Ouvidos orientados a norte para o Guimarães Jazz que comemora a sua 25.ª edição. Cumprindo vinte e cinco anos de um percurso marcado por uma reconhecida coerência e integridade artística, o Guimarães Jazz apresenta em 2016 um programa com os olhos no futuro e empenhado sobretudo no desvendar de horizontes profícuos para o jazz contemporâneo.
O traço mais distintivo do alinhamento apresentado nesta sua 25.ª edição será, porventura, “o facto de o festival não ceder à tentação da autocelebrarão, optando antes por focar a sua atenção no novo jazz contemporâneo, representado por um conjunto de projetos e músicos emergentes que, embora não enquadrados em qualquer tendência estilística, acrescentam ao jazz vitalidade, dinâmicas, energia rítmica e multidirecionalidade, cruzando com naturalidade e fluidez diversos idiomas musicais“.
O saxofonista de ascendência indiana Rudresh Mahanthappa, o trompetista norte-americano Ambrose Akinmusire (que Steve Coleman recrutou para os seus Five Elements), ambos considerados dois dos melhores músicos de 2015 pela prestigiada revista Downbeat, e o saxofonista Donny McCaslin (o líder da banda que gravou Blackstar, o último álbum editado em vida por David Bowie, acompanhado por alguns dos instrumentistas que fizeram parte dessa mesma banda) constituem, por isso, momentos fortes de um cartaz onde sobressai a grande juventude dos músicos envolvidos, algo evidente também no quarteto do baterista Matt Wilson, no qual se incluem o trompetista Kirk Knuffke e o saxofonista Jeff Lederer, e no septeto da flautista Jamie Baum, que estará responsável pelas jam sessions e workshops, atuando ao lado de uma formação composta por um conjunto notável de jovens músicos da cena jazzística norte-americana, bem como por três instrumentistas de jazz polacos.
O regresso da Liberation Music Orchestra (fundada pelo já falecido Charlie Haden, que esteve presente no festival em 2006, e agora liderada pela pianista Carla Bley) é o grande projeto “histórico” do jazz presente nesta edição do Guimarães Jazz, cujo alinhamento inclui também o San Francisco Jazz Collective, composto por alguns dos mais reputados músicos do jazz atual, nomeadamente David Sánchez, Miguel Zénon, Robin Eubanks e Matt Penman, entre outros. A terceira edição do projeto de parceria entre o festival e a Porta-Jazz terá como convidado principal o saxofonista João Mortágua, que se apresentará ao lado de outros jovens músicos europeus, e contará com a colaboração do artista plástico Hernâni Reis Baptista.
Os vinte e cinco anos do Guimarães Jazz serão assinalados com um concerto inaugural no dia 05 de novembro dirigido pelo compositor português Marco Barroso, liderando uma formação alargada que incluiu a sua Big Band LUME (que tem percorrido um trajeto ascendente de afirmação no panorama jazzístico português e europeu), a Banda da Sociedade Musical de Pevidém e o Coro BJazz da Escola de Jazz do Convívio, um projeto que tem como objetivo principal estabelecer vasos comunicantes entre o festival e a comunidade local.
Será também lançado um livro de síntese da história do festival, pensado como um exercício de homenagem aos músicos e ao público que participou na sua construção, no qual se apresenta uma perspetiva que se pretende factual e objetiva do percurso trilhado pelo Guimarães Jazz desde o momento da sua fundação até ao presente.
Eis uma suma para a sua agenda Jazz:
05/11, 22h00 – LUME + Banda Musical de Pevidém + BJazz (Convívio Jazz Choir), Grande Auditório CCVF.
10/11, 22h00 – SFJAZZ Collective: The Music of Miles Davis & Original Compositions, Grande Auditório CCVF.
11/11, 22h00 – Matt Wilson Quartet, Grande Auditório CCVF.
12/11, 17h00 – Quatro a Zero, Pequeno Auditório CCVF.
12/11, 22h00 – Rudresh Mahanthappa Bird Calls, Grande Auditório CCVF.
13/11, 17h00 – Big Band e Ensemble de Cordas da ESMAE, Grande Auditório CCVF.
13/11, 22h00 – Projeto Guimarães Jazz / Porta-Jazz, PAC Black.
16/11, 22h00 – The Jamie Baum American-Polish Septet, Grande Auditório CCVF.
17/11, 22h00 – Ambrose Akinmusire Quartet, Grande Auditório CCVF.
18/11, 22h00 – Donny McCaslin Quartet, Grande Auditório CCVF.
19/11, 17h00 – Adam Bałdych & Helge Lien Trio “Bridges”, Pequeno Auditório CCVF.
19/11, 22h00 – Charlie Haden´s Liberation Music Orchestra, com direção de Carla Bley, Grande Auditório CCVF.
A ir, em Guimarães. •
+ CCVF
© Fotografia: Carla Bley.
Partilhe com os amigos: