Cantautor e produtor americano, Matthew E. White é fundador da Spacebomb Records , label em que editou o seu álbum de estreia em nome próprio, “Big Inner” (2012) e que traz agora aos palcos nacionais.
Por cá foi considerado uma das maiores revelações musicais do ano passado (2013), o título desta obra direciona-nos, e bem, para o mergulho na imensidão da alma que o criou. É, também, expressão homófona de Beginner – principiante – um jogo linguístico que White ganhou e se assume o principiante: “É o primeiro disco que assinei com o meu nome, é o primeiro disco da Spacebomb, foi a primeira vez que seguimos este processo e sinto-me um principiante enquanto compositor de canções“. Ao escutar “Big Inner” sentimos um som quente, uma música que nos envolve num suave veludo, uma voz que canta, mas que sussurra… sim, uma voz que na melodia quente nos sussurra palavras, no tom certo.
A canções deste álbum de estreia têm um tema definido, central – é um tom quase confessional na voz quente e grave, com quanto baste de rouquidão suave, de White, e uma geografia subtilmente descodificada e precisa – o Sul dos Estados Unidos (E.U.A.), terra do country mas também núcleo da soul, temos o equilíbrio de dois mundos. “Big Inner” é um álbum coeso, seguro, para ouvir e repetir, em que lições soul de outrora se embrenham em belos arranjos de metais e onde a interpretação sabe fazer jus à canção – da expressividade em slow motion a um funk bem exposto.
Matthew E. White, com seu look inconfundível, leva-nos, ainda e inevitavelmente, a pensar no guitarrista hippie que alega ter sido, todavia “Big Inner” desmente essa imagem. É a Americana filtrada pela alma de Al Green, é Randy Newman trocando ironia fina pela crença no poder redentor da música. Alexei Petridis, crítico do Guardian pouco dado a epifanias, teve uma com White. Anunciou-o como uma preciosidade que devemos descobrir e acarinhar, deu cinco estrelas a Big Inner, escreveu que o álbum é um acontecimento raro nos nossos tempos: permite anunciar verdadeiramente a erupção de algo novo.
As datas para poder ver e ouvir Matthew E. White (o americano que pisca o olho à folk do mesmo modo com que namora o funk), em Portugal, em dois concertos únicos:
4 de Abril/ 22.30h, Musicbox Lisboa;
5 de Abril/ 22.00h, Centro de Artes de Ovar.
A tomar nota. A ir! Bons sons. •
© Vídeo: Matthew E. White.
© Imagem de capa: Matthew E. White.