Frei Luís de Sousa / TMJB

A 153.ª criação da Companhia de Teatro de Almada é a peça “Frei Luís de Sousa”, de Almeida Garrett, com encenação de Rogério de Carvalho, que está em cena na Sala Principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), em Almada.

Escrita em 1843 e publicada no ano seguinte, “Frei Luís de Sousa” é considerada uma obra-prima do teatro romântico português e com toda a certeza, todos se lembram bem da história. A peça estreou em 1847 no Teatro do Salitre e o enredo inspira-se na vida do escritor seiscentista Frei Luís de Sousa (de seu nome secular D. Manuel de Sousa Coutinho). Como pano de fundo, a resistência ao domínio filipino: sete anos após o seu marido, D. João de Portugal, ter sido dado como morto na batalha de Alcácer Quibir, D. Madalena de Vilhena desposa D. Manuel de Sousa Coutinho, de quem tem uma filha, Maria. A feliz existência desta família é apenas perturbada pelos pressentimentos aziagos de um velho aio, Telmo, que nunca deixa de acreditar no regresso do seu antigo senhor. Na célebre Memória ao Conservatório Real, Almeida Garrett define a sua obra como “a mais verdadeira expressão literária e artística da civilização do século”.

Almeida Garrett (1799-1854), a par da sua vocação literária, foi também um político activo e um liberal convicto. Depois de ter concluído o curso de Direito em Coimbra, foi perseguido e forçado a partir para Inglaterra, escrevendo “Camões” (1825) e “D. Branca” (1826) no exílio. Com a revolução de Setembro (1836), ficou encarregue de fundar o futuro Teatro Nacional D. Maria II, bem como de fomentar um repertório original português. Foi com este objectivo que escreveu “Um auto de Gil Vicente” (1838), “D. Filipa de Vilhena” (1840), “O alfageme de Santarém” (1842), “Frei Luís de Sousa” (1843) e “A sobrinha do Marquês” (1848). Na prosa, destacou-se com “Viagens na minha terra” (1843) – um clássico, também, obrigatório.

Rogério de Carvalho (n. 1936) já dirigiu espectáculos nos principais palcos portugueses, tendo colaborado com diversas estruturas de produção. A sua primeira colaboração com a Companhia de Teatro de Almada remonta a 1986, quando assinou a encenação de “A menina Júlia” – de Strindberg. Para a CTA encenou vários espectáculos ao longo dos anos, sendo alguns dos exemplos “A cada um o seu problema” (1997) – de Pinter, “As três irmãs” (2002) – de Tchecov, “Fedra” (2006) – de Racine, “Tio Vânia” (2008) e “As possibilidades” (2015) – de Howard Barker, “O pelicano” (2013) – de Strindberg, e “Tartufo (2014)” – de Molière. A Associação Portuguesa de Críticos de Teatro distinguiu a sua encenação de “O doente imaginário” como o Melhor Espectáculo de 2012. Em 2014, o jornal Público considerou a sua encenação de “As confissões verdadeiras de um terrorista albino” o melhor espectáculo do ano. Foi a personalidade homenageada no 32. º Festival de Almada. Um veterano das artes do palco.

Em palco, em “Frei Luís de Sousa” encontra os intérpretes Adriano Carvalho, Alberto Quaresma, António Fonseca, Carlos Fartura, Joana Castanheira, João Farraia, Marques D’Arede, Pedro Walter, Teresa Coutinho e Teresa Gafeira. Em cena até dia 30 de Abril, de quarta-feira a sábado, às 21h30, e domingos, às 16h00, não deixe de ir ao teatro, em Almada. •

+ TMJB
© Fotografia: Rui Carlos Mateus.

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