Vai na 12.ª edição e deixa transparecer mais elegância e frescura, dando maior abertura aos atributos de cada casta, com a mais-valia destas serem vindimadas em vinhas velhas e centenárias.
A primeira vindima do Mirabilis branco remonta a 2011. À época, os vinhos feitos a partir de castas brancas não tinham muita reputação para os consumidores. Com a passagem do tempo, os brancos começam a despertar as atenções de produtores e enólogos, e ganham expressão no mercado, graças ao cuidado que lhes é entregue na vinha e na adega.
Uma das equipas representativas deste trabalho de dedicação direccionado às castas brancas está no Douro, mais concretamente na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, propriedade vitivinícola da família Amorim localizada em Covas do Douro, no concelho de Sabrosa. À frente está Luísa Amorim, CEO deste cinco estrelas da Relais & Châteaux, para quem o Mirabilis é “uma marca de referência para nós” e o Mirabilis branco“foi uma grande influência para muitos vinhos brancos do país”, reforça.
Face a esta mudança, Luísa Amorim é da opinião de que “há espaço para os vinhos brancos terem o preço dos vinhos tintos” e salienta que há espaço para o crescimento do vinho branco no Douro, graças à quantidade de castas brancas ainda existentes nesta região.
Ana Mota, responsável pelo departamento de viticultura da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, enaltece as “vinhas muito velhas”, que entram no lote do Mirabilis branco 2022 – feito também a partir de Viosinho e Gouveio –, as quais são vindimadas entre os 650 e os 750 metros de altitude. “São uvas resilientes que resistem melhor ao calor”, sublinha, daí que haja apenas castas autóctones plantadas na propriedade, as quais são submetidas a um “trabalho de filigrana” feito na vinha. O mesmo cuidado é feito na adega, onde Jorge Alves, director de enologia da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, supervisiona todo o processo de vinificação das castas e tem vindo a fomentar pequenas mudanças, sobretudo no presente, com a renovada adega da propriedade do Douro. Resultado? Um vinho mais elegante e com maior frescura, acidez equilibrada, sem deixar de parte a estrutura e nem a complexidade.
Mudança é igualmente e cada vez mais notória à mesa, ou não tivesse Luísa Amorim escolhido o restaurante Encanto, de José Avillez, para o almoço de apresentação do Mirabilis branco 2022 (€59). Na cozinha, onde os hortícolas brilham, está o chef Diogo Formiga, que encaminhou cada momento com a perfeição de um mestre, a par com o conhecimento vínico de Nádia Desidério, a escanção responsável por todos os espaços de restauração do Grupo José Avillez, na selecção dos pratos para o Quinta Nova rosé 2023 (Tinta Roriz, Tinta Francisca e Touriga Franca) e o Grainha Reserva branco 2022 (Gouveio, Viosinho e Rabigato).
Sem esquecer o memorável Grainha Exclusivo branco 2012 (Boal e Moscatel Galego Branco), um clássico e um testemunho da longevidade dos vinhos do Douro, característica que comprova a narrativa inicial de Luísa Amorim.
Brindemos!