Faustin Linyekula – bailarino e coreógrafo congolês – agenda regresso a Lisboa para mais cinco espetáculos, uma palestra e um documentário. Falamos sim da terceira edição do Artista na Cidade 2016, bienal dedicada à apresentação de diversas propostas artísticas de um artista estrangeiro, numa iniciativa ímpar no panorama nacional e internacional, que volta a ganhar destaque agora, último trimestre de 2016.
Desde janeiro, Linyekula apresentou já nove espetáculos na zona da Grande Lisboa que passaram pelos principais teatros e centros culturais da cidade, espaços exteriores e bairros de fronteira entre a cidade e a periferia, como a Cova da Moura, a Amoreira e Chelas. Até dezembro, há ainda a oportunidade de assistir a vários eventos do Artista na Cidade 2016 na forma de: cinco espetáculos – no São Luiz Teatro Municipal, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Centro Cultural de Belém – uma conferência e um documentário no contexto do Festival Temps d’Images Lisboa.
Nos próximos dias 28 e 29 de outubro, chega ao Jardim de Inverno do São Luiz Teatro Municipal o espetáculo de dança “O Festival das Mentiras” (“Le Festival des Mensonges”) onde o artista convida o público a “ouvir histórias, pequenas histórias colhidas no quotidiano, mas também a grande história de um país, reescrita vezes sem conta ao sabor dos nomes (República Democrática do Congo, ex-Zaire, ex-Congo belga, ex-Estado Independente do Congo…) e dos reinos. Mudar de nome como se se apostasse num futuro melhor.” Ainda no Teatro São Luiz, na Sala Luís Miguel Cintra, nos dias 02 e 03 de novembro, “Sem-Título” (“Sans-titre”) de Raimund Hoghe, coreógrafo que convida Faustin Linyekula a interpretar uma dança-manifesto sobre aqueles que “não têm o direito de estar presentes: sem patente, indocumentados, sem títulos de permanência, em trânsito entre dois países, dois mundos, duas culturas…”
O Artista na Cidade 2016 ruma de seguida para a Fundação Calouste Gulbenkian onde será apresentado, nos dias 10 e 11 de novembro, no Grande Auditório, o espetáculo “More more more future”, uma metáfora para o conjunto do trabalho político e artístico desenvolvido pelo artista Faustin Linyekula: um grito sobre a miséria, a fome, o Estado falido em que se encontra o seu país e um apelo a mais (e melhor) futuro, ao som de Ndombolo, um género de música e dança que anima as noites Kinshasa, na República Democrática do Congo.
Nos dias 18 e 19 de novembro é a vez do Centro Cultural de Belém apresentar dois espetáculos numa só sessão e “Tryptique sans Titre” e “Statue of Loss”. O primeiro é um espetáculo que explora a submersão de Linyekula nas culturas e subculturas do seu país natal em ruínas, com referências ao ambiente noturno de Kinshasa com as suas várias personagens e sonoridades. “Statue of Loss” apresenta uma homenagem à memória dos soldados africanos que combateram nas duas Guerras Mundiais, dando um rosto e um nome a alguns desses veteranos, uns 30 soldados congoleses, que se alistaram para combater na Bélgica por uma nação que os escravizara.
Por fim, no festival Temps d’Images Lisboa, no dia 20 de novembro, no Palácio Príncipe Real, tem lugar a conferência “African Bodies European Looks”, com Isabelle Danto e Faustin Linyekula, e a antevisão do documentário Faustin e Lisboa de Miguel Munhá (local a definir).
Um artista a conhecer ou redescobrir em cinco espetáculos de dança a não perder, em Lisboa. •
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© Fotografia: Faustin Linyekula, DR.
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