“Estudo Após o Retrato do Papa Inocêncio X de Vélazquez” trata-se de um óleo sobre tela pela mão de Francis Bacon, o pintor inglês que trouxe cativo, por exemplo, o filósofo Gilles Deleuze.
Pintor da carne, da florescência dos órgãos, das lutas transviadas inscritas nos corpos, Francis Bacon dedicou ao retrato do Papa Inocêncio X devido a Vélazquez e datado de 1650, inúmeros estudos e variações que se balizam entre os inícios dos anos 50 do século XX e o ano de 1965. Obcecado, como uma espécie de caçador que rodeia a presa, mas que não chega a matá-la, pois consta que Francis Bacon abdicou de ver, em Roma, o quadro original. Aos/às artistas parecem endereçar-se algumas bizarrias e obsessões, manias e intermitências, formas de agir que se evadem do mundo, digamos; algo que Maurice Merleau-Ponty escreveu que lhes é consentido, e mais dificilmente, ou mesmo impossível, de permitir ao cidadão responsável que a Modernidade modelou.
Aliás, na senda dessa “loucura” que se consente aos/às artistas podemos também inscrever o que Hannah Arendt dizia sobre o indivíduo para as sociedades de massas contemporâneas, ou seja, que o vamos encontrar precisamente encarnado nos/nas artistas. Mas essa liberdade, que algumas pessoas fazem coincidir com a noção de destino, todavia, tem vindo a ser ofuscada pela arte internacional: uma arte pautada por um nomadismo gourmet; cuja resposta não provém da necessidade interior, mas que corresponde a calls previamente e detalhadamente fabricadas pelas instituições planetárias; uma arte prêt-à-porter. Mantêm-se ilustres desconhecidos e gratas desconhecidas, sim.
O óleo sobre tela que aqui podem observar vem do ano 1953, possui as medidas de 153 cm x 118 cm e pertence ao Des Moines Art Center, localizado nos EUA.