Ontem, dia 4 de julho, foi o arranque. Hoje continua e só pára no dia 18 de julho. Sim, falamos da 33.ª edição do Festival de Almada.
O dia de ontem foi marcado com a inauguração de duas exposições, às 21h00, na Escola D. António da Costa. Primeiro, “Biombos” de Graça Morais – exposição que consiste na mostra dos três painéis que a pintora criou para a produção de “Os biombos”, de Genet, no Teatro Experimental de Cascais, em 1993, com encenação de Carlos Avilez. Nas palavras do curador Jorge da Costa, “este impressionante corpo de trabalho constrói-se em sucessivas relações formais e semânticas e, como a pintura e o desenho, a obra pública ou a ilustração, alicerça-se em marcas autorais muito vincadas”.
Segundo, a instalação “MONTRA”, com coordenação de Rui Simão, que consiste numa visita à obra de Ricardo Pais, recorrendo sobretudo ao vídeo e à criação de ambientes sonoros. Para o encenador, que é este ano a Personalidade Homenageada pelo Festival, “esta MONTRA é um apelo ao nosso desejo de espectáculos, vivos ou mortos, ao fascínio pelos seus habitáculos, à falsificação decorativa do seu sentido e ambiente originais, à contrafacção de uma redução nova em cumplicidade com os nossos visitantes”.

© “Pílades”, de Pier Paolo Pasolini, com encenação do croata Ivica Buljan
Mas não só de exposições – que pode agora visitar – se fez o dia inaugural deste Festival. A abertura do 33.º Festival de Almada recebeu a Orquestra Gulbenkian com excertos do Peer Gynt de Edvard Grieg; de Lucia di Lammermoor, de Donizetti; e do Candide, de Bernstein, com direcção musical de Jan Wierzba e interpretação da soprano Bárbara Barradas.
E hoje, dia 5 de julho, o Teatro arranca em força no segundo dia do Festival de Almada, com destaque para a estreia absoluta em Portugal de “Nao d’amores”, de Gil Vicente, a co-produção entre a Companhia de Teatro de Almada e a companhia espanhola Nao d’amores, com encenação de Ana Zamora, às 21h30, na Sala Principal do Teatro Municipal Joaquim Benite.
Mas a maratona de teatro, neste segundo dia, arranca daqui a nada às 15h00, na Casa da Cerca, onde a companhia norueguesa Visjoner Teater apresenta uma “Hedda Gabler” intimista, para 60 espectadores, com a cidade de Lisboa, ao fundo, a fazer as vezes da paisagem escandinava (o espectáculo repete na quarta-feira, dia 6 de julho, às 15h00 e às 19h00, e a encenação é de Juni Dahr).
Às 18h00, no salão de festas da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, o grupo La MaMa Experimental Theatre Club, de Nova Iorque (em estreia absoluta em Portugal), trará um “Pílades”, de Pier Paolo Pasolini, com encenação do croata Ivica Buljan. O espectáculo repete às 22h00, e tem 1h40 de duração. Durante o jantar, às 20h30, na Esplanada da Escola D. António da Costa o projeto “Crocodilo Criollo” dará um concerto de música afro-peruana.

© “May B”, coreografia de Maguy Marin, dia 6, às 22h, no Palco Grande da Escola D. António da Costa, em Almada
Amanhã, dia 6 de julho, destaque para Maguy Marin, a reputada coreógrafa francesa precursora da dança-teatro, comemora este ano os 40 anos de carreira: foi “madrinha” do Festival de Dijon-Bourgogne e recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Veneza. Marin traz a Almada um espectáculo mítico: “May B”, estreado em 1981 e em digressão desde essa data, com mais de 600 apresentações em 50 países, nos cinco continentes. “May B” inspira-se no universo de Samuel Beckett, que, segundo conta a coreógrafa, não chegou a assistir ao espetáculo, mas aprovou a sua utilização: “Foi preciso ter lata para naquela altura, sendo uma debutante, me ter atrevido a abordar o universo de Beckett. Mas tratava-se de uma afinidade – e consegui encontrar forças dentro de mim mesma para fazê-lo”.
Filha de refugiados da guerra civil espanhola, Maguy Marin, nasceu em Toulouse há 65 anos, é particularmente sensível ao tema dos refugiados que procuram a todo o custo, diariamente, chegar à Europa: “Não entendo a diferença que se faz entre refugiados políticos e migrantes económicos. Aqueles que partem porque não têm meios de subsistência fazem-no porque existe uma politica que lhes torna a vida impossível. Do que é que temos medo, quando nos recusamos a abrir as portas?”. Na sua companhia, Maguy considera essencial a presença de bailarinos que não sejam franceses: “Os estrangeiros contam outra história”. Uma história que nos será contada pelos dez clochards inspirados no Godot – dez figuras entre Bosch e Bruegel – amanhã à noite no Palco Grande da Escola D. Antónia da Costa.
Como vê, neste segundo e terceiro dia, são boas horas de espetáculos, um tour de force que se estende até dia 18 de julho e que, para além dos espectáculos de teatro, inclui ainda colóquios, workshops e espectáculos de ar livre. Eis o dia de hoje e amanhã nesta festa do teatro, para a sua agenda:
Hedda Gabler – Casa da Cerca
05/07 às 15h00.
06/07 às 15h00 e às 19h00.
Pílades – Incrível Almadense
05/07 às 18h00 e às 22h00.
Nao d’Amores – TMJB
05/07 às 21h30.
06/07 às 19h30.
May B – Escola D. António da Costa
06/07 às 22h00.
Para consultar os restantes dias, consulte o programa detalhado aqui . Um Festival a não perder se andar por Almada e se for um amante de Teatro. •
+ Festival de Almada
© Imagem: Pormenor do cartaz de divulgação.
Partilhe com os amigos: