado com “um dos antigos colaboradores da Casa do Douro”, acrescenta João Rosa Alves.

Com esta dupla de vinhos, a Menin Douro Estates – que totaliza 140 hectares de vinha naquela região, em resultado da aquisição da Quinta da Costa de Cima, da Quinta do Sol, da Quinta do Pontão e da Quinta do Caleiro – reforça a sua máxima: “fazer vinhos de classe mundial.” Quem o diz é Tiago Alves de Sousa, para quem – a par com a filosofia da empresa – a “preservação da vinha” e a “preservação da identidade varietal” são acções que assentam numa grande estima. Cristiano Gomes vai mais longe, ao salientar o número de castas que Portugal possui, sendo este um dos factores “que nos encantou” e determinou a aposta na região vitivinícola do Douro. Objectivo: “levar o melhor do Douro mundo afora.”

A surpresa do dia ficou guardada para o final da refeição – irrepreensível, diga-se, ou não fosse António Bóia um chef de gabarito. Ainda sem data prevista, para ser revelada, é de salientar, porém, que se trata de uma referência que se coaduna com a filosofia da Menin Douro Estates, “experimentar”, tal como afirma Cristiano Gomes. É o “desvendar de um trabalho que estamos a construir, de um trabalho que tanto tem de desafiante, como de apaixonante”, ou não fosse este o resultado de uma colheita, que tem 1820, como o “paralelo histórico”, em relação a esta referência, considerada, por Tiago Alves de Sousa, “uma obra única de uma região tão especial”. Já lá vão 200 anos desde essa mesma viragem marcante no mundo vitivinícola português. Portanto, faça-se justiça à célebre frase da Baronesa de Rothschild!

Brindemos!


+ Menin Douro Estates
© Fotografia: João Pedro Rato

+ Legenda da foto de entrada: O enólogo João Rosa Alves, o administrador Cristiano Gomes e o enólogo consultor Tiago Alves de Sousa

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