A 32.ª edição do Jazz em Agosto já tem datas e programa para acicatar os fiéis do evento e amantes do estilo… prepare a agenda para tomar nota dos dias jazz no no anfiteatro ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian.
Este 2015, o Jazz em Agosto é marcado pela presença em Lisboa de grandes formações orquestrais, uma das características que têm firmado a sua identidade ao longo de três décadas, e pela própria intemporalidade do jazz, através da presença de músicos que regressam a projetos do passado para os reinventar ou que, através de novos projetos, realçam a importância do seu percurso. Entre 31 de Julho e 9 de Agosto há concertos de excelência, na Gulbenkian.
A edição deste ano dedica ainda especial atenção ao saxofonista Mats Gustafsson, com dois projetos, a ambiciosa Fire! Orchestra – no concerto de abertura – e o surpreendente quinteto Swedish Azz. Há ainda o destaque mui especial também para a celebração do 50o aniversário da AACM de Chicago, com a presença de Henry Threadgill e Wadada Leo Smith, músicos emblemáticos desta associação. E agora, sem mais demoras, seguimos para o programa, para a sua agenda musical.
31/07, 21h30 — Fire! Orchestra. Um projeto ambicioso de Mats Gustafsson, que transformou o trio Fire! – Mats Gustafsson, Johan Berthling e Andreas Werliin – numa grande formação com uma energia arrebatadora. Em Lisboa, apresentam-se no festival com 19 músicos, companheiros de vida e de palco dos fundadores do trio, entre os quais se destacam as vozes de Sofia Jernberg e Mariam Wallentin. Fire! Orchestra revela a força explosiva da música criada a partir de fricções entre o jazz, o rock psicadélico, a música improvisada e a eletrónica.
01/08, 21h30 — Michael Mantler’s Jazz Composer’s Update & Orquestra Jazz de Matosinhos. Em 1968, o trompetista austríaco Michael Mantler dirigiu o homónimo álbum histórico da Jazz Composer’s Orchestra, contando com o talento de Carla Bley, Don Cherry, Pharoah Sanders ou Cecil Taylor. Mais de 45 anos depois, Mantler descobriu a intemporalidade do espírito libertador dessa gravação ao transferir o reportório para a Nouvelle Cuisine Big Band, processo fixado no álbum The Jazz Composer’s Orchestra Update, recentemente editado pela ECM. Em exclusivo no Jazz em Agosto, Michael Mantler e os solistas da Nouvelle Cuisine, serão agora acompanhados pela Orquestra Jazz de Matosinhos.
02/08, 21h30 — Mats Gustafsson’s Swedish Azz. Tomados pelo desejo de homenagear o fundador jazz sueco dos anos 1950 e 1960, inspirado nos sons que chegavam da West Coast, mas permeável à música de tradição local, Mats Gustafsson e Per Åke Holmlander formaram um novo quinteto ligado por esse interesse comum. A homenagem, no entanto, não desemboca em reverência, e os músicos do Swedish Azz pegam em tal legado e tornam-no seu, cruzando-o com a atração pela exploração de novos territórios, amplificados pela eletrónica de Dieb13.

05/08, 21h30— RED trio & John Butcher. Retomando uma colaboração já fixada em disco (Empire, 2011), os portugueses RED trio voltam a encontrar-se com o saxofonista inglês John Butcher, reputado experimentalista e com um percurso de absoluta independência. Após parcerias com Nate Wooley e Mattias Stahl, o cada vez mais internacional trio de música improvisada pisa novamente um palco com Butcher revelando aquilo que o crítico Stuart Broomer descreveu como “uma espantosa intimidade musical, ligando de forma original free jazz e improvisação livre”.
06/08, 21h30 — Lok 03, Alexander von Schlippenbach / Aki Takase / DJ illvibe. Lok 03 é uma travessia no espaço e no tempo, que leva os pianos de Alexander von Schlippenbach e Aki Takase, mais a mestria de DJ assinada por illvibe, em viagem por Berlim, Alma Ata, Istambul, Oklahoma, Buenos Aires e Osaka. Esse mesmo conceito é agora recuperado enquanto acompanhamento improvisado do filme Berlim: Sinfonia de uma Capital, de 1927. Realizada pelo alemão Walter Ruttmann, esta longa-metragem a preto e branco regista os vários ambientes diários vividos na capital da Alemanha através de impressões visuais sem ordem aparente nem narrativa e com uma revolucionária técnica de montagem.
07/08, 21h30 — Ingebrigt Håker-Flaten’s The Young Mothers. Após a formação de um importante sexteto em Chicago, em 2009, ao mudar-se para Austin, o contrabaixista norueguês Ingebrigt Håker Flaten (Atomic, The Thing) procurou uma comunidade de músicos com quem pudesse forjar de raiz uma nova formação. O resultado dessa busca é este sexteto intitulado The Young Mothers, descrito pelo crítico Clifford Allen como “uma banda brilhante que funde o jazz moderno, a improvisação livre, o rock independente, o hip-hop e um ululante groove afro reminiscente da Brotherhood of Breath”.
08/08, 21h30 — Wadada Leo Smith’s The Great Lakes Suites feat. Henry Threadgill. Apresentação em estreia europeia de uma das mais notáveis obras dos últimos anos, Wadada Leo Smith traz o tom épico das suas The Great Lakes Suites, álbum lançado em 2014 que é toda uma depurada súmula da sabedoria sonora acumulada pelo trompetista ao longo de décadas, liderando um quarteto de sonho. Músico de visão inspirada, responsável pelo estabelecimento de uma linguagem da improvisação desde a sua passagem pela AACM, Leo Smith volta aqui a encontrar outro histórico dessa bolsa de talento, Henry Threadgill, assim como o espírito original da AACM em ano de 50o aniversário da associação.
09/08, 21h30 — Orchestre National de Jazz dir. Olivier Benoît. Com o seu nono mandato de regência entregue ao guitarrista Olivier Benoît, a Orchestre National de Jazz foi totalmente redesenhada em 2014 e passou a desenvolver, desde então, um programa ambicioso intitulado Europa, consagrado a uma série de retratos de cidades, com o propósito de esboçar um complexo e subjetivo mapa musical da contemporaneidade europeia. Tendo começado por se debruçar, naturalmente, sobre os sons extraídos da sua visão pessoal de Paris, Benoît avança de seguida sobre Berlim, um novo projeto a ser apresentado no Jazz em Agosto. Destaque para os jovens talentos de Sophie Agnel, Alexandra Grimal, Théo Ceccaldi e Eric Echampard.
Agosto, é Jazz na Gulbenkian! Bons sons a ter de ouvir, ao vivo. •
+ Fundação Calouste Gulbenkian
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