O primeiro Vinho do Porto Vintage Quinta Vale D’Aldeia

A declaração deste clássico, em relação ao ano de 2020, é uma estreia no portefólio desta adega de terras de Mêda, onde o xisto delimita o extremo Sul da sub-região do Douro Superior. 


As barricas repousam no piso -2 da adega da Quinta Vale D’Aldeia


Estamos no Verão. A temperatura aumenta a par com o ponteiro dos minutos do relógio e à medida que deixamos Longroiva e a Região Demarcada da Beira Interior para trás. De repente, os afloramentos graníticos começam a escassear na paisagem, para dar lugar ao xisto. Mêda é efectivamente uma caixinha de surpresas! Concelho do distrito raiano da Guarda, tem na mais antiga demarcação do mundo parte da sua área geográfica, mais especificamente a delimitação do Douro Superior, sub-região localizada a Este do nosso país, a tocar na fronteira com Espanha. Acrescente-se o clima quente e seco dos “três meses de inferno”, como é sabido pelo ditado popular. À noite, o termómetro regista valores mais baixos, sobretudo durante “nove meses de Inverno”.

A relação entre clima e solo é propícia à produção de Vinho do Porto, categoria vínica, há muito implementada na região duriense. Assim, e para além do Quinta Vale D’Aldeia Porto Branco, Tawny, 10 Anos e Ruby, o enólogo Eduardo Conceição apresenta o Quinta Vale D’Aldeia Porto Vintage 2020, a estreia, que também é edição limitada. Apesar das altas temperaturas registadas naquele ano e da vindima precoce, este Porto Vintage apresenta notas de fruta preta e alguma especiaria. Estes atributos repetem-se na boca, somando-se a fruta compotada, bem como a sensação de mineralidade, além de seco, característica que contribui grandemente para o equilíbrio da doçura deste vinho de categoria especial. 


A alteração nos rótulos é evidente


Outra novidade deste produtor é a segunda edição do Espumante Quinta Vale D’Aldeia Bruto Natural branco 2021, feito a partir da casta Viosinho, que, neste momento, está a estagiar em garrafa. É de aguardar…

Entretanto, fica o registo das alterações no rótulo, nas colheitas de 2020 e 2021 que, este ano, entram no mercado, bem como os recortes na parte superior do rótulo da gama Vale D’Aldeia.


18 anos de quinta, 13 de adega


Um Alvarinho aromático no nariz, mas com diferenças marcantes na boca


O muro que delimita a Quinta do Vale D’Aldeia, na Estrada Nacional 331, é feito a partir daquela rocha laminada, em consonância com o tipo de solo desta propriedade. A sua história remonta a 2004, quando os irmãos José e João Amado decidiram comprar, aqui, um pequeno terreno, onde plantaram vinha. A este somaram outros em redor, bem como as licenças necessárias para plantio. 

Hoje, a área total da Quinta do Vale D’Aldeia é de 200 hectares. Destes, 15 estão ocupados pelo amendoal, 40 fazem parte do extenso olival de sequeiro e 110 são de vinha. Nesta última, constam as castas brancas Viosinho, Gouveio, Rabigato, Malvasia Fina, Alvarinho, Verdelho e Sauvignon Blanc, bem como a Touriga Nacional, a Touriga Franca, a Tinta Roriz, a Tinta Amarela, a Tinto Cão, a Sousão e a Alicante Bouschet, nas tintas. A plantação das vinhas está distribuída entre os 300 metros de altitude até a aproximadamente 700 metros de altitude, e beneficia de várias exposições solares

Acrescente-se a adega, construída de raiz em 2009 e constituída por três andares – o piso térreo, onde é feita a recepção da uva, e dois subterrâneos, com os lagares, as cubas, a sala de barricas, o núcleo de engarrafamento e rotulagem, e o armazém. Esta disposição no interior do edifício permite que a vinificação seja realizada por gravidade, processo da responsabilidade do enólogo José Eduardo Conceição. A maior parte dos vinhos é para exportação, com a bússola virada para o Norte da Europa, o Brasil ou a China.


A somar ao Look’s é de conhecer o Quinta Vale D’Aldeia Reserva e Grande Reserva tinto


Quinta Vale D’Aldeia está no topo do portefólio vínico desta adega, com um leque diversificado de referências a conhecer, desde o branco, o tinto e o rosé à colheita tardia, passando pelos ‘Grande Reserva’ ou os ‘Reserva’. Destaque-se o Quinta Vale D’Aldeia Alvarinho da colheita de 2021 ou o Espumante Vale D’Aldeia Bruto Natural branco 2016, feito a partir da casta Viosinho. Ambos revelam os atributos da respectiva variedade de uva, são secos e partilham da sensação de mineralidade, acidez e frescura. Aliás, todos os vinhos provados comungam destas três características, sem mascarar as suas especificidades no nariz e na boca. 

No alinhamento dos chamados vinhos de topo de gama, está o Look’s Grande Reserva tinto. A colheita de 2016, feita a partir de Touriga Nacional, Touriga Franca, Touriga Franca, Tinta Roriz e Sousão, está no mercado, após 16 meses de estágio em barricas de carvalho francês e cinco anos em garrafa. Este trabalho na adega beneficia a combinação da complexidade aromática de cada variedade de uva com elegância e uma suavidade a par com o trio de características comuns aos vinhos deste produtor. 


Imagem descontraída à parte, Zip é uma gama a explorar com mais seriedade por parte dos consumidores


Nas gamas intermédias há o Kasta, o Infiel e o Zip. Esta última revela-se, na generalidade, uma surpresa, pois, apesar de expressamente frutados no nariz, sublimam pelo facto de se revelarem secos e menos aromáticos na boca. 

Saliente-se ainda que este projecto vitivinícola começou com Xaino e Foral de Mêda, duas gamas a conhecer, entre as já referidas, na sala de provas instalada no edifício da Quinta Vale D’Aldeia. A escolha pode ser feita entre as provas Standard (€10), Selection (€15) e Premium (€25), antecipada pela visita guiada à adega. E se quiser ficar, para melhor conhecer as terras de Mêda, o melhor é escolher Longroiva Hotel & Termal Spa, situado na vizinha Longroiva, a escassos quilómetros desta adega, do qual João e José Amado também são proprietários. A mesma sugestão é extensível para os hóspedes do Cró Hotel & Termal Spa, no concelho do Sabugal.

É ir. Brindemos!


+ Quinta Vale D’Aldeia
© Fotografia: João Pedro Rato

• A Quinta Vale D’Aldeia foi visitada no âmbito do evento “Há Beira e Douro”

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