Trienal de Arquitectura de Lisboa ’22

Terra é a Trienal de Arquitectura de Lisboa 2022. Com diferentes significados, dependendo da escala e do observador, Terra expressa território, cidade, paisagem, o lugar a que pertencemos ou um continente visto do mar. Pode ser um planeta habitável ou matéria para cultivo. Pode estar em excesso ou em falta, ser um obstáculo ou um elemento na construção de comunidades.
A Trienal irá decorrer entre 29 de setembro e 05 de dezembro de 2022, tendo os dias inaugurais de 29 de setembro a 01 de outubro de 2022.

O programa é composto por quatro exposições, quatro livros, três prémios, três dias de conferências e uma selecção de Projectos Independentes. O desenho desta edição tem a curadoria geral de Cristina Veríssimo e Diogo Burnay, dupla portuguesa fundadora do atelier de arquitectura CVDB.
Como fórum internacional que promove o questionamento em torno da investigação e da prática, Terra incorpora uma declaração de intenção e um apelo à acção. Propõe-se a evolução do actual modelo de sistema fragmentado e linear, caracterizado pelo uso excessivo de recursos, para um modelo de sistema circular e holístico, motivado por um maior e mais profundo equilíbrio entre comunidades,
recursos e processos.
Terra sugere que, após um contexto de fechamento em resultado da pandemia, se reequacione o futuro a partir do cruzamento e intercâmbio de saberes e fazeres que possam coexistir, contribuindo para um futuro mais sustentável do planeta e de quem o habita.

As Linhas Curatoriais chegam-nos com estas palavras:
A Trienal 2022, Terra, explora como os paradigmas recentes estão a mudar a nossa forma de criação de lugares num Planeta globalizado. Nessa conjuntura crítica, a arquitectura pode ligar-nos ao chão tanto quanto pode elevar-nos. É este olhar constante para o futuro entendendo o passado que ajuda a arquitectura a explorar as relações e sistemas que permitem a mudança nos diversos contextos socio-económicos em todo o mundo.
Terra aborda como as (alter)acções climáticas, a pressão sobre os recursos e as desigualdades socio-económicas e ambientais estão profundamente interligadas. Compreender estas situações complexas requer uma mudança de paradigma de modelos de crescimento linear («cidades-máquina») para modelos de desenvolvimento circular («cidades-organismo»)
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© Retroactive – Loreta Castro

A Curadoria-Geral está nas sábias mãos de Cristina Veríssimo e Diogo Burnay (Portugal). Aliam a prática à investigação e ao ensino. Ao longo dos últimos anos, o duo tem demonstrado que a diversidade de países onde trabalha e de formas de praticar arquitectura tem enriquecido o seu currículo.
Cristina estudou na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa e em Harvard e leccionou em países como Hong Kong, Argentina, Chile, Estados Unidos da América e Canadá. Em contexto de atelier, colaborou com João Luís Carrilho da Graça e Zaha Hadid. Diogo, que também estudou em Lisboa e, mais tarde, na Bartlett School of Architecture, trabalhou em Lisboa, Londres e Macau, com Maria Godinho de Almeida e Duarte Cabral de Mello; no BDP com Manuel Vicente e OBS Arquitectos. Em 1999, fundaram juntos a CVDB em Lisboa, cujo mérito tem sido internacionalmente reconhecido com obras premiadas como a Escola Secundária Braamcamp Freire, o Museu do Tapete de Arraiolos ou o Museu do Megalitismo em Mora.

Na Trienal vai poder cruzar-se com As exposições centrais – O programa de exposições da Trienal 2022 engloba temáticas complementares e interligadas a partir de uma pluralidade de abordagens em várias geografias e culturas:
Multiplicidade / MNAC – Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Tau Tavengwa (Zimbabué), Vyjayanthi Rao (Índia).
Como se adaptam o design e a arquitectura a um período marcado por desigualdades sem precedentes, mudanças climáticas, pandemias e a necessidade de se reequacionar e reescrever o cânone que define as disciplinas? Multiplicidade examina estruturas contemporâneas, apresentando pessoas da prática e do pensamento cujo trabalho redefine a escala de operação e os métodos necessários para enfrentar os desafios globais. Esse processo é mapeado através de vídeo, maquetes, ilustrações, fotografia e desenhos, descobrindo como arquitectura e design são chamados a responder a um mundo em diferentes estados de fluxo. O desenho expositivo está a cargo do designer português Miguel Vieira Baptista.

Retroactivar / MAAT — Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, José Pablo Ambrosi (México), Loreta Castro Reguera (México).
O presente e o futuro são essencialmente urbanos, mas o tecido onde se encontra um terço da humanidade está marginalizado e em deterioração. A exposição pretende despertar o interesse de quem projecta por essa cidade desfeita: mostrar as possibilidades de nela intervir com soluções que resgatem a dignidade espacial e o sentido de pertença, estruturando necessidades e serviços básicos através da criação de equipamentos públicos.
Estas infra-estruturas retroactivas são ferramentas de sutura que devem reconciliar necessidades de vários âmbitos, construindo um vínculo entre as pessoas e o seu contexto.
O desenho expositivo é concebido pelo atelier lisboeta Casca.

Ciclos / CCB – Garagem Sul, Pamela Prado (Chile), Pedro Ignacio Alonso (Chile).
Todo o design deve ser re-design, proporcionando uma visão crítica sobre a inovação. Ao definir a organização da arquitectura sob um modelo circular, a exposição mostra os ciclos da construção arquitectónica, trazendo-a para fora das hierarquias lineares ou piramidais.
Os montes recém-formados de matéria desorganizada de uma demolição podem passar de resíduos a materiais recuperados quando profissionais da arquitectura relutantes em deitar coisas fora criam novos ciclos para eles. A exposição apresenta várias estratégias nas práticas arquitectónicas que migram do modelo linear para o circular, no caminho da sustentabilidade, economia e memória.
A arquitecta Rita Aguiar Rodrigues é a responsável pelo desenho expositivo.

Visionárias / Culturgest, Anastassia Smirnova (Rússia) com SVESMI.
Visionárias concentra-se em visões realizadas e realizáveis por pessoas da arquitectura, das artes, do design e da ciência, que aspiram a mudar a mudar o mundo sistematicamente. Entre essas pessoas com uma visão encontramos quem tenta impôr uma ordem alternativa das coisas e projectar não apenas estruturas físicas ou objectos, mas prescrições ambiciosas e, às vezes, controversas para acções futuras. Novos modelos e protótipos não devem ser apenas réplicas, mas interpretações produtivas do debate actual sobre as estratégias planetárias que apresentam respostas ao desafio da prática na era da próxima grande narrativa. Como podem as visões radicais transformar-se na nova norma?
O desenho expositivo é concebido pelo atelier de arquitectura Bureau, sediado entre Genebra e Lisboa.

Projectos Independentes / Palácio Sinel de Cordes e outros espaços.
Das 67 candidaturas recebidas, uma selecção de 16 Projectos Independentes integra o programa central. Com diversos formatos, enriquecem de forma articulada a reflexão da 6.ª edição sobre o futuro das ecologias em arquitectura.

© Visionaries – selgascano, Second Home Hollywood offices, 2019, Los Angeles, California, Iwan Baan

Como sempre, a Trienal tem também os seus prémios especiais.
Prémios Trienal de Lisboa / Millennium bcp:
Júri: Cristina Veríssimo (Portugal), Diogo Burnay (Portugal), N’Goné Fall (Senegal), Yael Reisner (Israel), Zhang Ke (China).
Prémio Début
O Prémio Début Trienal de Lisboa Millennium bcp galardoa um atelier de arquitectura ou jovem profissional para celebrar as suas conquistas. Apoiamos novas vozes e contribuímos para o crescimento criativo, intelectual e profissional de talentos emergentes. A lista de finalistas junta até 10 candidaturas, de onde o júri selecciona a vencedora que receberá um prémio de 10 mil euros. As candidaturas a nível mundial estão abertas até 28 de Fevereiro a pessoas até aos 35 ou ateliers até essa média etária.
Prémio Carreira
Acreditamos na prática e excelência consistentes. Valorizamos o trabalho relevante e a preeminência desse pensamento antes de contemplarmos carreiras concluídas. Olhamos para as reflexões e as obras. O Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp é isso mesmo: pressupõe uma carreira no activo, para impulsionar ainda mais esse talento individual ou colectivo reconhecendo a sua relevância no panorama global da arquitectura.

Espaço para a super estreia do Concurso Universidades com Curadoria: Cristina Veríssimo, Diogo Burnay. Júri convidada para selecção da proposta vencedora: Ilka Ruby (Alemanha).
Pela primeira vez, o Prémio Concurso Universidades Trienal de Lisboa Millennium bcp assume duas categorias de participação individual ou colectiva para a produção de conhecimento em, para e sobre arquitectura: através dos mestrados e pelos centros de investigação. Juntam-se à arquitectura outras disciplinas conexas numa perspectiva transversal. O concurso conta com a participação de 46 escolas ou faculdades de 22 países. O júri da fase de concurso para integração de trabalhos nas exposições centrais é composto pela equipa curatorial da Trienal 2022.

No que respeita a Publicações, vão lançar uma colecção de livros dedicada aos temas das exposições numa compilação acessível. Como ferramentas de difusão do discurso contemporâneo e da investigação sobre arquitectura, representam um legado de longo prazo que junta vozes nas áreas do pensamento, crítica, investigação e prática. Editados pela equipa curatorial, os livros de bolso são uma parceria com a Circo de Ideias e contam com a distribuição internacional da Monade.

As exposições centrais são o ponto de partida para Talk, Talk, Talk, uma série de conferências de três dias em torno das temáticas de Terra. A série tem como objectivo entrecruzar os fundamentos e implicações de Terra, a aplicação dos instrumentos da profissão no paradigma circular e a premência de se definir o objecto destas práticas. Reúnem-se aqui personalidades internacionais do pensamento, investigação, academia e arquitectura para discutir acções futuras.

Por fim, resta-nos relembrar que há Actividades Educativas à espera.
Apelando a uma participação activa das escolas e universidades, incluindo as seniores, estamos a preparar actividades que vão desde workshops para estudantes, oficinas para crianças ou visitas guiadas com desafios para adolescentes até tertúlias para adultos. Para mediar o programa propomos experiências que permitam uma compreensão cívica e humanista da aprendizagem e da arquitectura.

Para mais informações sobre todo o programa, basta seguir o link abaixo.
A colocar na sua agenda cultural, mais um momento da obrigatória Trienal de Lisboa. •

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