Um texto como ponto de partida foi o desafio a que Victor Hugo Pontes se propôs e o resultado é a peça “Se alguma vez precisares da minha vida, vem e toma-a”. O coreógrafo regressa ao palco principal do Theatro Circo, em Braga, para apresentar a criação que partiu do texto “A Gaivota”, de Anton Tchékhov.
O fascínio de Victor Hugo Pontes pelo autor não é recente e a vontade de coreografar um texto dramático já vem do tempo em que trabalhou com Nuno Cardoso como assistente de encenação. O objetivo era criar um texto dramático sem palavras que, nesta criação, foram substituídas pelo silêncio (ausência da palavra), pela dança e pela música original de Rui Lima e Sérgio Martins. A reflexão sobre o ato criativo é um dos pontos mais fortes da peça de Tchékhov e um dos que mais interessa a Victor Hugo Pontes.
Para este projeto, o coreógrafo trabalhou com bailarinos de diferentes gerações e formações. Através do corpo e sem palavras, em palco, Allan Falieri, Ángela Diaz Quintela, Daniela Cruz, Félix Lozano, Jorge Mota, Leonor Keil, Marco da Silva Ferreira, Valter Fernandes, Vera Santos e o próprio Victor Hugo Pontes transmitem a força emocional das personagens de Tchékhov e os conflitos dramáticos por ele trabalhados.
De acordo com o coreógrafo, “não se trata de transpor o enredo para o movimento, nem sequer de posicionar as personagens numa linguagem artística distinta do teatro. A dança clássica serve-se de um libreto e este espetáculo de dança serve-se de uma peça.” A estrutura dramatúrgica sustenta o movimento, mas a narrativa perderá linearidade, de modo que o espectador veja aqui aquilo que quer ver num Tchékhov dançado.
Licenciado em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto Victor Hugo Pontes frequentou a Norwich School of Art & Design, Inglaterra. Concluiu os cursos profissionais de Teatro do Balleteatro Escola Profissional e do Teatro Universitário do Porto, bem como o curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança. Em 2004, fez o curso de Encenação de Teatro na Fundação Calouste Gulbenkian, dirigido pela companhia inglesa Third Angel, e, em 2006, o curso do Projet Thierry Salmon – La Nouvelle École des Maîtres, dirigido por Pippo Delbono, na Bélgica e em Itália. Como intérprete, trabalhou com diversos encenadores e coreógrafos.
A ir no próximo dia a 04 de novembro, pelas 21h30, no Theatro Circo. •
+ Theatro Circo
© Fotografia: José Caldeira.
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