Festivais Gil Vicente’24

O futuro entra em cena com a edição de 2024 dos Festivais Gil Vicente, em Guimarães. De 06 a 15 de junho, espetáculos dos criadores Março Mendonça, Sara Inês Gigante (vencedora da Bolsa Amélia Rey Colaço), Bruno dos Reis, Mickaël de Oliveira (Teatro Oficina), Keli Freitas (vencedora do Projeto Casa) e Mário Coelho vão fazer-nos navegar por diversas temáticas, diferentes geografias e novos lugares de expressão, numa edição dos Festivais Gil Vicente que trará à linha da frente algumas das mais inquietantes, críticas e criativas formas que o teatro contemporâneo nos oferece. “Em palco, encontraremos uma riqueza estética, poética e política proposta por uma nova geração criativa, que assume sem rodeios esse lugar de questionar a existência humana“, antecipa Rui Torrinha (diretor artístico dos Festivais).

As honras de abertura desta edição são assumidas por “Blackface” do criador e intérprete Marco Mendonça no maior palco do CCVF, a 06 de junho (quinta-feira), às 21h30. Este é um regresso de Marco Mendonça a Guimarães e ao CCVF após se apresentar no papel de intérprete e cocriador nos espetáculos “Parlamento Elefante” (2018, vencedor da Bolsa Amélia Rey Colaço), “Catarina e a Beleza de Matar Fascistas” (estreado em absoluto no CCVF em 2020), “Cordyceps” (estreado em absoluto no CCVF, em 2021). “Blackface” é um espetáculo a solo, escrito e encenado por Marco Mendonça, uma conferência musical, entre o stand up e a fantasia, entre a sátira e o teatro físico, entre o burlesco e o documental, explorando a performatividade e a história do blackface, como prática teatral racista, e questionando ao mesmo tempo se será possível achar que não existe racismo em Portugal.

O espetáculo que se segue, logo na sexta-feira (07 junho), é apresentado em estreia absoluta pela mão de Sara Inês Gigante, criadora e intérprete de “Popular”, peça vencedora da mais recente edição da Bolsa Amélia Rey Colaço – iniciativa promovida pelo Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), A Oficina / Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo) e o Teatro Viriato (Viseu)). Sara também já foi bastante acarinhada pelo público em Guimarães aquando da apresentação em estreia absoluta da sua criação “Massa mãe” (2022). O seu novo trabalho, “Popular”, é um espetáculo-desafio que parte da autoficção de que a criadora e intérprete pretende ser uma artista popular, desafiando os padrões do panorama cultural e do universo popular através de uma fusão entre os dois. 

No sábado, 08 de junho, o palco é entregue ao autor e encenador Bruno dos Reis para apresentar “Vi o Ayrton Senna morrer nos olhos do meu irmão”. Com interpretação de Dick Steeves, João Tarrafa, Nuno dos Reis e Teresa Queirós é-nos assim apresentado um espetáculo cujo mote é a morte do piloto de fórmula 1, Ayrton Senna, pelos olhos de uma criança, contando com música ao vivo interpretada pelo Quarteto de Orquestra Filarmonia das Beiras.  

A segunda semana de espetáculos inicia-se a 13 de junho (quinta-feira) com a reposição de “Ensaio técnico”, a primeira de duas criações que Mickaël de Oliveira assina sob a chancela do Teatro Oficina e que estreou em outubro de 2023 nas suas instalações, o Espaço Oficina. O espetáculo propõe uma ficção em redor de um grupo de jovens atores e performers que decide empreender um projeto ambicioso, baseado no conceito de “performance contínua e aberta”, e trabalhá-lo em regime de residência artística monacal. “Ensaio técnico” é sobre o relato oficial e oficioso do que aconteceu ao longo de três anos de retiro.

A 14 de junho (sexta-feira) é-nos apresentado outro espetáculo em estreia absoluta, desta feita “Volta para a tua terra”, projeto vencedor da 2ª edição do Projeto Casa, – programa de apoio à Criação Artística na área das Artes Performativas promovido pel’A Oficina / Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, o Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo e o Cineteatro Louletano, em Loulé. Esta é uma criação de Keli Freitas, brasileira residente em Portugal, no qual, a partir da busca por sua bisavó portuguesa, desafia as ideias de imigração e pertença.

“I´m still excited!” é o espetáculo que encerra a edição de 2024 dos Festivais Gil Vicente no sábado 15 de junho. Esta criação de Mário Coelho – com interpretação de Anabela Ribeiro, Mário Coelho, Rita Rocha Silva, Pedro Baptista – é uma história de “boy meets girl” e “girl meets boy”, que se propõe a falar sobre o fim de uma relação entre duas pessoas, inseridas num cenário de festa, que é também um ensaio de teatro. 

Em cumplicidade com a direção artística do Teatro Oficina, os Festivais Gil Vicente propõem também no seu programa uma relevante dimensão de pensamento e formação, montada com protagonistas que fazem parte do forte elenco geracional presente nesta edição. Um natural destaque recai sobre as Oficinas de criação “Escrever a diferença, escrever(-se)” que procuram, através de exercícios práticos e teóricos, munir os participantes de técnicas, instrumentos e referências para outros modos de composição de um texto, de uma performance ou de um espetáculo. Estas oficinas serão orientadas por Marco Mendonça (07 e 08 junho), Bruno dos Reis (09 junho) e Keli Freitas (15 junho) e têm participação gratuita, até ao limite da lotação disponível, carecendo apenas de inscrição prévia através do formulário online disponível em aoficina.pt . Um importante momento de comunhão entre público e artistas acontecerá também nas conversas pós-espetáculo com Sara Inês Gigante, Mickaël de Oliveira e Keli Freitas.

Os criadores Marco Mendonça, Mário Coelho e Mickaël de Oliveira irão também visitar as escolas do ensino secundário e superior do concelho de Guimarães durante o festival para momentos de partilha e enriquecimento.

Este ano, de forma concertada entre A Oficina e a Licenciatura em Teatro da Universidade do Minho, as novas criações autorais dos alunos finalistas da Licenciatura em Teatro da UM irão ser apresentadas no Teatro Jordão, entre 02 e 05 de junho, antes da realização dos Festivais Gil Vicente. Sob o título “Criações em Curso”, estas apresentações fazem a síntese das aprendizagens realizadas ao longo do curso, ao mesmo tempo que dão expressão ao desejo da autonomização dos alunos para o início da sua afirmação autoral e enquanto artistas.

O futuro, como sabemos, não é de sentido único, nem linear. Disso se apropriará esta edição dos Festivais Gil Vicente, para provocar modos de relação com algumas das matérias essenciais do nosso tempo.”, remata Rui Torrinha.

06 junho, 21h30 – Blackface, Março Mendonça // CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu.
07 junho, 21h30 – Popular, Sara Inês Gigante – Bolsa Amélia Rey Colaço, ESTREIA ABSOLUTA // CCVF / Pequeno Auditório.
08 junho, 21h30 – Bruno dos Reis // CCVF / Palco do Grande Auditório Francisca Abreu.
13 junho, 21h30 – Ensaio Técnico, Mickaël de Oliveira – Teatro Oficina // Espaço Oficina. 
14 junho, 21h30 – Volta para a tua terra, Keli Freitas – Projeto Casa, ESTREIA ABSOLUTA // CCVF / Pequeno Auditório.
15 junho, 21h30 – I´m still excited!, Mário Coelho // CCVF / Palco do Grande Auditório Francisca Abreu.

Conversas pós-espetáculo 
07 junho, após o espetáculo “Popular” – Conversa com Sara Inês Gigante // CCVF / Pequeno Auditório.
13 junho, após o espetáculo “Ensaio Técnico” – Conversa com Mickaël de Oliveira // Espaço Oficina.
14 junho, após o espetáculo “Volta para a tua terra” – Conversa com Keli Freitas // CCVF / Pequeno Auditório.

Oficinas de criação “Escrever a diferença, escrever(-se)” 
07 junho, 18h30-20h00  
08 junho, 10h00-13h30  
Espaço Oficina 
Oficina com Marco Mendonça  
09 junho, 14h00-18h30 
Espaço Oficina 
Oficina com Bruno dos Reis  
15 junho, 14h00-18h30 
Espaço Oficina 
Oficina com Keli Freitas 

A não perder, em Guimarães! •

+ CCVF
@ Fotografia: Joana Linda, Marco Mendonça.

Já recebe a Mutante por e-mail? Subscreva aqui .