A equipa da centenária casa vitivinícola, fundada em Azeitão, mostrou, num passeio de barco pelo Estuário do Sado, quão refrescante pode ser a época estival de 2022.
Façamos o roteiro de copo na mão. Para começar, brindemos aos amigos com BSE, sigla de “Branco Seco Especial”, marca emblemática da José Maria da Fonseca. Feita a partir das castas Arinto e Antão Vaz, a colheita de 2021 mantém-se fiel à filosofia desta referência criada em 1947. Recomenda-se que se sirva a 8 °C e a acompanhar saladas, peixe e marisco.
A mesma onda à mesa é partilhada pela dupla João Pires de 2021 – o branco, feito a partir da casta Moscatel de Setúbal; e o rosé, que conjuga as notas florais da Moscatel Graúdo e as notas violeta e de frutos silvestres da Touriga Nacional.
O histórico Periquita, apresenta o seu branco de 2021 a frescura, que resulta da combinação das variedades de uva Viosinho, Sauvignon Blanc, Viognier e Verdelho. Em conjunto, estas quatro castas concedem um vinho, que vai muito melhor com pratos de marisco. Apesar da apreciação associada ao branco, foi com o tinto, que o Periquita – marca registada em 1941 – ficou conhecido como o primeiro vinho (tinto) engarrafado em Portugal. A sua composição tinha a casta Castelão, que, assim se estreava na actual região vitivinícola da Península de Setúbal, mais concretamente na propriedade Cova da Periquita, comprada, em 1846, pelo próprio José Maria da Fonseca.
Da Quinta de Camarate, propriedade de solos argilo-calcários, localizada junto à Serra da Arrábida, em Azeitão, e comprada em 1914, por António Soares Franco Jr. – e, actualmente, de Domingos Soares Franco, enólogo e vice-presidente da José Maria da Fonseca – saem as uvas, para os seus vinhos homónimos: Quinta de Camarate branco doce e branco seco. Ambos da colheita de 2021. O primeiro resulta de um lote composto pelas castas Alvarinho e Loureiro, e, apesar da ligeira sensação de mineralidade na boca, este branco, a sua combinação, à mesa, é perfeita com sobremesas feitas à base de ovos, amêndoa e açúcar. Já o segundo, cuja composição reúne a Alvarinho e a Verdelho, denota uma acidez equilibrada, que harmoniza com uma massada de peixe ou uma caldeirada, mas também com marisco. É de recordar que, dos 120 hectares de área total, 39 estão ocupados por vinha, para além da colecção ampelográfica da José Maria da Fonseca, iniciada por António com mais de 560 castas diferentes. Os restantes são utilizados para pasto das ovelhas, cujo leite é usado na feitura do queijo de Azeitão, daí a presença contínua deste ovino nos rótulos da Quinta do Camarate.
No alinhamento da vontade de fazer vinhos diferenciadores e simultaneamente pedagógicos, no sentido de mostrar as características das castas, Domingos Soares Franco apresenta duas boas novas de 2021, para a Colecção Privada DSF. O rosé, feito a partir de Moscatel Roxo, é ideal para harmonizar com sushi, enquanto o branco, feito a partir de Verdelho, acompanha bem pratos de marisco e peixe.
Brindemos!