Novos álbuns I / Clean Feed’15

A editora Clean Feed lança, agora, os seus primeiros álbuns de 2015. São oito novos trabalhos dos quais apresentamos hoje quatro e amanhã, à mesma hora, os restantes quatro. É jazz a ter de descobrir e ouvir.

Chris Lightcap’s Bigmouth “Epicenter” / com Chris Lightcap (contrabaixo, guitarras acústicas e órgão), Craig Taborn (piano elétrico Wurlitzer, piano e órgão), Tony Malaby (saxofone tenor), Chris Cheek (saxofone tenor), Gerald Cleaver (percussão e bateria). Todas as composições têm pena de Chris Lightcap, exceto “All Tomorrow’s Parties“, de Lou Reed. Um trabalho que chega até nós com críticas como “Righteous… The songs are suffused with locomotion and informed by choice aspects of West African music…it just works.” por Nate Chinen, The New York Times; ou “Lightcap is a smart composer of driving music; his tunes breathe, with plenty of room for horn interplay…It’s a brawny unit, but also at ease — a muscle car with an unconcerned foot on the gas” por Patrick Jarenwattananon, NPR. “Epicenter”, é o muito aguardado follow-up de Deluxe (2010). Bigmouth apresenta dois saxofonistas tenor profundamente originais, Tony Malaby e Chris Cheek, o génio multifacetado de Craig Taborn, e a força criativa de Gerald Cleaver. A banda é um “supergrupo” dentro do universo musical contemporâneo que, apesar personalidade forte cada um, juntos criam um todo coeso, resultando em belas demonstrações coletivas, bem conduzidas. Lightcap foi, recentemente, galardoado pela Chamber Music America New Jazz Works, que encomendou as composições originais editadas neste “Epicenter”; tendo escrito peças inspiradas em marcos culturais da sua cidade adotiva, New York City, baseando-se no seu amor pela West African music, pela pop clássica e pelos grandes compositores do mundo jazz, Lightcap cria melodias memoráveis ​​e paisagens harmónicas, paisagens com elementos sublimes, estranhos e até assustadores da cidade que nos toca. Lightcap acrescenta: “I’m so happy that everyone has remained enthusiastic about the group. Every time we get together, they show up ready to engage, support each other, throw down, and deliver the goods. We never know how it’s going to turn out but it’s always a great journey.” Gravado a 16 e 17 de dezembro de 2013, por Andrew Taub em Brooklyn Recording, Brooklyn, NY; misturado e editado por Andrew Taub e Chris Lightcap; masterizado por Tom Hutten em Bionic Mastering; produzido por Chris Lightcap.

Mario Pavone “Blue Dialect” / com Mario Pavone (contrabaixo), Matt Mitchell (piano), Tyshawn Sorey (bateria). Todas as composições criadas por Mario Pavone (Pavo Publishing / IMC), exceto a composição 8 por Mario Pavon, Matt Mitchell e Tyshawn Sorey, e arranjos originais, faixas 1, 3 e 4 por Dave Ballou. É sempre bom uma nova gravação de alguém como Mario Pavone, figura central, durante cinco décadas, de um jazz norte americano desafiante e descomprometido. Sempre presente em vários momentos-chave deste estilo, seja com Paul Bley, Bill Dixon, Thomas Chapin, Anthony Braxton, Wadada Leo Smith, Marty Ehrlich, Steven Bernstein, Joshua Redman e muitos outros. Agora, aqui, vai encontrá-lo no mais convencional dos trios, piano-double bass-drums, fazendo o que ele faz de melhor – música não convencional, exploratória, com o pos-bop como uma referência. O contrabaixo faz-se acompanhar de dois improvisadores ímpares, Matt Mitchell e Tyshawn Sorey, ambos transportando “five thousand terabytes of information” com eles. “Blue Dialect” é uma viagem interminável de ideias e argumentos, mas sempre com um destino definido e sempre consciente do ponto de partida. Cada peça é o contar de uma história e todas as histórias têm tudo para vos encantar e vos manter neste universo sonoro. Gravado por Joe Marcianono Systems Two , Brooklyn , NY, em 20 e 21 de agosto de 2014; misturado por Joe Marciano e Mario Pavone; masterizado por Max Ross; produzido por Mario Pavone.

Deux Maisons “For Sale” / com Luís Vicente (trompete), Théo Ceccaldi (violino, viola), Valentin Ceccaldi (violoncelo), Marco Franco (percussão). Todas as composições são de Luís Vicente, Théo Ceccaldi, Valentin Ceccaldi, Marco Franco. O modo avant-jazz/improviso está bem vivo na cena musical europeia e um exemplo superlativo disto mesmo é este novo projeto, um quarteto que reúne dois franceses e dois portugueses representantes de uma nova geração de músicos criativos surpreendentes. O nome Deux Maisons (duas casas) deriva desta dupla nacionalidade dentro deste quarteto europeu. De França, dois irmãos Théo e Valentin Ceccaldi (Théo Ceccaldi Trio, de Roberto Negro La Scala, Toons), ex-alunos Joelle Leandre que já marcaram os seus nomes no desenvolvimento intrigante da improvisação. Já considerado como o herdeiro da linhagem de violino que nasceu com Stéphane Grapelli e continuada por Jean-Luc Ponty e Dominique Pifarely, Théo toca com nomes como Régis Huby, Guillaume Roy e Hans Ludemann e Valentin tem parcerias com Vincent Courtois, Pascal Contet e Mederic Collignon. Luís Vicente, um “Don Cherry meets Kenny Wheeler” tem um som agridoce que explica uma boa parte do sucesso internacional obtido pelas bandas Fail Better!, Clocks & Clouds e Vicente/Marjamäki, todas com lançamentos em tabelas de Best of 2014. O nome que falta é Marco Franco, um baterista e compositor, com uma visão mui própria da música, presente numa variedade de contextos, quer com o seu grupo Mikado Lab ou no projeto de percussão Tim Tim Por Tim Tum. “For Sale” é um álbum unique de música de câmara, no século XXI. Gravado por Joaquim Monte no Namouche Studio, Lisboa, a 21 de maio de 2013; misturado e masterizado por Marcelo dos Reis; produzido por Deux Maisons.

Baloni “Ripples” / com Joachim Badenhorst (clarinete baixo, clarinete e saxofone tenor), Frantz Loriot (viola) e Pascal Niggenkemper (contrabaixo), com todas as composições criadas por Joachim Badenhorst, Frantz Loriot, Pascal Niggenkemper. Um trabalho que nos chega como “based on the listening to the other, the exploration of the unknown and the vertigo of the moment“. O formato clássico contemporâneo do jazz une-se, sem demoras, à improvisação, e se, em dados momentos, o som lhe parecer melancólico, com um certo lirismo e uma escuridão, é porque também pode ser intenso e inquieto. Há o estudar timbres e melodias com texturas abstratas, mas também uma força motriz vinda do jazz. No todo há um trabalho harmónico requintado. Joachim Badenhorst (Hans Bennink Trio, Tony Malaby Novela, Clarino de Thomas Heberer), Frantz Loriot (Joelle Léandre, Barre Phillips, David S. Ware) e Pascal Niggenkemper (Tyshawn Sorey, Simon Nabatov, Frank Gratkowski) encontraram-se em Nova York e aí começaram este trio com a convicção que há muito que fazer no que respeita a combinar escrita e composição espontânea, e a verdade é que não se pode distinguir quando a escrita acaba e começa a improvisação – a linha de fronteira entre estes dois processos acaba sempre por se diluir de forma inesperada. É música complexa sem ser difícil de ler. Um trabalho gravado ao vivo no Exploratorium, Berlim, a 11 abril de 2013 por Johannes von Wrochem, misturado e masterizado por Jim Clouse nos Park West Studios NY, produzido por Baloni e arte por Rie Iwatake.

Álbuns com produção executiva por Pedro Costa/ Trem Azul e Design assinado por Travassos. Sons a colocar no ar.  •

+ Clean Feed

Partilhe com os seus amigos: